"Se um dia os psicopatas materialistas (Caim, Adão, Nabuco do Nhossor, Napoleão, Hitler, Trump, etc., etc.) matarem todos as pessoas nativas, eles também são enterrados em uma cova bem pior...)
0 Líder
indígena denuncia atividade ilegal
na Terra Yanomami e diz temer uma volta ao passado, quando pelo menos 20%
da população foi dizimada por causa da atividade ilegal.
Em 04/12/2019, o líder Yanomami Davi Kopenawa e a
organização que co-fundou e preside, a Hutukara Associação Yanomami,
receberam em Estocolmo o Prêmio Right Livelihood, ou o “Nobel
alternativo”, pela longa e combativa trajetória em defesa do meio ambiente
e dos povos indígenas. Em seu discurso, Davi pediu ajuda à comunidade
internacional para banir o garimpo de ouro na Terra
Yanomami — ação que o presidente, Jair Bolsonaro,
pretende legalizar. "O governo brasileiro está ameaçando nosso
território", denunciou no início de sua fala.
por Instituto Socioambiental - ISA e Revista ihu on-line - Sociedade e Vida na Mãe Pacha Mamma
Davi Kopenawa no Fórum de
Lideranças Yanomami e Ye'kwana, que condenou o garimpo em suas terras
O
reconhecimento vem em um ano de grandes retrocessos no Brasil, sobretudo nas
agendas ambiental e indígena. Davi lembrou no discurso os desafios que os povos
indígenas vêm enfrentando, em especial os Yanomami e Ye’kwana, com o
governo. "Estamos morrendo, caindo doentes por causa da malária,
tuberculose, câncer, gripe, sarampo e doenças sexualmente transmissíveis. Nós,
o povo Yanomami e Ye’kwana, pedimos sua ajuda para
pressionar o governo do Brasil a abolir o garimpo de ouro em nossa terra,
urgentemente", alertou.
Também
foram premiadas pela Right Livelihood a defensora de direitos humanos Aminatou
Haidarem, do Saara Ocidental, a advogada chinesa Guo Jianmei,
que se dedica aos direitos das mulheres e a jovem ativista ambiental sueca Greta Thunberg, que não
pode comparecer devido à COP-25, a conferência das
Nações Unidas sobre o clima. Davi, que é o sétimo brasileiro a receber
tal prêmio, fez um aceno especial à juventude.
"Atualmente,
os jovens reconhecem os erros que seus pais fizeram. Os erros cometidos por
seus governos. Eles foram capazes de ver todo o desmatamento, destruição e
poluição. Os jovens estão unidos para poder defender a natureza, a Mãe Terra.
Queremos viver em uma floresta saudável, em harmonia com a natureza. Os jovens
estão construindo novos caminhos, bons caminhos para que possamos viver bem e
estar em paz com a floresta, os animais, as chuvas, para que possamos ter água
limpa para beber e tomar banho, sem poluição", pontuou Davi.
Conforme
exaltou a organização do Right Livelihood na apresentação dos
ganhadores, os passos de Davi vêm de longe.
Nascido por volta de 1956 em uma comunidade no Alto Rio Toototopi, na
fronteira com a Venezuela, ele testemunhou o genocídio de sua família e de
parte do povo durante epidemias levadas por brancos de 1959 a 1967, época dos
primeiros contatos.
Adulto, Davi
trabalhou como intérprete da Fundação Nacional do Índio (FUNAI),
experiência que o permitiu viajar por muitas comunidades e ter contato com
autoridades brasileiras e estrangeiras. Em 1983, ele encampou o início da luta
pelo reconhecimento do Território Yanomami, num
momento em que garimpeiros ilegais começaram a invadir a região, na chamada
“corrida pelo ouro”. Mais uma vez, a violência e doenças como sarampo e gripe
fizeram milhares de vítimas: cerca de 20% da população Yanomami foi dizimada
entre 1986 e 1993.
Outro
problema que assola os Yanomami é a contaminação por mercúrio, utilizado
para separar o ouro de outros materiais. Há um ano, o ISA publicou especial
multimídia com levantamento da Rede Amazônica de Informação Socioambiental
Georeferenciada (RAISG) sobre o avanço da mineração na Amazônia e
seus efeitos na saúde da população local. Foram registrados níveis muito
elevados de contaminação por mercúrio nas comunidades Yanomami. Clique aqui.
“Eu sou
um sobrevivente do Povo Yanomami. Eu escolhi esse caminho, do direito à nossa
língua, à nossa terra, à nossa cultura, e é por isso que eu luto”, lembrou Davi
um dia antes da cerimônia de premiação. Em boa parte graças a esse trabalho, o Território Yanomami foi
oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro em 1992, pouco antes da
primeira Cúpula da Terra das Nações Unidas. Um dos lugares mais
biodiversos e preservados do planeta, a TI Yanomami possui mais de nove
milhões de hectares, onde vivem cerca de 27 mil indígenas. E que agora se vêem
de frente com novas e velhas ameaças.
Em anos
anteriores, operações da Polícia Federal e a presença constante
do Exército e da Funai no Território Yanomami conseguiram
controlar e reduzir a presença de invasores. Em 2018, mais de 1,5 mil
garimpeiros fugiram do Rio Uraricoera por causa do Exército. No entanto,
conforme alertaram os Yanomami em março, em
maio, e mais recentemente no Fórum de Lideranças Indígenas Yanomami e
Yek’wana, a situação piorou muito.
"Nós
já fizemos muitas denúncias e estamos revoltados porque ainda existe garimpo
dentro das nossas comunidades. Queremos ação. Nossos avós e tios morreram por
causa dos garimpeiros. Nós não queremos repetir essa história de
massacre", diz a carta.
Em Estocolmo,
assim como nas paradas anteriores, em Genebra e Oslo, Davi
aproveitou as numerosas oportunidades de entrevistas e discursos para
reverberar as principais mensagens dos povos Yanomami e Yek’wana.
Em sua fala, o legado de resistência e a disposição para seguir lutando pelo
futuro comum: “precisamos salvar o pulmão da floresta, a alma do planeta.
Precisamos andar juntos na defesa da floresta, na defesa da Amazônia. O povo da
cidade não está preocupado, só se preocupa com dinheiro. Quando o índio fala,
eles não entendem. Nós tentamos explicar, mas eles escutam muito pouco”.
Portanto,
escutemos Davi:
http://www.ihu.unisinos.br/594904-davi-kopenawa-ganha-nobel-alternativo-e-faz-alerta-ao-mundo-garimpo-esta-matando-os-yanomami