Greve Geral aconteceu e afetara novas disputas no Congresso Nacional
por Tereza Cruvinel para 247 - Sociedade e Disputa Social População X Elite
A força
que o governo Temer demonstrou ontem ao aprovar a reforma trabalhista no
plenário da Câmara foi a revelação de sua fraqueza: se estivesse em pauta a
reforma previdenciária, que é uma PEC (proposta de emenda constitucional), o
governo não teria tido os 308 votos necessários para aprová-la. Para a
trabalhista, que é um projeto de lei, foram 296 votos favoráveis. Mais que a
maioria absoluta de 257, mas 12 votos abaixo dos 3/5 que serão necessários para
aprovar a PEC 287, a da Previdência. Diante da operação de guerra montada para
a votação de ontem, o placar mostrou que Temer não tem votos garantidos para
aprovar a reforma previdenciária. Se queria impressionar bem as tais forças do
mercado com uma exibição de força, não funcionou.
E como
daqui para a frente a reação popular às reformas deve aumentar, a começar pela
greve geral de amanhã, será mais difícil tanger os votos da base. Deputados que
só pensam na reeleição vão sentir-se ainda mais pressionados a votar contra. Ou
pelo menos a mitigar ainda mais a proposta, tirando-lhe a relevância. Segundo
pesquisa Vox Populi, 93% dos brasileiros rejeitam esta reforma que, para
muitos, transforma a aposentadoria numa miragem.
Somando-se
aos 296 votos obtidos pelo governo na votação de ontem aos 177 que votaram
contra, temos 473 votos. Isso significa que, dos 513 deputados, 40 não votaram
ontem. Neste universo, o governo, com todo seu arsenal de vantagens, poderá
perfeitamente capturar os 12 votos que faltaram para o quórum qualificado de
que precisará na reforma previdenciária. Mas se estes 40 preferiram não
comparecer ontem, apesar de todos os apelos de Temer, é sinal de que estão
evitando se comprometer.
Tudo
isso, ainda vamos conferir. Ontem o governo ganhou, aprovando a reforma social
mais regressiva de todos os tempos. Mas ainda há jogo político pela frente na
batalha das reformas. Eduardo Cunha aprovou um projeto de terceirização que o
Senado depois engavetou. Lá agora tem Renan Calheiros jogando contra as duas
reformas. Com o resultado de ontem, e depois da greve de sexta-feira, o governo
vai aumentar a pressão sobre a base aliada. Afinal, se não entregar estas
reformas o que será de Temer, que tem como único trunfo a maioria parlamentar?
http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/292464/Reforma-trabalhista-a-vitória-que-mostrou-a-fraqueza-de-Temer.htm