A questão é muito mais complicada do que
parece. A definição clássica e corrente de sentido é: "A faculdade que
os homens e os animais possuem de perceber as diversas impressões neles
produzida por objetos materiais". Além disso, estima-se desde os tempos
de Aristóteles que nós possuímos cinco sentidos: a visão, a audição, o
tato, o olfato, o paladar. Cada um dos sentidos está "ligado"a um órgão
específico: vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, tocamos com a
pele, sentimos os odores com o nariz e o paladar com a língua.
Audição
Mas os
cientistas não compartilham em absoluto dessa definição. E, inclusive,
não estão de acordo entre si a respeito do número de sentidos que
possuímos. Cada um no seu nível, os sentidos são compostos por todo um
sistema de receptores, de dispositivos biológicos específicos ou células
especializadas, capazes de captar as mais diversas formas de energia e
as transmitir sob a forma de impulsos nervosos ao cérebro, que as
analisa e decide qual resposta a elas dará.
Paladar
Um dos sentidos fisiológicos mais
frequentemente esquecidos é o do sentido do equilíbrio. Ele tem sua sede
no ouvido e dispõe de um "mecanismo" próprio. Que seria de nós sem o
sentido do equilíbrio? Só de imaginar já nos dá vertigem. Trata-se,
portanto, e incontestavelmente, de um sexto sentido. Ou de um sétimo, se
admitirmos a existência desse famoso "sexto sentido", cuja sede é
possivelmente no interior do cérebro e que "sublima" as informações, não
necessariamente conscientes, recolhidas pelos outros sentidos.
Poderíamos igualmente citar o sentido do calor e do frio, o sentido que
nos permite perceber nosso próprio corpo, o sentido da percepção da dor,
aquele que nos faz sentir saciados, etc.
Tato
Mas uma coisa é certa: existem muito mais
de seis ou sete sentidos no reino animal. Assim sendo, certos animais
são capazes de perceber os campos elétricos. Essa faculdade é muito útil
a numerosos peixes, tubarões e arraias, por exemplo, que podem sentir
as modificações do campo elétrico nas suas proximidades imediatas.
Certos peixes produzem, por sinal, os seus próprios campos elétricos. Na
ordem dos mamíferos, os únicos animais que possuem este sentido são os
membros da ordem arcaica dos monotremados, dentre os quais o
ornitorrinco se distingue por possuir essa faculdade num grau muito
alto.
"Radar" interno
Um outro sentido do qual somos, a priori
(mas também isso é cada vez mais contestado pela ciência), desprovidos, é
a percepção dos campos magnéticos. Acreditamos que várias espécies de
pássaros o possuem, e é esse sentido que os guia no momento das suas
longas migrações. Também alguns insetos, como é o caso das abelhas, o
possuem.
Olfato
Os morcegos podem não apenas perceber os ultrassons, mas também
emiti-los e usá-los para se orientar na escuridão através de um sistema
denominado ecolocalização. Também os golfinhos possuem essa capacidade
de navegar, de se comunicar e de caçar graças a um "radar"interno de
ultrassons cujo alcance pode chegar a vários quilômetros. Muitos peixes
desenvolveram um sentido fora do comum. Ele lhes permite "tocar" os
outros sem contato físico e "enxergar" na escuridão. Trata-se daquilo
que chamamos de linha lateral. Ela está repartida sobre cada um dos
flancos do animal, o direito e o esquerdo, e é composta de pequenos
elementos gelatinosos de um décimo de milímetro parecidos a minúsculas
bandeiras, associados a poros que deixam passar a água. São eles (os
neuromastos) que informarão o animal a respeito das mais ínfimas
variações de pressão ou sobre as vibrações que o circundam.
O tetra mexicano (Astyanax fasciatus mexicanus), um peixinho muito
apreciado pelos aquariófilos, conseguir chegar a um alto grau do
desenvolvimento desse sistema e por isso se tornou uma importante cobaia
em experiências científicas de laboratório. Isso porque alguns
pesquisadores querem utilizar o sentido desenvolvido pelos tetras para
criar, entre outras coisas, robôs submarinos ainda mais autônomos.
Visão
Existem, com certeza, muitos outros sentidos. Dente eles o sentido do
dever, o da honra, o do bom humor, ou o sentido prático. Sem falar nos
sentidos que escapam da visão científica cartesiana, mas que constituem
elementos básicos de muitas escolas do conhecimento denominado "oculto"
ou "esotérico", tais como a telepatia, a visão dos campos de energia
sutis, a intuição, etc. E, por último, não poderíamos deixar de citar
aquele que, para nós, seria o sentido mais importante de todos: o do bom
senso.
http://www.brasil247.com/pt/saude247/saude247/258059/S%C3%B3-cinco-sentidos-N%C3%A3o-eles-s%C3%A3o-muitos-mais.htm