Rafaela Bez
Durante o período de Natal e Ano Novo, estive com minha família, a qual
mora no interior.
Lá percebi, ainda mais, a diferença imensa entre campo e cidade. O
campo, hoje, é tratado pela grande mídia capitalista como um local sem
qualidade de vida, sem condições dignas de moradia e sem visões de
desenvolvimento futuras. O cidadão da roça ainda sofre o preconceito dos
grandes meios de comunicação, que induzem e mostram a cidade como paraíso para
se viver, quando sabemos que não é nada disso. O as pequenas cidades e a roça têm um valor
inigualável, tanto para o próprio agricultor, quanto para quem vive na cidade
também.
Este texto mostra o contrário do
que vemos por aí.
"A inversão do êxodo rural", ou a volta para o
sítio e as pequenas cidades. Esse fenômeno ainda não é muito visível, mas
requer analise e incentivo.
Vale a pena dar uma lida e repassar aos contatos.
Uma vontade intensa de viver com simplicidade, em comunidade e em
comunhão com a natureza. Esses são alguns dos vários fatores que fizeram com
que a socióloga Gisele Carneiro, que nasceu no Rio de Janeiro, mudasse primeiro
para Curitiba e, recentemente, se transferisse para uma aldeia indígena, no
Espírito Santo, transformando o seu estilo de vida. “A cidade grande oferece
inúmeras possibilidades culturais, conforto, consumo, opções de lazer e
facilidades diversas. No entanto, é preciso pagar um preço alto para tanta
comodidade: a distância da natureza, que desumaniza o homem, o apelo
capitalista ao consumismo, as relações superficiais entre as pessoas, a
desconfiança, o medo, a correria do dia a dia, que prejudicam a reflexão, a
escuta, o sentir e a observação de perceber o que está à nossa volta”, ressalta
Gisele.
Nem todos querem ou estão preparados para uma mudança radical na questão
da mobilidade. É preciso exercitar o desapego do conforto e abdicar das
comodidades que o mundo urbano oferece. Há um encanto por cidades grandes.
Ainda são fortes o preconceito e a desvalorização das pessoas que vivem e
trabalham em áreas rurais. “Para contribuir com esta visão preconceituosa
e mítica, há todo o apelo dos meios de comunicação, a própria literatura e o
senso comum que coloca o indígena como preguiçoso ou o caipira como ‘jeca’,
atrasado, ignorante, alvo de chacota. É preciso afirmar e reafirmar o valor do
trabalho rural, problematizando o senso comum, fazer uma reflexão crítica sobre
o que é qualidade de vida, solidariedade, valor do trabalho e o cuidado e a
comunhão com a natureza”, explica a socióloga.
Em uma pesquisa nacional do Programa Luz para Todos, do Governo Federal,
que é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, 10,6 milhões de
brasileiros que foram beneficiados pelo projeto, 4,8%, ou 96 mil em todo o
país, voltaram a viver no campo por identificarem a oportunidade de ter ali uma
qualidade de vida maior do que nas grandes cidades.
Atualmente, o apelo desse tipo de
alternativa de vida segue nessa direção, na medida em que o interior do país se
transforma. Antes caracterizado pelo isolamento e pelas dificuldades de
comunicação, hoje a televisão praticamente se universalizou, assim como o
acesso ao telefone celular. Além disso, a internet também está chegando aos
rincões mais profundos do país. Ao mesmo tempo se pode, com variações é claro,
ter acesso aos bens de consumo.
Dessa maneira, a fronteira entre o
urbano e o rural, por exemplo, vai ficando cada vez mais tênue. Além disso,
novas, boas e às vezes melhores oportunidades de emprego estão surgindo em
localidades distantes dos grandes centros urbanos e que vão atraindo as
pessoas. “As cidades maiores, ao mesmo tempo em que oferecem mais facilidades e
oportunidades em termos de acesso à saúde, educação e trabalho, sofrem dos
problemas próprios das metrópoles: poluição, aumento da violência, problemas
relacionados à mobilidade, estresse e correria.” É o que explica o sociólogo do
Centro de Pesquisa e Apoio ao Trabalhador André Langer. Para ele, a maior
dificuldade da sociedade hoje, em modificar seu estilo de vida, é não
saber renunciar a algumas facilidades, como cinema, shopping centers e a
possibilidade de comprar as coisas na hora em que fazem falta.