Nas favelas brasileiras, 80% das famílias estão sobrevivendo com menos
da metade da renda que tinham antes da pandemia do novo coronavírus
Levantamento do Instituto Data
Favela mostra ainda que desemprego entre moradores da favela é o dobro do
asfalto
por redação
do Brasil de Fato – Sociedade e Óbitos por Coronavirus nas Comunidades
Pobres do Brasil
Alimentos e produtos de limpeza e higiene são itens mais adquiridos por
moradores de comunidades - David Gannon/AFP
Nas
favelas de todo o Brasil, 41% das famílias que solicitaram o auxílio
emergencial de R$ 600 ao governo federal em função da pandemia da covid-19 não conseguiram
receber nenhuma das parcelas do benefício, segundo um levantamento do Instituto Data Favela. A
pesquisa realizou 3.321 entrevistas, em 239 favelas, de todos os estados
brasileiros entre os dias 19 e 22 de junho.
De acordo
com o Data Favela, que é uma parceria entre o Instituto Locomotiva e a Central
Única das Favelas (Cufa), quase sete (68%) em cada 10 famílias entraram com
pedido do auxílio. Em 96% dos casos de pessoas que receberam, o benefício foi
utilizado para a compra de alimentos. Produtos de higiene e limpeza também lideram
a destinação dos recursos.
Entre as
famílias de comunidades do país que receberam doações ou estão recebendo o
auxílio emergencial, aprovado no final de março por deputados e senadores, oito
entre 10 afirmaram que não teriam condições de se alimentar, comprar produtos
de higiene e limpeza ou pagar as contas mais básicas caso não tivessem recebido
alguma doação.
Os
entrevistados e entrevistadas pelo Data Favela também apontaram quem são as
entidades que mais fizeram doações. Em primeiro lugar (69%) estão ONGs e
empresas, seguidos de vizinhos, amigos e parentes, depois governos e, por fim,
igrejas. Na ordem de doação estão alimentos, cesta básica, produtos de
higiene, produtos de limpeza e dinheiro.
Nas
favelas brasileiras, 80% das famílias estão sobrevivendo com menos da metade da renda que tinham antes da pandemia do novo coronavírus.
Para 45% a renda diminuiu muito (menos da metade), enquanto 35% afirmam ter
perdido toda a renda mensal que tinham antes da covid. Os que tiveram queda da
renda pela metade são 11%, outros 5% tiveram queda menor que a metade e 4% não
tiveram queda nos ganhos.
Desemprego nas Comunidades
Também
chama a atenção nos dados divulgados pelo Instituto Data Favela a disparidade
entre a taxa de desemprego de moradores de favela que são economicamente ativos
e o mesmo índice entre os que vivem no asfalto. O emprego formal para os que
vivem em favelas é metade dos moradores do asfalto e o desemprego é o dobro.
Empregados
com carteira assinada na população brasileira somam 31%, mas nas favelas esse
número cai para 17%. Entre os desempregados das comunidades brasileiras
que procuraram trabalho nos últimos 30 dias a taxa chega a 20%, enquanto no
asfalto ela é menos da metade (9%).
A
disparidade nas atividades escolares também é alta: 10% da população
brasileira, estimou o Data Favela, encontra-se matriculada em alguma
instituição de ensino. Nas favelas o índice é de apenas 3%.
Publicação no Brasil de Fato: 29 de Junho de 2020
Edição: Eduardo Miranda e Leandro
Melito
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/06/29/nas-favelas-41-das-familias-nao-conseguiram-auxilio-emergencial-diz-pesquisa