“O brasileiro na ONU Osvaldo Aranha, perguntou sobre o potencial econômico ao representante estadunidense e ouviu: “Apenas deixe quem tem petróleo fora disso, Arábia Saudita, Emirados Árabes, que desses cuidamos nós. No resto, passem o rodo, que o tempo acaba arrumando isso”.
por Rui Daher* no jornalggn@gmail.com - Sociedade e Insanidade Humana Anti-Civilização
Hamas versus Israel
Ainda que
minhas vontades fossem contrariar a Deus, Ciência, Natureza ou Família, pouco
me importaria. Dificilmente, nas últimas semanas, os leitores estiveram indignados
a algum alvo ou mesmo a si próprios. Para mim, depois de a todos consultar,
decido sozinho o que fazer. Por exemplo, este texto, todos a quem perguntei,
sugeriram-me não publicar. Se o for, culpem somente a mim, e não a quem aqui me
hospeda há 20 anos.
Refiro-me
ao mais do mesmo belicismo entre o Estado de Israel e o embate com os palestinos,
esquartejados territorialmente, desde que as decisões da Organização das Nações
Unidas (ONU), de 1948, três anos após o final da II Guerra Mundial, quando
presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha (1894-1960), ministro de Getúlio
Vargas, permitiram a criação do Estado de Israel. E mais nada. Olhando
para um mapa da região, dos mais simples, por exemplo, do “Brasil Escola”, não
seria muito difícil imaginar o número de conflitos que viriam pela frente.
“Ah, mas
naquela região eles são todos da mesma origem, quase irmãos, queijo de cabra,
falafel, humus de grãos-de-bico, o quibe libanês, michuis e kebab (como
churrasquinhos de carne admirados nos portões de estádios de futebol no Brasil
– consumidos por árabes e judeus), charutinhos de arroz e carne moída enrolados
em folhas de uvas ou repolhos, guefiltefish (bolinhos de peixe). Até se casam e
transam numa boa, paixões grassam, no máximo, israelitas trocam fluídos sexuais
com lindas árabes e vice-versa”.
Diante disso, o brasileiro perguntou sobre o
potencial econômico ao representante estadunidense na ONU e ouviu: “Apenas
deixe quem tem petróleo fora disso, Arábia Saudita, Emirados Árabes, que desses
cuidamos nós. No resto, passem o rodo, que o tempo acaba arrumando isso”.
E assim o
retalho de 1948, criou mais de 30 conflitos entre o rebotalho árabe e Israel,
resultando em grande número de organizações paralelas, não governamentais,
consideradas hoje pelo Ocidente, seja onde for a região conflituosa, como
grupos terroristas, como se hoje eles, inquietos, mostrassem intenção de
explodir a sede do Clube Hebraica ou a Havan do palhaço em verde e amarelo.
Mas, por
quê, ó colunista frequentador do bar e restaurante cultural palestino Al-Janiah?
Como disse no início do texto, aos 78 anos, permito-me fazer o que me vem na
cabeça, o que inclui admirar judeus, israelitas, e o que eles deixaram (Freud,
Marx, Einstein, entre outros) de bem para a sabedoria humana, bem como tê-los
entre meus melhores amigos.
No mais,
quero saber o porquê, quase três quartos de século passados, até hoje, por
votação de seu restrito Conselho de Segurança (China, EUA, Rússia, Reino Unido,
França), com direito a voto e veto, a ONU permita e até obrigue o mundo árabe
tenha que se defender através de organizações terroristas?
Há, sim,
na organização planetária, uma série B – aquela que no futebol só joga às
sextas ou sábados. São 10 membros, com mandatos de dois anos. A eles é
permitido falar o que pensam mesmo sabendo que suas vozes não serão ouvidas.
Aceitam. Deve dar alguma sensação orgástica, isto, num universo de 193
Estados-membros.
A verdade
é que desde 1948, vários conflitos, uns mais leves outros catastróficos, todos
diante do plácido olhar da ONU e da influência descarada dos EUA pró-Israel
patrocinam as cenas repetidas de massacres, agora mais tecnologicamente
avançadas e destruídores.
Vocês,
leitores enraivecidos comigo, têm algum pet em casa? Adoram-no, não? Pois é, já
viram um deles destroçado, farejando entre a destruição, em busca de comida ou
cadáveres. Vão me perguntar o porquê? Não ousem. Responderia com ofensas
maternas e os mandaria perguntar aos balanços contábeis das indústrias bélicas.
Continuando à
vera, numa tentativa de estabilizar o conflito, mas dentro do status quo
atual, em 1994, foi criada a Autoridade Nacional Palestiniana, um órgão
provisório de auto-governo, para governar a Faixa de Gaza e partes da
Cisjordânia. Deu até em Prêmio Nobel da Paz para Yasser Arafat, (OLP –
Organização pela Libertação da Palestina), e Yitzhak Rabin e Shimon Peres, por
Israel.
Em 2005,
decisão unilateral, Israel até deixou seus assentamentos da Faixa de Gaza (dava
muito trabalho e gastos pricipalmente), ampliando a área da OLP, mas mantendo o
controle das fronteiras e do espaço aéreo. Diminuíram por algum tempo os
conflitos com Israel, mas vieram os confrontos intestinos, entre o Hamas,
vencedor das eleições legislativas no território de Gaza, que indicou um
presidente, e o Fatah, representante político da Autoridade Palestina, que não
gostou e preferiu outro presidente.
E assim,
em algum lugar que fosse possível sacrificar populações civis e inocentes, com
terror e morte, o pau foi quebrando, até que o Hamas, irritado com o som muito
alto vindo de uma rave em Israel, provocou um massacre, que todos sabiam,
voltaria em intensidade ainda maior para a Faixa de Gaza. Os resultados estão
aí.
– Ô
colunista, o momento é muito sério para você vir com suas galhofas ridículas.
Não vê as tristes imagens mostradas na TV?
– Vejo,
me comovem, mas logo ouço os comentaristas e os “professores convidados”
repetindo por dez dias a mesma merda e aí não resisto a inconsciente e maldita
gargalhada.