Há uma semana, o Rio de Janeiro
realizava sua manifestação; o ato paulista contou com Mano Brown, Tulipa Ruiz e
Criolo para 100 mil pessoas
por redação*
do site Brasil de Fato – Sociedade e
Manifestação dos Movimentos Sociais por
Diretas Já
A manifestação na capital paulista ocorreu no Largo da Batata, zona
oeste; entre os músicos que se apresentaram estava o cantor Criolo / Coletivo
Diretas Já
Por “Diretas Já”, jovens, crianças e idosos fizeram
parte do público de mais de 100 mil pessoas que acompanharam a série de shows
pela democracia neste domingo (4), em São Paulo (SP). Por quase oito horas,
dezenas de artistas subiram ao palco para passar mensagens em defesa da
democracia, pelo “Fora, Temer” e por eleições diretas. A manifestação na
capital paulista ocorre uma semana após um grande ato de mesmo tipo
no Rio de Janeiro (RJ), que contou com 150 mil pessoas.
Entre eles, o rapper Emicida, que, enquanto cantava
suas músicas, mandou o recado: “A base desse sistema somos nós, vamos nos mover
para acabar com esse sistema. (…) Não só aqui onde a bala é de borracha, mas
também na beirada, onde a bala é de verdade; é importante se mover. (…) União e
consciência, sempre”.
No palco montado no Largo da Batata, zona oeste da
capital paulista, se apresentaram blocos de carnaval – como o Acadêmicos do
Baixo Augusta e o Arrastão dos Blocos – e cantores dos mais variados estilos.
Chico César, Maria Gadu, Paulo Miklos, Edgard Scandurra, Pitty, Otto e
Criolo foram alguns deles.
O momento político em que vivemos e a necessidade
de profundas transformações foi a mensagem que o ator, compositor e dramaturgo
Gera Camilo passou para a reportagem, durante o evento.
“Esse momento é um momento incrível nas nossas
vidas, porque não é só um momento de luta por direitos, mas de transformação,
de revigorar as nossas posições. É uma grande revolução. É muito importante que
a gente vote, a democracia é fundamental. É a partir desta democracia e do
direito ao voto que a gente vai fazer a reforma política, mexer com esse
sistema machista, homofóbico, misógino”, apontou.
Já a cantora Tulipa Ruiz ressaltou que a luta nas
ruas e de forma organizada pode fazer a diferença para a batalha por
eleições diretas. “É completamente fundamental nossa organização da classe
artística e nas ruas também, enquanto cidadãos a favor dos nossos direitos.
Todo mundo está aqui hoje porque ninguém quer retrocessos. Então, não aos
retrocessos, por Diretas Já”, defendeu.
O “governo golpista e ilegítimo” de Michel Temer
foi denunciado também pela cantora da banda As Baianas e a Cozinha Mineira,
Raquel Virgínia: “Esse ato é para a gente recuperar o nosso status democrático
e não deixar que os golpistas mantenham seu projeto dentro do nosso país, da
nossa República”.
O sambista Péricles, que também se apresentou na
manifestação, destacou a participação política da população. “Eu acredito na
mudança, eu acredito que a gente tem que se ligar neste tipo de coisa. Acabou
esse tempo da gente ficar alheio à política, ao que acontece; e a gente tem que
tomar uma diretriz da existência da nossa própria vida”, avaliou.
O encerramento dos shows ficou por conta de Mano
Brown, que à reportagem refletiu sobre o papel da música no debate político: “O
artista tem acesso ao povo, em momentos diferentes do que o político. Muitas
vezes o artista comunica muito mais do que o próprio político, através das suas
músicas. A classe artística há muito tempo está envolvida com as questões
políticas”.
Movimentos sociais
e partidos políticos
O ato político cultural também contou com a
presença de representantes de movimentos populares e partidos políticos, como
os deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP), Ivan Valente (PSOL-SP) e Luiza
Erundina (PSOL-SP).
Na opinião do coordenador nacional do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, "para barrar as
reformas é só com [eleições] diretas. Além de necessária e legítima, as
diretas já são possíveis. Não acreditamos neste Congresso, mas acreditamos no
nosso poder, na nossa capacidade de mobilização”.
Por sua vez, para a presidenta da União Nacional
dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, "a luta pelas Diretas tem que ser de
todos, dos movimentos sociais, dos artistas, dos partidos. A luta é grande, mas
vamos derrotar o Temer e conquistar as eleições diretas”.
Manifestação
em outras cidades
O ato político e cultural por Diretas Já deste
domingo em São Paulo ocorre uma semana após uma manifestação de mesmo
caráter no Rio de Janeiro, há uma semana. Novos protestos estão marcados
para Recife (PE) e Porto Alegre (RS), no próximo dia 11, além de outras
capitais nas próximas semanas.
*A reportagem participou de uma
articulação de mídias alternativas e populares pelas Diretas Já, que enviou as
entrevistas, áudios e fotos desta matéria.
Edição: Vivian
Fernandes
https://www.brasildefato.com.br/2017/06/04/segundo-grande-ato-de-artistas-por-diretas-ja-reune-100-mil-em-sao-paulo/