- Janio: o Rio está (ainda) melhor com a Olimpíada!
Por Janio de Freitas, para Conversa Afiada - Sociedade e Brasil nos Esportes Olímpicos
publicado
07/08/2016
O Conversa Afiada reproduz a coluna de Janio de Freitas, na Fel-lha:
"Só sai notícia ruim" – a observação,
não queixa, vale como uma síntese do prefeito Eduardo Paes para os
últimos meses que antecederam a Olimpíada. O Rio será sempre uma cidade
malhada pelo que em outras grandes cidades é escondido, é disfarçado,
como a violência. E, em outras mais, é visto com tolerância ou
indiferença. O Rio não é uma cidade vaidosa, não altera por mágoa a sua
hospitalidade sincera, nem retribui do mesmo jeito. Como dizem, continua
na dela. Mas às vezes essas coisas, de parte a parte, resultam em
injustiças propriamente, não raro por interesses políticos ou
comerciais.
Informo, por isso, que o trabalho
realizado para a Olimpíada é nada menos do que um feito de grandeza
incomum no país, em qualquer tempo. A exibição jornalística dos
conjuntos de estádios, pistas, moradias e de urbanização não deu ideia
sequer aproximada do que são. Nem nas suas proporções, nem na qualidade
de áreas esportivas, muitas delas sem nada a perder para as mais
elogiadas do exterior.
Dois aspectos se combinaram para outra
raridade nacional e histórica. No decorrer das obras, e até agora, não
houve escândalo de preço, de reajuste, de suborno, de "por fora"
(tratativas e custos que couberam ao Estado têm, estas sim, citação na
Lava Jato). Além disso, grande parte das obras foi concluída antes do
prazo fixado. E as demais, com exceções mínimas, no tempo hábil. Caso,
por exemplo, de todo um bairro, a Vila Olímpica, que motivou justo
escarcéu por comprovada falha de equipamento e acabamento. Estava
entregue pela prefeitura, porém, desde junho, cabendo ao Comitê
Organizador (CO) a verificação geral que faltou. O CO calou-se, Eduardo
Paes ainda paga.
Claro que há falhas, de diferentes
tipos. Não inevitáveis, mas, as surgidas até aqui, compreensíveis. Fabi,
com o currículo repleto por todas as modalidades de disputas
internacionais de vôlei, alarmou-se com o tratamento de caso único dado
ao apartamento despreparado das australianas: "Na Olimpíada de Londres,
os atletas não cabiam nas camas". A Olimpíada de Atenas precisou do
socorro de última hora dos Estados Unidos, em equipamentos, móveis e,
ora essa, muitos dólares.
As águas da Guanabara e da Lagoa
Rodrigo de Freitas correram, aqui e no exterior, para as primeiras
páginas e a TV. Tiveram a ajuda decisiva de imagens tomadas nas bordas
em que a ondulação mais concentra sujeira. Experimentada em treinos
estrangeiros, a lagoa está aprovada. As regatas de vela não serão só na
baía, onde as raias são muito mais limpas do que o divulgado, e têm
provas em mar aberto, visíveis nas águas translúcidas entre Copacabana e
Ipanema-Leblon.
A Olimpíada não é só o maior
acontecimento esportivo do mundo. É também o que exige a mais numerosa e
mais complexa infraestrutura. E o Brasil em crise está bem no que
entrega à Olimpíada.
O legado? Só o tempo dirá. Não somos um
povo esportivo. Poucas escolas têm (mau) esporte. As condições sociais e
urbanas restringem as oportunidades de esportes, mesmo como diversão.
Os clubes e os possíveis patrocinadores não são estimulantes da formação
esportiva. Do governo federal não há o que esperar. O aproveitamento
razoável das novas instalações dependerá, portanto, dos governantes
estadual e municipal, embora não seja difícil.
Mas não se trata só de Olimpíada. Houve
uma confluência pouco comum de oportunidades e propósitos. E de
administração capaz de integrá-los. Correram simultâneas as obras
esportivas e, entre muitas outras, inovações importantes para a
mobilidade da população, linhas muito úteis de metrô e BRT, a renovação
de vários bairros que tiveram vida ilustre até começos do século
passado, e a modernização urbanística e panorâmica do centro da cidade.
"Só sai notícia ruim"? Mas o Rio, visto
com certa isenção, está muito melhor. A criminalidade se oferece para
quem queira malhar com motivo, como se não fosse assunto de todo o país.
E não esquecer que foi o Lula quem trouxe pra cá ... as olimpíadas - PHA
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