Fora Temer, eleições diretas para a Presidência e
fim das reformas impopulares foram pautas centrais dos manifestantes
por redação do site Brasil de Fato – Sociedade e Movimentos Sociais no Brasil
Manifestação em São Paulo, na região da Avenida Paulista, reuniu cerca
de 20 mil pessoas / Rica Retamal/BdF
Em resposta à crise política envolvendo o governo
golpista de Michel Temer (PMDB), milhares de manifestantes ocuparam as ruas de
diversas cidades brasileiras, neste domingo (21), exigindo a renúncia do
presidente seguida de eleições diretas para a Presidência da República.
Segundo os movimentos populares e centrais
sindicais que convocaram as manifestações, os atos deste domingo fazem parte de
uma mobilização nacional que prepara os protestos do chamado "Ocupa
Brasília", organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, para a
próxima quarta-feira (24).
Junto a essa série de protestos populares, somam-se
também as manifestações espontâneas que aconteceram pelo país na última
quarta-feira (17), horas após o vazamento das declarações dos empresários da
JBS de que Temer teria dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado
Eduardo Cunha (PMDB) para evitar uma possível delação premiada, além de outras
denúncias.
Neste contexto, as pautas centrais das mobilizações
de trabalhadores e trabalhadoras que crescem pelo país são por eleições diretas
para a Presidência da República, a retirada de Michel Temer do cargo de
presidente e o fim da tramitação das reformas trabalhista e da Previdência.
João Paulo Rodrigues, da direção nacional do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), caracteriza o momento como
"histórico para a classe trabalhadora na luta contra o governo
Temer". "Temos que colocar um basta nesse governo golpista e
apresentar a proposta de 'Diretas Já'. Diante disso, é extremamente importante
que nós transformemos o dia 24 em um dia de luta em Brasília", declara.
Para isso, ele destaca a importância da discussão de um novo projeto para o
Brasil, com uma saída política e econômica.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL), presente no
ato que aconteceu no domingo em São Paulo, analisa que, diante do atual
cenário, há um objetivo que unifica o povo brasileiro e a luta contra as
reformas: as eleições diretas para a Presidência da República. Ele pontua a
importância das mobilizações marcadas para a próxima quarta-feira (24):
"No dia 24, nós temos que dar uma demonstração cabal de que esse governo
acabou e de que o povo quer outra alternativa democrática e popular. Por isso,
nós vamos encher Brasília, vamos fechar o Congresso e gritar bem alto: 'Fora
Temer, Diretas Já'".
Edson Carneiro, o Índio, secretário nacional da
Intersindical, reforça que a única saída possível para a atual crise deve ser
através da decisão nas urnas e nas ruas. "O povo não pode deixar que os
grandes meios de comunicação e os poderes da República busquem uma saída. Aqui,
quem tem que ter a saída são os setores populares, a juventude e todos os
setores democráticos do nosso país", disse durante a mobilização na
capital paulista.
A militante do Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB), Iara Freitas, aponta que, além das reformas previdenciária e
trabalhista, há outras propostas que afetam diretamente os diferentes setores
da população. "Desde o golpe, há vários projetos que estão
tramitando para flexibilizar as leis de licenciamento, ou seja, um processo
mais ágil para construção de grandes projetos, seja de hidrelétricas, de
mineração e assim por diante. Isso afeta diretamente os atingidos por
barragens", disse.
Freitas também pontuou que eleições indiretas não
promoveriam as vontades do povo brasileiro e não mudariam os rumos do país.
"Com as eleições indiretas, esse pacote de flexibilização de direitos,
sejam trabalhistas ou das populações tradicionais, se mantêm".
São Paulo
Cerca de 20 mil pessoas se reuniram na região da
Avenida Paulista, segundo os organizadores, com faixas e cartazes pedindo
"Diretas Já", "Fora Temer" e o fim da tramitação das
reformas da Previdência e trabalhista. Nem mesmo a forte chuva que marcou
presença na cidade, desde a manhã deste domingo (21), desanimou os
manifestantes.
"A chuva atrapalha, mas pelo país, pela
democracia a gente enfrenta qualquer tempo ruim, qualquer condição
adversa", afirma Paulo Monteclaro, 37 anos, profissional de educação
física, que veio de Cotia, região metropolitana. Ele conta que a motivação para
se deslocar e se somar à manifestação na capital paulista foi a
"gravíssima situação" do país. "Um governo carcomido de
corrupção, sem qualquer condição de governar e que insiste em continuar na
Presidência do país é um insulto, uma declaração de guerra contra o povo. Eu,
como cidadão brasileiro, não podia deixar de comparecer hoje", completa.
O senador Humberto Costa (PT-PE) também esteve no
ato e defendeu a luta pela aprovação de emendas que instituam eleições
diretas, além de destacar que o governo Temer "não reúne mais a mínima
condição política para permanecer nessa posição".
"Precisamos nos organizar, nos mobilizar para
aprovar emendas constitucionais, até para que nós possamos deixar claro qual é
o nosso projeto: um governo que venha não somente por eleição direta, mas que
venha para barrar e revogar as chamadas reformas impopulares", disse o
parlamentar.
Estudantes do cursinho popular do Capão Redondo
estiveram presentes entre os manifestantes. "Os representantes, que eram
pra ser nossos representantes, estão representando eles mesmos. Eu acho isso um
absurdo, até porque a Presidência é algo para você atender ao povo e não aos
seus próprios interesses e do seu partido", diz o aluno Marco da Costa, 20
anos. E completa: "Quem deveria escolher os nossos representantes é o
nosso povo".
Rio de Janeiro
Na capital fluminense, os manifestantes realizaram
um escracho em direção à casa do deputado Rodrigo Maia (DEM), atual presidente
da Câmara Federal, que assumiria a Presidência da República no caso da vacância
do cargo por Temer e teria 30 dias para convocar novas eleições.
Aos gritos de "O povo quer votar, Diretas
Já" e "Fora Temer", o ato contou com a presença de crianças,
jovens, senhores e senhoras.
Natal
Aproximadamente 2.500 pessoas ocuparam as ruas da
capital do Rio Grande do Norte na manhã deste domingo (21), de acordo com os
organizadores. Convocado pela Frente Brasil Popular, centrais sindicais e
movimentos populares, o ato caminhou da Praça das Flores até a Praia do Meio, e
encerrou em torno do meio-dia.
"Nós estivemos caminhando para pedir que se
devolva a soberania ao povo, diante do golpe em curso no país. Precisamos de
eleições diretas já, para retomarmos os rumos do país nas urnas", disse
Lara Carvalho, militante do Levante Popular da Juventude, que estava presente
no protesto.
Belo Horizonte
Os mineiros acordaram cedo neste domingo (21) para
ocupar a Praça da Liberdade, na capital, Belo Horizonte, pelas "Diretas
Já". Os manifestantes desceram com o ato pela Avenida João Pinheiro em
direção ao Centro da cidade.
O integrante do Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB) Mateus Vaz afirma que o ato de hoje também serve como
preparação para a manifestação das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que
ocorre em Brasília na próxima quarta-feira (24.05).
"To vendo uma esperança!
Diretas Já" foram dizeres que apareceram em muitas camisetas com a
ilustração do cartunista Henfil (Foto: Joana Tavares/BdF)
Belém
Na capital do Pará, o ato pelas "Diretas
Já" ocorreu na Praça da República, na Avenida Presidente Vargas, Centro da
cidade. Representantes das centrais sindicais, coletivos de juventude,
movimentos populares e partidos de esquerda falaram ao microfone e dialogaram
com as pessoas que visitam a feirinha de artesanato no local sobre os problemas
do governo golpista de Michel Temer e a necessidade das eleições diretas.
Petrolina
O dia amanheceu em Petrolina, cidade do sertão
pernambucano, com manifestantes da Frente Brasil Popular e de várias outras
organizações, com protestos de rua em defesa da saída do presidente golpista,
Michel Temer (PMDB), e com o uníssono pedido por eleições diretas. O ato teve
como foco o diálogo com a população que transitou nos arredores da Feira da
Areia Branca, no Centro da cidade.
Para o dirigente sindical e membro da coordenação
da Frente Brasil Popular no município, professor Robson Nascimento, a adesão
foi animadora. “Impressionante como a população tem compreendido e defendido a
necessidade de realização de novas eleições para presidente do Brasil. Esta
decisão não pode ficar na mão deste Congresso. O povo precisa participar”,
afirma.
Adesivos pelas "Diretas
Já" foram distribuídos e colados pelas ruas da cidade (Foto: Monyse
Ravena)
A juventude e as mulheres tiveram participação
importante no ato. Para Bismarques Oliveira, militante do Levante Popular da
Juventude, os jovens querem participar da definição dos rumos do país. “Não
aguentamos mais esse Congresso. Nós temos certeza de que o país só entra nos
rumos novamente com a população exercendo o seu direito de definir quem é o
presidente da República”.
Na mesma linha, Iali Emanuele, militante da Marcha
Mundial de Mulheres, aponta que “a mulher é quem mais tem sofrido com todo este
ataque à democracia. Reestabelecer a democracia é o primeiro passo para colocar
o Brasil no rumo que queremos.”
Haverá um novo adesivaço no Bairro José e Maria
nesta segunda-feira (22) e outro na quarta-feira (24), somando-se às
manifestações do Ocupa Brasília.
Recife
Segundo organizadores, cerca de 10 mil pessoas se
reuniram em Recife, capital pernambucana. A concentração do ato puxado pela
Frente Brasil Popular teve início às 14h, no Marco Zero da cidade.
Segundo Gleisa Campigotto, da coordenação
estadual da Frente, a mobilização acontece como exigência da renúncia do
presidente Michel Temer e por novas eleições diretas. "A gente está
exigindo "Diretas Já" como bandeira central de unidade de toda a
esquerda brasileira. É pelas Diretas Já que a gente vai lutar daqui para a
frente, porque é o povo brasileiro que precisa decidir quem é o presidente do
Brasil", declara.
Concentração no Marco Zero de
Recife (Foto: BdF)
Curitiba
Na capital paranaense, a concentração começou às
14h na praça Santos Andrade e partiu em marcha pela Rua João Negrão até a
Câmara Municipal, onde servidores municipais estão acampados em protesto contra
o "pacotaço" do prefeito curitibano Rafael Greca (PMN). Apesar da
chuva que caiu na cidade, cerca de 300 pessoas participaram do protesto.
O ato unificado foi puxado Frente Brasil Popular,
Fórum de Lutas 29 de abril e Frente Resistência Democrática. "Só a luta
nas ruas e que pode trazer a mudança que a gente quer", avalia a militante
do Levante Popular da Juventude Luana Bach, que participou da mobilização.
Manaus
Na capital do estado do Amazonas, a concentração
pelas "Diretas Já" ocorreu na Praça do Congresso, no final da Avenida
Eduardo Ribeiro. Segmentos sociais vinculados à Frente Brasil Popular desceram
a avenida distribuindo panfletos contra as propostas do governo golpista de
Michel Temer.
A presidenta da Confederação dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB) no Amazonas, Isis Tavares, indica que "a
bandeira de luta pelas diretas já é fundamental para devolver o protagonismo
democrático do povo brasileiro".
Cuiabá
O ato em Cuiabá, capital do Mato Grosso, foi
realizado na feira do bairro CPA II, durante a manhã deste domingo (21), e
reuniu cerca de 200 pessoas entre manifestantes e transeuntes que paravam para
apoiar a mobilização. Na segunda-feira (22) haverá um novo ato, que está
marcado para às 17h no centro da cidade.
Outras cidades
Os protestos pedindo a renúncia de Michel Temer e
eleições diretas foram registrados em 15 estados brasileiros neste domingo
(21). Além das cidades mencionadas, houve protestos em Brasília (DF), Campo
Grande (MS), Juiz de Fora (MG), Goiânia (GO), Poá (SP), João Pessoa (PR),
Uberlândia (MG), Altamira (PA), entre outras.
Edição:
Vivian Neves Fernandes em 21 de Maio de 2017
https://www.brasildefato.com.br/2017/05/21/por-diretas-ja-manifestacoes-pelo-pais-ocorrem-em-preparacao-ao-ocupa-brasilia/
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