A Oxfam Internacional* apontou que, entre os países
emergentes, o Brasil pode se tornar um epicentro da fome no mundo por causa da
concentração de renda. A entidade destacou que, segundo o Programa Alimentar
Mundial das Nações Unidas, o número de pessoas expostas à fome no mundo pode
terminar 2020 com um aumento de 82% em comparação ao ano passado
(Foto: REUTERS/Bruno Kelly)
A Oxfam
Internacional apontou que, entre os países emergentes, o Brasil pode se tornar
um epicentro da fome no mundo por causa do coronavírus; Índia e África do Sul
completam a lista. Foi o que mostrou o informe Vírus da Fome: Como o
coronavírus está potencializando a fome em um mundo faminto. O Banco
Mundial já havia estimado que, só no Brasil, mais 5,4 milhões passarão a viver
em extrema pobreza até o fim desse ano. Ao todo, 7% da população brasileira
terminarão 2020 nessas condições, o que coloca o Brasil de volta ao Mapa da
Fome da ONU depois de seis anos fora dele.
Um dos
fatores que mais estimulam a concentração de renda é a elevada aglomeração do
sistema bancário brasileiro. Cinco famílias são responsáveis pelo controle dos
quatro maiores bancos privados do Brasil, são eles: família Setúbal, Vilella e
Moreira Salles no Itaú Unibanco; Aguiar, no Bradesco; e Botin, controlando o
Santander e Safra. Juntos, controlam 75% dos créditos no país e lucraram em
seis meses R$ 21,5 bilhões (ainda sem o anúncio oficial do resultado do Itaú).
A concentração financeira dos bancos dessas famílias será superior ao teto
anual previsto a ser pago as 39 milhões de famílias, pelo programa Bolsa
Família: R$ 30 bilhões.
No
relatório, a Oxfam destacou que, segundo o Programa Alimentar Mundial das
Nações Unidas, o número de pessoas expostas à fome no mundo pode terminar 2020
com um aumento de 82% em comparação ao ano passado. Seriam 270 milhões de
pessoas sem garantia de acesso à comida.
O
documento mostrou os 10 países e regiões com a maior incidência de fome extrema
nos quais a crise alimentar é mais grave e está se acirrando em decorrência da
pandemia: Iêmen, República Democrática do Congo (RDC), Afeganistão, Venezuela,
região do Sahel da África Ocidental, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Síria e
Haiti. Juntos, esses países e regiões abrigam 65% das pessoas em situação de
crise de fome em todo o mundo.
De acordo
com a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Drager Maia, "a covid-19 é
a última gota para milhões de pessoas que já lutam dia após dia com os impactos
causados por conflitos armados, mudança climática, desigualdades e um sistema
viciado de produção de alimentos, que permitiu que os oito maiores fabricantes
de alimentos e bebidas pagassem mais de US$ 18 bilhões a acionistas desde
janeiro, conforme a pandemia se espalhava pelo mundo".
*Oxfam Internacional
é uma confederação de 20 organizações de caridade
independentes com foco no alívio da pobreza global, fundada em 1942 e liderada
pela Oxfam International. É um grande grupo sem fins lucrativos, com uma
extensa coleção de operações, com sede na Inglaterra.
Publicado no Brasil 24/7: 9 de julho de 2020
Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/coronavirus-deixa-o-brasil-como-epicentro-da-fome-extrema-no-mundo