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10.24.2025

Brasil: A Mentira Sobre o Comunismo

por Mauro Santayana, jornalista do Jornal JB

 
A ascensão irracional do anticomunismo mais obtuso e retrógrado, em todo o mundo — no Brasil, particularmente, está ficando moda ser de extrema direita — baseia-se em manipulação, com que se tenta, por todos os meios, inverter e distorcer a história, a ponto de se estar criando uma absurda realidade paralela.
Estabelecem-se, financiados com dinheiro da direita fundamentalista, surgem por todo mundo, como nos piores tempos da guerra fria, redes de organizações anticomunistas, com a desculpa de se defender a democracia; atribuem-se, alucinadamente, de forma absolutamente fantasiosa, 100 milhões de mortos ao comunismo na Rússia (ou União Soviética) socialista.

 
Busca-se associar, o marxismo ao nacional-socialismo, quando, se não fossem a Batalha de Stalingrado na Segunda Guerra Mundial, em que os alemães e seus aliados perderam 850 mil homens, e a Batalha de Berlim, vencidas pelas tropas do Exército Vermelho — que cercaram e ocuparam a capital alemã e obrigaram Hitler a se matar — a Alemanha nazista teria tido tempo de desenvolver sua própria bomba atômica e não teria sido derrotada.

 
Quando houve o Golpe Militar no Brasil, o povo preparava-se para reeleger novamente Juscelino Kubtchek, presidente da República em 1965 Quem compara o socialismo ao nazismo, se esquece de que, sem a heróica resistência da Rússia, o complexo industrial-militar, e o sacrifício dos povos da União Soviética (Rússia) — que perdeu na Segunda Guerra Mundial 30 milhões de habitantes — boa parte dos anticomunistas de hoje, incluídos católicos não arianos e sionistas, teriam sido mortos nas câmaras de gás e nos fornos crematórios de Auschwitz, Birkenau e outros campos de extermínio.Espalha-se, na internet — vários autores que não conhecem a história, uns por ingenuidade, outros por falta de caráter mesmo, ajudam a divulgar isso — que o Golpe Militar de 1964 — apoiado e financiado pelos Estados Unidos — foi uma contrarrevolução preventiva. O país era governado por um rico proprietário rural, João Goulart, que nunca foi comunista. Vivia-se em plena democracia, com imprensa livre e todas as garantias do Estado de Direito, e o povo preparava-se para reeleger Juscelino Kubitscheck presidente da República em 1965.

 
1964 foi uma aliança de oportunistas, desde empresários, imprensa, clero políticos,etc. Civis que há anos almejavam chegar à Presidência da República e não tinham votos para isso, segmentos conservadores que estavam alijados dos negócios do governo e oficiais — não todos — golpistas que odiavam a democracia e não admitiam viver em um país livre.


Em um mundo em que há nações, como o Brasil, em que padres fascistas pregam abertamente, na internet e fora dela, o culto ao ódio, e a mentira da excomunhão automática de comunistas, as declarações do papa Francisco, lembrando que os marxistas são pessoas normais, como quaisquer outras — e não são os monstros apresentados pela extrema-direita, sob a farsa do “marxismo cultural” — representam um apelo à razão e um alento.


Depois de anos dominada pelo conservadorismo, podemos dizer, pelo menos até agora, que Habemus Papam, com a clareza da fumaça branca saindo, na Praça de São Pedro, em dia de conclave, das  chaminés do Vaticano.


http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/12/17/habemus-papam-2/

 

Brasil: Pobres São Proibidos de Entrar nos Estádios de Futebol

A sensação de fazer o ritual dominical, de acordar cedo, prosear sobre a rodada do campeonato no boteco já com a camisa da sorte, abrir um refrigerante ou cerveja, brincar com a(o) amiga(o) sobre o jogo passado, comer um frango assado, pegar um ônibus ou trem lotado rumo ao estádio, encontrar o amigo ou amiga da arquibancada duas estações ou pontos depois, chegar e comprar uma bandeira do ambulante e entrar para empurrar e jogar junto com as(os) 11 jogadoras(es) do clube de coração, é a felicidade da(o) torcedora(or)...

 

por Walmyr Jr* no jornal JB – Sociedade e Invisibilidade dos Pobres no Esporte Brasileiro

 

Foto futebol na várzea em Santos SP, na internet

 

Um samba que embalou carnavais de diversos foliões por todo o Brasil, “Domingo, eu vou ao Maracanã.” de Neguinho da Beija-Flor, que tem sua letra original uma alusão ao time flamengo, virou um canto dos demais cariocas, botafoguenses, tricolores e vascaínos, assim como torcedores ou torcedoras de outros estados, vão ao delírio ao cantar essa melodia sagrada.  O grito entoado com muito orgulho pelos torcedoras(es) em estádios de todo o Brasil, se adaptando a cada realidade cultural e local, a alegria expressa se assemelha a um fenômeno religioso ou um mantra nepalense.


A música traz uma reverencia a(o) torcedora(or) brasileira(o), ao povo brasileiro, e cultura do futebol em nosso país. Essa cultura ligada diretamente a(o) trabalhadora(or) e as classes mais populares, que se matam de trabalhar durante a semana e aos domingos, vão ver o seu clube do coração no estádio de futebol. Essa classe social é onde estão Marias, Julianas, Pedros, Joãos, Claudias, Josés, Franciscos entre ouras(os), tem no futebol uma das poucas oportunidade de lazer e diversão.


A sensação de fazer o ritual dominical, de acordar cedo, prosear sobre a rodada do campeonato no boteco já com a camisa da sorte, abrir um refrigerante ou cerveja, brincar com a(o) amiga(o) sobre o jogo passado, comer um frango assado, pegar um ônibus ou trem lotado rumo ao estádio, encontrar o amigo ou amiga da arquibancada duas estações ou pontos depois, chegar e comprar uma bandeira do ambulante e entrar para empurrar e jogar junto com as(os) 11 jogadoras(es) do clube de coração, é a felicidade da(o) torcedora(or).


Durante muito tempo, essa era uma rotina de muitas(os) trabalhadoras(es) e operárias(os) das comunidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e de outros estados do Brasil. Porém nos últimos anos, o fantasma da "elitização dos estádios e varzeas" vem acabando com essa cultura. Grandes investidores estão começando a tomar conta. Vem sendo construído nos estádios brasileiros uma verdadeira política de em-branquecimento e higienização, centralizado na cultura européia como padrão de espetáculo. As inúmeras proibições como à venda de bebidas, o uso de instrumentos musicais, fim das gerais (ou coloninha) ( e a implantação do mito das cadeiras numeradas, são alguns dos exemplos daquilo que vem sendo chamado de “novas arenas nos mais recondutos recantos ex-tupy’s guarany’sn.


Para Wescrey Pereira, Diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ), “o grande aumento do preço do ingresso tem criado um futebol cada vez mais sem povo. O alto custo para assistir um jogo de futebol, assim como a exploração extrema dos salários está selecionando o consumidor,  e o futebol está sendo padronizado por abaixo”. Fica a seguinte indagação: “O que será dos estádios de futebol sem a irreverência do povo humilde brasileiro e com uma diversidade impressionante ?  A população humilde terá que achar outro lazer no domingo? Estão tirando das mãos da população seu patrimônio histórico”.
Hoje o futebol em que o povo humilde participava está agonizando, é preciso repensar o que nós brasileiras(os) somos e a importância do futebol assistido de pé sem a cadeira numerada. Pelo caminho que se tem traçado, precisaremos fazer um re-leitura do samba do Neguinho da Beija-Flor e cantar “Domingo, NÃO vou ao Maracanã.”


* Walmyr Júnior é graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.

 
Fonte: http://www.jb.com.br/juventude-de-fe/noticias/2013/12/30/domingo-nao-vou-ao-maracana/