Os mesmos que confiscaram o dinheiro que Lula
recebia por Palestras mundo afora, criam Fundação que recebe de “doação” R$ 2,5
bi para que Moro, Dallangol e trupe possam receber por palestras milionárias
pra falarem de corrupção. Leia a matéria a seguir e tire suas próprias
conclusões:
O
recurso, maior que o orçamento da própria Procuradoria Geral da República, terá
avaliações periódicas de “compliance de empresas”. (Luiz Nassif)
Alteração no tempo do verbo no titulo deste artigo
de “leva” para quer levar se faz nescessário, já que específicamente esta ação,
diferentemente das demais, ainda não ocorreu fáticamente, mas pode acontecer,
como alerta Nassif em seu artigo, que reproduzo na íntegra (Luiz Muller):
E, como
sempre ocorre com poderes exercidos de forma absoluta, criou-se uma larga
cadeia improdutiva da Lava Jato do Paraná, permitindo ganhos expressivos em
várias modalidades de negócios questionáveis...
por Luis Nassif no site GGN e
blog do Luiz Muller – Sociedade e Corrupção na Lava Jato do Paraná
Peça 1 – os delatores da OAS e a Lava Jato do
Paraná
A delação
da OAS foi central para a condenação de Lula. Agora, executivos da empresa
revelam que houve pagamento de R$ 6 milhões para diretores que aceitaram
combinar versões com a empresa. Quem definia as condições para a delação era a
Lava Jato, procuradores e o juiz Sérgio Moro. E as versões invariavelmente
foram no sentido de condenar Lula.
Lula se
transformou no toque de Midas da Lava Jato, a condição para indulto plenário a
qualquer abuso cometido e a qualquer suspeita levantada. A perseguição a ele teve
alguma dose de motivação política pessoal da Lava Jato. Mais que isso, foi a
oportunidade para, em um primeiro momento, garantir poder e projeção ao grupo.
Em um segundo momento, para abrir mercados promissores.
Peça 2 – o negócio Lava Jato
Graças ao
antilulismo, permitiram-se todos os abusos. E, como sempre ocorre com poderes
exercidos de forma absoluta, criou-se uma larga cadeia improdutiva da Lava
Jato, permitindo ganhos expressivos em várias modalidades de negócio.
Matéria sobre os “Novos Ricos”, ver em https://veja.abril.com.br/politica/os-novos-ricos-da-lava-jato/
Indústria da delação premiada no Paraná
No
início, os acusados recorreram a escritórios de advocacia reconhecidos
nacionalmente. Em pouco tempo receberam sinais da Lava Jato, sobre a
necessidade de relações de confiança dos advogados com os procuradores.
Da noite
para o dia, advogados desconhecidos, sediados no Paraná, se tornaram
milionários, tendo como único trunfo o bom relacionamento com os procuradores
da Lava Jato e com o juiz Sérgio Moro.
O fato
mais ostensivo foi a entrada no mercado de delações premiadas do advogado
Marlus Arns. Marlus não tinha nenhuma experiencia no setor. Mas era parceiro de
Rosângela Moro que, como diretora jurídica da APAE do Paraná, encaminhava para
ele todas as ações das APAES do estado inteiro. As APAES foram presenteadas com
verba de R$ 450 milhões, liberada pelo então Secretário de Educação do Paraná,
Flávio Arns, o homem que nomeou Rosângela para o cargo de diretora jurídica. E
um curso à distância da família Arns, preparatório para concursos para juizes e
procuradores, tinha entre seus professores delegados e procuradores do grupo da
Lava Jato.
O mercado
de delações também foi acessado por irmão de procurador da Lava Jato.
O mercado de palestras
O
discurso ideológico – e o medo – abriu para procuradores da Lava Jato e para o
juiz Sérgio Moro, o mercado milionário de palestras. No caso de Moro, agenciado
pela esposa Rosângela.
A maior
parte dos eventos foi bancado por instituições financeiras. De um alto
executivo da XP ouvi exclamações de espanto com a ganância de Deltan Dalagnol
negociando o cachê.
Quando
revelados seus ganhos, o notável procurador anunciou que o dinheiro seria para
constituir uma fundação para promover o combate à corrupção. Até hoje nao se
sabe do destino de tão benigna iniciativa.
Ao mesmo tempo vazavam informações de que o
ex-Ministro da Fazenda Antonio Palocci decidira incluir o sistema financeiro em
sua delação. Seja qual for a verdade, o fato é que sua delação foi rejeitada
pela Lava Jato e por Sérgio Moro.
O
princípio de que “à mulher de César não basta ser honesta: tem que parecer
honesta” foi deixado de lado, tal o apoio recebido pela Lava Jato do público e
dos grupos interessados em se apossar do poder.
O caso Zucolotto e a Lava Jato no Paraná
O
advogado Tacla Duran apresentou provas irrefutáveis de uma oferta do primeiro
amigo de Sérgio Moro, Carlos Zucolotto, de reduzir a multa de US$ 15 milhões,
proposta pela Lava Jato, para US$ 5 milhões, mediante o seguinte
artifício: a Lava Jato imporia a multa de US$ 15 milhões a Tacla, mas
relacionaria uma conta dele, no exterior, com saldo baixo, deixando de lado a
conta principal. Não encontrando saldo, ele seria multado em US$ 5 milhões,
salvando o restante. Da economia de US$ 10 milhões, metade, R$ 5 milhões, seria
de honorários.
A proposta foi seguida de um e-mail da Lava Jato,
no dia seguinte, com as condições prometidas por Zucolotto. Não havia apenas
indícios, mas documentos periciados mostrando o arranjo.
Eram
falsos? Eram verdadeiros? Fossem falsos, a própria Lava Jato exigiria nova
perícia. Em plena campanha política, juiz e procuradores calaram-se, e a
imprensa se calou.
Poderia
ser uma caso de abuso de amigo. Mas, mesmo depois de revelada a manobra, o
amigo continuou próximo a Moro, viajando juntos para Nova York, se associando a
Rosangela no mercado de promoção de palestras e, agora, obtendo o status de
lobista oficial, dividindo escritório com ela.
O caso Trafigura
A Lava
Jato bateu no mega mercado de venda e transporte de combustíveis. Nele,
operavam as empresas mais corruptas do planeta, Trafigura, Glencore, Vitol.
Deteve um
membro do board mundial da Trafigura, Mariano Marcondes Ferraz, responsável
pela megaoperação de suborno em Angola. A detenção foi noticiada pelos
principais jornais do planeta, tal a fama e a dimensão da Trafigura, integrante
da lista das 50 maiores empresas globais da Fortune.
Tendo à
mão figura chave para desvendar um espaço de corrupção maior do que o das
empreiteiras, a Lava Jato preferiu enquadra-lo em corrupção menor, de subornos
para a Decal, empresa pequena (perto da Trafigura) que atuava em Suape. O caso
foi levantado pelo site GGN. Só depois que blogs internacionais,
ligados a ONGs, repercutiram a notícia, é que a Lava Jato voltou os olhos para
as comercializadoras. Deu um ano de vantagem para a Trafigura apagar pistas e
preparar a defesa.
Vezo
político, de priorizar o que atingia Lula? Ou outra explicação? “À mulher de
César não basta ser honesta”.
Peça 3 – marcando território e ampliando o poder
Com esse
exercício amplo e irrestrito de poder e de blindagem, a Lava Jato passou a
disputar cada quinhão das investigações.
A 13ª
Vara de Curitiba, de Sérgio Moro, tirou do Ministério Público Estadual
paulista o caso do triplex. E, agora, tirou de seus colegas do Ministério
Público Federal de São Paulo o caso Paulo Preto, cuja corrupção foi praticada
estritamente nos limites do estado de São Paulo.
Ao mesmo
tempo, ampliou seu poder de vazamentos e fuzilamento de reputações. A Receita
Federal tem uma tradição histórica de profissionalismo e sigilo, assim como o
COAF (Conselho de Controle de Operações Financeiras), enquanto sob controle
do Ministério da Fazenda. Bastou a notícia da mudança para o Ministério
da Justiça para ocorrerem os primeiros vazamentos, coincidentemente contra
adversários da Lava Jato. A operação foi atribuído a um fiscal ligado à
Operação Calicute, da Lava Jato do Rio de Janeiro.
Peça 4 – a tacada de 2,5 bilhões de reais
E de ousadia em ousadia, de cumplicidade em
cumplicidade, de blindagem dos centros de poder, mídia, Judiciário, em
benefício do objetivo maior de anular Lula, a Lava Jato chega ao grande
momento. Um acordo firmado entre procuradores regionais de 1ª instância
(!), um juiz de primeira instância (!), permitiu a criação de uma fundação de
direito privado, controlada por um procurador nomeado pelo procurador regional
da República do Paraná, e convalidado pela 13ª Vara Federal, com recursos de R$
2,5 bilhões (!) fornecidos pela Petrobras, dentro de um acordo de indenização.
O
recurso, maior que o orçamento da própria Procuradoria Geral da República, será
utilizado para cursos e campanha em defesa da ética e da moralidade, para
avaliações periódicas de compliance de empresas.
Segundo o
Código Civil:
Artigo
62. Para criar uma fundação, far-lhe-á o seu instituidor, por escritura pública
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la”.
Ou seja,
terá plena liberdade para contratar palestrantes, consultores, empresas de
auditoria, universidades, cursos à distância, agências de publicidade etc.
Bastará que justifique cada projeto como pedagogia contra a corrupção ou
benefício social.
Do Facebook de Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador que anunciou
a aposentadoria para se dedicar ao mercado de compliance
Questionada
pelo site GGN, a Procuradora Geral da República Raquel Dodge disse
que nada teria a dizer. Não tem força para se opor à República de Curitiba.
Espera-se que o STF e a mídia se dêem conta do absurdo dessa proposta e do
caminho que abre para a corrupção institucionalizada.
Publicado: 4 de março de 2019 por Luiz Müller
https://luizmuller.com/2019/03/04/turma-da-lava-jato-quer-levar-25-bilhoes-do-dinheiro-da-petrobras-e-novos-ricos-da-operacao-ganharam-ate-capa-da-veja/