por redação da
revista Carta Capital – Sociedade e Manifestaçao dos Movimentos Sociais em
Brasilia
PM revidou com
violência tentativa de manifestantes de se aproximarem do Congresso. Governo
convoca tropas federais.
Pedro Ladeira /
Folhapress
Manifestante
se protege de bombas na Esplanada dos Ministérios em Brasília
A Polícia Militar
do Distrito Federal reprimiu de forma violenta a marcha que reuniu centrais sindicais e
movimentos sociais nesta quarta-feira 25 em Brasília. Os manifestantes pedem a saída do
presidente Michel Temer e eleições diretas, além de serem contra
as reformas trabalhista e da Previdência que tramitam atualmente no Congresso
Nacional.
A PM ou o Corpo de
Bombeiros ainda não confirmam números, mas há dezenas de feridos entre os
manifestantes, principalmente atingidos por balas de borracha, e seis policiais
feridos. De acordo com o portal UOL, há pelo menos um ferido grave,
que perdeu parte da mão. Pelo menos quatro pessoas foram detidas pela
polícia.
O ministro da
Defesa, Raul Jungmann, informou que o presidente Michel Temer decretou a
"ação de garantia da lei e da ordem" na Esplanada dos Ministérios e,
com isso, tropas federais passarão a reforçar a segurança na região.
Jungmann
fez um pronunciamento por volta das 16h30. "O senhor presidente
decretou, por solicitação do senhor presidente da Câmara, a ação de garantia da
lei e da ordem e, nesse instante, tropas federais se encontram nos palácios do
Planalto e do Itamaraty e logo mais estarão chegando tropas para assegurar que
os prédios dos ministérios sejam mantidos incólumes", anunciou o ministro
da Defesa.
Segundo o
ministro, a manifestação era pacífica, mas "degringolou na violência, no
vandalismo, no desrespeito, na agressão ao patrimônio público e na ameaça às
pessoas".
Incêndio em
Ministério
Imagens mostradas
pelo canal a cabo GloboNews mostraram um incêndio dentro do
prédio do Ministério da Agricultura. O fogo só foi extinto por volta das 16h.
Segundo a emissora, todos os ministérios da Esplanada dos Ministérios foram
evacuados e há danos também nos ministérios do Turismo, Fazenda, Planejamento
e Minas e Energia. Há notícias ainda de uma invasão no Ministério da
Cultura, onde manifestantes teriam roubado documentos e computadores e os
jogado na rua, e de focos de incêndio no Ministério da Planejamento, já
controlado.
De acordo com a
organização do ato, cerca de 800 ônibus com manifestantes de todo o Brasil
chegaram a Brasília até a manhã de hoje e o ato se concentrou no Estádio Mané
Garrincha. Por volta das 11h30 a passeata teve início com o objetivo de chegar
ao Congresso e à Praça dos Três Poderes.
Um forte esquema
de segurança, porém, impedia o avanço dos manifestantes, que forçaram a
passagem já nas proximidades do Congresso, por volta das 13h30. Em
retaliação, a polícia usou bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para
conter a multidão. Há forte divergência entre os números, uma vez que a
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal fala em 35 mil pessoas e os
organizadores do evento falam em 150 mil.
Focos de incêndio ao longo da Esplanada dos
Ministérios (Agência Brasil)
Durante a marcha,
líderes sindicais anunciaram no carro de som que nenhum mascarado ia entrar no
movimento. "Estamos de olho", anunciaram e pediam que quem estiver
com o rosto coberto que tirasse a máscara. No entanto, imagens veiculadas pelos
meios de comunicação e nas redes sociais mostram vários manifestantes com os
rostos cobertos e armadas com pedaços de madeira.
Prédios da
Esplanada dos Ministérios foram danificados durante o ato. Um manifestante com
o rosto coberto pichou "Diretas Já" na fachada do prédio de Minas e
Energia. No Ministério da Fazenda, vidros foram quebrados e os servidores,
dispensados. Banheiros químicos e grades dispostas ao longo da via também foram
derrubados.
Mesmo após
dispersar boa parte do ato, por volta das 15h a Polícia continua jogando
bomba contra os manifestantes nas vias S1 e N1, nos arredores da Esplanada dos
Ministérios. Mesmo assim, novos grupos continuavam a chegar no gramado central
da Esplanada.
Congresso Nacional
Parlamentares de
partidos da oposição se juntaram à marcha por volta de 13h e subiram em um dos
carros de som que cruzava a Esplanada dos Ministérios, mas disseram que só iam
discursar quando estiverem na frente do Congresso. No momento de confronto,
alguns deles - como os deputados Chico Alencar (Psol-RJ) e
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e os senador Paulo Paim (PT-RS) - sofreram os
efeitos da forte repressão policial ao serem atingidos pelo gás lacrimogênio.
Dentro do Senado,
a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) anunciou em Plenário que vai
formalizar pedido para que a Presidência do Senado solicite da Polícia Militar
do Distrito Federal mais respeito no tratamento com os manifestantes. A
senadora contou que estava em um carro de som no início desta tarde e
presenciou o início dos confrontos entre pessoas presentes à manifestação e os
policiais.
"Podíamos ver uns 50, 60 homens mascarados com
paus na mãos. Eu falei do caminhão, pedi para que não usassem máscara porque
ali só tinha pais e mães de família, só tinha trabalhadores",
relatou a senadora. Vanessa acredita que essas pessoas foram infiltradas na
manifestação para causar confusão e a polícia respondeu imediatamente de forma
violenta.
Na Câmara, a sessão deliberativa do plenário foi
suspensa e encerrada apósprotesto dos partidos de oposição ao governo que
criticavam a ação da policial durante manifestação que ocorre na Esplanada dos
Ministérios. Alguns líderes partidários ocuparam a mesa do plenário da Câmara
gritando “Diretas Já, o povo quer votar”.
O líder da minoria, deputado José Guimarães
(PT-CE), disse que a polícia agrediu inclusive parlamentares que participavam
do protesto e pediu o fim da sessão do plenário. “A força bruta não pode
substituir a democracia (….) Por isso, eu peço o encerramento da sessão”,
declarou.
Na tribuna, o líder do DEM, Efraim Filho (PB),
rebateu as críticas e disse que a polícia também foi agredida. Ele pediu que os
parlamentares voltassem a trabalhar. Ao ocupar a mesa do plenário, os
oposicionistas estenderam uma faixa com a frase “Fora Temer”. O deputado Mauro
Pereira (PMDB-RS) arrancou a faixa das mãos dos deputados, o que provocou certo
tumulto. Durante a confusão ouviu-se também no plenário gritos de "Lula na
cadeia", em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O
presidente da sessão, deputado André Fufuca (PP-MA), tentou manter o andamento
dos trabalhos, mas decidiu suspender e depois encerrar os trabalhos.
Com informações da
Agência Brasil
https://www.cartacapital.com.br/politica/policia-reprime-ato-contra-temer-e-reformas-ministerio-e-incendiado