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7.01.2024

Somente com Democracia a Vida Será Continua e Ciclica na Face da Terra

Quanto a democracia, sem o arranjo harmonioso e equilibrado do coletivo com a individualidade, será praticamente impossível a Terra tolerar o ser humano, para que não se auto-destrua, e por consequência determine o fim do mundo planetário com sua auto-destruição

por Carla Medeiros no blog Mangue do Cachoeira – Sociedade e Como Continuar a Vida no Planeta Sem o Homem Auto-destruir-se?

Figura no Brasil de Fato

A socialização é troca de ideias, reflexão ou o que se queira nomear. A atividade social estimulada após interações e trocas, uma verdadeira amplificação e iluminação dos horizontes dos seres vivos, se assim é possível refletir e agir, através de pensamentos e atos em comum, mesmo que haja ambivalência ou confronto de teorias ou ideias. Nessa dinâmica sociológica, ciclicamente, sempre existirá o exercício da plena democracia.

A democracia não virá hoje, este ano, nem nunca, se houver a falta de compromisso entre as pessoas ou alguma pressão para causar medo e exigir de alguém alguma obrigação ou atitude individualista. Todos tem as mesmas obrigações quanto ao direito e justiça, independente de religião, raça (etnia), ou convicções políticas. Simbolicamente é possível pensar ou dizer que se ficará de pé, com os dois pés, e vagar-se-á livremente pela Terra (Pachamama). É um tanto quanto enganador ou mesmo uma mentira simplesmente ouvir as pessoas falarem: “deixe as coisas seguirem seu curso, amanhã será outro dia”.   A liberdade só existirá enquanto se continuar lutando ou buscando por ela. Assim como não é possível viver com o pão de amanhã, pois cada dia ele deverá ser conquistado.
Assim como, o conceito de liberdade é parecido com uma boa semente, que plantada em solo fértil, irá produzir muitos frutos, árvores, sombras e biomas. Entender e buscar a liberdade é como plantar a democracia, Langston Hughes*.

A questão central da democracia plena tem abrangência nas Américas e também globalizada (globo), para além dessas divagações ou práticas sociais, ancoradas (centralizadas) em uma base reflexiva ambivalente ou consentida, entendida e praticada pelas diversas sociedades humanas, dentro do contexto de suas múltiplas diversidades culturais.

O ser humano, ao agir no coletivo para a disseminação e práticas da liberdade,  possibilita pensar em situações, que possam manter a plena democracia cíclica. Como frisou o búlgaro naturalizado francês Tzveton Todorov: “o indivíduo não deve impor sua vontade a comunidade e esta não deve interferir nos assuntos de seus cidadãos”. Esta afirmação consta no livro de Tzveton Todorov “Os inimigos íntimos da democracia”, página 16.

Nesse momento surreal da pós contemporaneidade, com o planeta surpreendido e acuado por guerras irracionais, como por exemplo, a de Israel contra o massacre do povo palestino, depois de intensa e falsa divulgação na mídia de massa, de ataques ao Hamas na Palestina (Faixa de Gaza), pela imprensa tradicional e rede digital (internet). Também a guerra da Rússia contra o povo ucraniano, que implica em uma intensa disputa comercial com os EUA, camuflados pela OTAN e Europa, para que o público em geral não consiga entender as verdadeiras intenções e efeitos causados por esse conflito armamentístico insano. Além dessas insanidades e aberrações contra esses povos, em uma legitima atrocidade a essas populações civis indefesas, a humanidade perplexa, assiste uma onda de catástrofes climáticas, causadas pelo próprio ser humano. Esse período de intensas atividades climáticas, que causam destruição e mortes na Terra é chamado pela ciência de antropoceno. Este período geológico do planeta é pesquisado pelo menos desde antes de 1970 por cientistas, em vários países. As evidencias são comprovadas através das marcas nas camadas de rochas do planeta (entre outras evidencias), alterando profundamente os ciclos naturais, como explicado pelo cientista brasileiro Marcos Nobre, conceituado no meio universal da ciência globalizada. Este novo momento geológico planetário sucede o período holoceno, que vivemos desde o fim da última era glacial, há cerca de 12 mil anos.

Através dos estudos sociológicos e antropológicos, conclui-se que o ser humano saiu de uma forma coletiva e sustentável de viver coletivamente, caindo em sua própria armadilha da individualidade, há pelo menos 500 anos. Em processos industrializados, através de tecnologias altamente poluentes e destrutivas, dispersa o gás carbônico altamente poluente na natureza, originando o “efeito estufa”, que desequilibra o planeta e provoca fenômenos climáticos cada vez mais violentos, como finalmente é reconhecido e entendido pela humanidade. A vida humana depende da convivência inteligente, harmoniosa e equilibrada (sustentável), em paralelo com os ciclos naturais do planeta. Um exemplo inquestionável desse fato são as enchentes catastróficas no Rio Grande do Sul e em outros pontos da Terra.

Os povos tradicionais, como por exemplo os indígenas, pequenos pescadores e quilombolas, que em sua maneira coletiva de viver, ensinam o respeito e amor pela vida, em equilíbrio com a natureza terrena, um exemplo milenar incontestável.

Voltando a questão da plena democracia, sem o arranjo harmonioso e equilibrado do coletivo com a individualidade, para que a natureza tenha a possibilidade de regenerar-se e ciclicamente continuar mantendo as condições existenciais, para a continuidade da vida no planeta. Sem que o homem redescubra e reaprenda um modo sustentável de sua própria existência, será praticamente impossível que o Cosmos permita ao ser humano a continuidade na face da Terra.

"Podes cortar todas as flores, mas não podes impedir a primavera de aparecer", Pablo Neruda.

*Em 1949, o poeta comunista Langston Hughes, expressou esse anseio em seu pequeno poema “Democracy” [Democracia*], que se referia à negação do direito ao voto e fala agora da necessidade de uma consideração muito mais profunda do que a democracia deve significar em nossos tempos – algo que não pode ser comprado por dinheiro ou intimidado pelo poder.

Publicação Mangue do  Cachoeira: 01/junho/2024

Revisão e edição blog Mangue do Cachoeira: 03/junho/2024