A conexão existente entre os EUA, os
BRICS, a Petrobras e a tentativa de inviabilizar o
governo federal!
Marcos Donizeti - Sociedade e Poder
Blog Guerrilheiros do Entardecer
BRICS e Pré-Sal: O que as
grandes empresas petroliferas mais desejam, atualmente, é tirar o Brasil
do grupo dos BRICS e se apossar do pré-sal.
Mas a política externa dos últimos governo
vai na direção contrária aos desejos dessas poderosas empresas e seus
países desenvolvidos.
Durante o último governo o Brasil continuou aprofundando a sua integração com os demais países-membros dos BRICS.
Exemplo disso é a criação do banco dos BRICS, que será uma alternativa muito mais progressista do que o Banco Mundial e o FMI.
A administração federal atual não
abre mão
da manutenção do regime de partilha do pré-sal, que garante ao estado
brasileiro uma participação mínima de 75% na renda líquida gerada pelo
mesmo.
Quando da
nomeação de Aldermir Bendine, o atual presidente da Petrobrás e a nova diretoria, ficou claro que não
existe nenhuma possibilidade do país abandonar o regime de partilha do
pré-sal, de privatizar a empresa e tampouco de abandonar a política de
conteúdo nacional para o setor petrolífero.
E nenhuma destas políticas é do interesse desssas grandes empresas, dos países desenvolvidos e dos EUA, para dizer o mínimo.
China e Rússia
A China e a Rússia
estão aumentando a sua presença econômica e militar na América Latina
(olha o novo canal da Nicarágua), o que não interessa aos EUA, é
claro. A Rússia vendeu caças para a Venezuela e a China irá construir o
novo canal da Nicarágua, uma obra gigantesca, avaliada em US$ 50
bilhões.
Empresas chinesas já estão participando
da extração do pré-sal no Brasil (no campo de Libra), o que também não
interessa as empresas petrolíferas. Esta participação chinesa se dá apenas como
investidora, pois somente a Petrobras pode operar nos campos de petróleo
do pré-sal.
Muitas das guerras e intervenções
militares que os EUA promovem pelo mundo afora (na África, Ásia Central,
Oriente Médio) ocorrem em regiões que são ricas em matérias-primas. O
objetivo dos EUA com as mesmas é passar a controlar tais regiões e,
assim, dificultar e até impedir o acesso da China às matérias-primas
(petróleo, minério de ferro, etc) que são fundamentais para a
continuidade do seu crescimento econômico.
Países que podem confrontar os EUA, em
melhores condições de fazer isso, ou seja, desafiar os EUA, são a China
(devido ao seu crescimento econômico, muito mais rápido do que o dos
EUA-UE) e a Rússia (pelo seu poderio militar e nuclear);
Projeto Principal dos EUA
Barrar o
crescimento e a expansão da China e da Rússia são essenciais para o
projeto dos EUA, que visa impor um controle global por
meio do PNAC (Projeto para um Novo Século Americano), elaborado
pelos Neocons dos EUA... Dick Cheney (ex-vice presidente
de Bush Jr) e Donald Rumsfeld (ex-chefe do Pentágono no governo de Bush
Jr) são dois dos seus principais líderes;
PNAC
Um dos itens fundamentais do
PNAC é o de tentar impedir que qualquer outro país, mundo afora,
possa vir a se fortalecer de maneira a que venha a adquirir condições de
desafiar os EUA no comércio latinoamericano . E quais os países em melhores
condições de opor uma forte resistência ao projeto de domínio global dos
EUA? Ora, os países membros dos BRICS.
O PNAC e os Processos de
Desestabilização
Quando algum país começa a se fortalecer e o mesmo tem
um governo que não se submete aos EUA, o governo deste
(por meio da CIA, NED, USAID), bem como usando de entidades privadas (como a 'Open Society' de George Soros, que já
admitiu publicamente que procura desestabilizar governos que não
se submetem aos seus interesses, ou seja, os países que se utilizam do capital especulativo
globalizado, principalmente as empresas multinacionais). Então, não demora muito e logo começa um processo de
desestabilização do país, visando derrubar a administração daquele governo e, assim,
substituí-lo por outra, favorável aos interesses dos países desenvolvidos.
Exemplo desta política é
a Ucrânia, cujo governo pró-Rússia, eleito democraticamente, foi
derrubado e enfrenta uma guerra civil, que
foi deliberadamente provocada pelo governo Obama com o objetivo de
promover o envolvimento da Rússia, numa guerra que seria catastrófica
para esta nação.
Os neocons que comandam a política externa do governo Obama, acreditam
que o envolvimento da Rússia numa guerra em grande escala na Ucrânia,
poderia fazer com que Putin se tornasse um presidente impopular e que isso poderia levar à derrubada do seu governo, o que
possibilitaria a ascensão de um governo submisso aos interesses dos EUA
no país, tal como foi o de Boris Ieltsin, por exemplo.
Até o momento essa estratégia está
fracassando, pois a popularidade de Vladimir Putin cresceu bastante
(chegou a 80% de aprovação) após o início da crise ucraniana, devido à
postura firme que ele manteve em relação à crise do país vizinho, do
qual uma grande parte da população é, culturalmente, de origem russa.
Os BRICS
O Brasil virou alvo dos EUA
devido ao fato de que, durante os últimos governos, tornou-se membro ativo dos BRICS , que procuram construir, gradualmente,
um pólo de poder alternativo aos países desenvolvidos, criando um mundo
multipolar.
Os BRICS estão aprofundando a
colaboração entre si e já deram início à adoção de várias medidas que
são prejudiciais aos interesses dos países chamados ricos, como é o caso
da criação de um fundo de reservas e de um banco próprio do bloco.
E recentemente os países membros dos
BRICS iniciaram um diálogo visando usar apenas as moedas dos países
membros no comércio entre si, deixando de usar o dólar, o que é
altamente prejudicial aos interesses desses países desenvolvidos, sem dúvida alguma.
Afinal, o fato de que o dólar é a
principal moeda de reserva do planeta, bem como dela ser a mais
utilizada nas transações financeiras e comerciais internacionais, é que
torna possível aos EUA financiar o seu consumismo desenfreado, os seus
gigantescos gastos militares (que representam 50% dos gastos globais) e
as suas guerras;
Produção de petróleo e gás natural
brasileira cresceu 18% entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014,
ultrapassando os 3 milhões de barris/dia. Que outra empresa do mundo
conseguiu obter o mesmo resultado?
Integração Latino-Americana
O Brasil
também tornou-se um alvo dos EUA porque é um aliado fundamental e
apoia os governos progressistas latino-americanos (Venezuela, Bolívia,
Equador, Nicarágua, Cuba, El Salvador, Uruguai...), que, tal como os últimos
governos fizeram no Brasil, também procuram desenvolver
políticas soberanas e de promoção da justiça social.
No governo que tinha Lula presidente, teve um papel
fundamental para ajudar a impedir que golpes de estado fossem vitoriosos
na Venezuela e na Bolívia, em especial. E a criação e o fortalecimento
da Celac e da Unasul aumentaram o grau de cooperação e de integração da
América Latina, o que resultou na perda de influência dos EUA na América Latina.
O Brasil colaborou muito com o
fim do isolamento de Cuba, seja integrando o governo da Ilha na Celac
(que é formada pelos países da América Latina e do Caribe), sejam
financiando a construção da reforma, ampliação e modernização do Porto
de Mariel, bem como financiando, agora, a construção de uma Zona de
Desenvolvimento Econômico ao lado do porto.
O Porto de Mariel, junto com a ‘ZDE’ e o
atual canal da Nicarágua, irá viabilizar um novo ciclo de crescimento
econômico de longo prazo em Cuba e trará imensos benefícios às empresas
brasileiras que terão privilégios para se instalar na 'ZDE" cubana,
justamente porque foi o governo brasileiro que financiou as duas obras.
Com isso, as empresas do Brasil terão acesso não apenas ao mercado
centro-americano (de mais de 70 milhões de pessoas) como também ao do
NAFTA e aos dos países asiáticos, devido à construção, pelos chineses,
do canal da Nicarágua.
Nestas circunstâncias, qualquer
tentativa de isolar ou bloquear Cuba estará totalmente fadada ao
fracasso. E o Brasil de teve um papel fundamental neste
processo, de colocar fim ao ilegal bloqueio econômico que os EUA
promoveram contra Cuba desde 1960 e que foi condenado pela Assembleia
Geral da ONU em inúmeras oportunidades.
No governo Lula também teve um papel
fundamental no financiamento do governo da FMLN, de Maurício Funes, em
El Salvador. Quanto este venceu a eleição presidencial, o governo
liberou um empréstimo de US$ 800 milhões do BNDES para o novo governo.
Com isso, a situação econômica e social de El Salvador melhorou bastante
durante o governo da FMLN e esta conseguiu eleger o sucessor de Funes,
Sanchez Cerén, em 2014;
O Brasil e a América Latina
Quando o segundo turno da campanha
eleitoral brasileira de 2014 ainda estava em andamento, perguntaram ao
presidente Pepe Mujica se o candidato do seu partido à Presidência da
República,Tabaré Vasquez, iria ganhar a eleição no Uruguai. Sabem o que
ele respondeu? Ele disse que isso iria depender do resultado da eleição
no Brasil;
Assim, o que acontece no Brasil tem
uma grande influência na América Latina, na América do Sul em especial. E
é claro que os EUA sabem disso e muito bem. Logo, para inviabilizar os governos progressistas latino-americanos é fundamental
fazer o mesmo com o governo progressista mais
populoso e mais influente destes países, que é o Brasil.
Os EUA está convicto que o Brasil não sairá dos BRICS e tampouco irá
deixar de apoiar os governos de esquerda e progressista
latino-americanos.
Daí a necessidade, na visão dos EUA, de desestabilizar a atual administração federal de qualquer jeito (ou de, pelo menos,
levar o governo ao fracasso).
Situação Financeira Mundial
O Brasil foi, como é do conhecimento, um dos últimos países a
sofrer os efeitos da crise econômica mundial iniciada em 2007-2008,
quando ocorreu a crise das hipotecas subprime, a falência do Lehman
Brothers e o colapso do ‘sistema financeiro paralelo’, não regulado
pelas autoridades dos governos dos países desenvolvidos.
E também foi o primeiro país da América Latina a
superar os efeitos desta crise, com a sua economia retomando o
crescimento econômico já no segundo trimestre de 2009. Como disse o
ex-presidente, a crise no Brasil não passou de uma ‘marolinha’.
E isso somente aconteceu porque os três últimos
governos adotaram um amplo conjunto de políticas,
econômicas e sociais, anti-ciclícas tipicamente keynesianas.
O aeroporto de Curitiba é um dos que foi
ampliado e modernizado durante o primeito mandato do governo atual. Esse
é um exemplo de investimento público que melhora a infra-estrutura e
contribui
para o desenvolvimento econômico e social do país.
Principais medidas que auxiliaram a evitar uma crise no Brasil
Aumento dos gastos públicos, na área
social e na infra-estrutura, especialmente em grandes obras de energia
elétrica (vide as usinas de Jirau, Belo Monte e Santo Antônio, cuja
potência geradora será quase 33% maior do que a da Usina de Itaipu), as
Ferrovias Norte-Sul, Transnordestina e Leste-Oeste, a Transposição do
Rio São Francisco, o programa de concessão de rodovias e de aeroportos
(muitos foram ampliados e modernizados, tais como os de Guarulhos, Rio
de Janeiro, Curitiba, Fortaleza, Brasília e Manaus; Natal ganhou um
aeroporto novo).
Aumento da oferta de crédito pelos
bancos públicos (BB, CEF, BNDES), que compensaram o corte do crédito
pelo sistema financeiro privado, aumentando a participação pública no
mercado. Este é um dos principais motivos pelos quais o sistema
financeiro privado promove uma fortíssima oposição ao governo atual.
Aumentos reais de salário, em
especial para o salário mínimo, que foi reajustado em 294% entre
2003-2015, passando de R$ 200 para R$ 788, e atingindo o seu maior poder
de compra dos últimos 50 anos, segundo o Banco Central brasileiro. Essa é uma situação real de distribuição de renda.
Criação do Minha Casa Minha Vida, um
programa subsidiado e financiado pelo governo federal e que viabilizou a
contratação, até o momento, de 3.400.000 novas moradias, em benefício
da população de baixa renda, que nunca teve casa própria;
Aumento dos investimentos da
Petrobras, que passou a ter um ambicioso programa para investir no
aumento da produção do pré-sal e na construção de novas refinarias (Rio
de Janeiro e Pernambuco), entre outros setores (fertilizantes, etanol,
biocombustíveis, construção naval).
Todas estas medidas somente foram
possíveis porque o estado brasileiro dispõe de várias empresas estatais e
privadas estruturadas que tornaram possível o financiamento e os
investimentos
promovidos pelos últimos três governos, tanto na área social, como na
infra-estrutura.
O Minha Casa Minha Vida, por exemplo, se
beneficia de subsídios estatais e de financiamentos públicos que são
viabilizados por meio, principalmente, dos bancos públicos existentes
(Banco do Brasil e CEF).
A agricultura brasileira, por sua vez, é financiada pelo estado brasileiro e isso é válido tanto
para o agronegócio, como para a agricultura familiar (via Pronaf). E o
Banco do Brasil é o principal agente financiador da mesma, que é responsável tanto pelo abastecimento interno (agricultura
familiar), como por parte das exportações do país
(agronegócio). E o agronegócio teve acesso a R$ 156 bilhões em
financiamento para a safra 2014/2015.
Não é à toa, portanto, que as
estimativas apontam para um novo recorde na safra de grãos para 2015,
que deverá ultrapassar os 200 milhões de toneladas pela primeira vez na
história do país.
Da mesma forma que, atualmente, as
Organizações Globo fazem campanha contra a Petrobras, o atual governo,
no passado ela fazia campanha contra a criação do 13o. Salário.
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Da
mesma forma que, atualmente, as Organizações Globo fazem campanha
contra a Petrobras, o governo Dilma e o PT, no passado ela fazia
campanha contra a criação do 13o. Salário. |
O BNDES, por sua vez, é a principal
fonte de financiamento de investimentos produtivos de longo prazo,
emprestando bilhões de reais anualmente para setores como o de
telecomunicações, infra-estrutura, micros e pequenas empresas,
exportações, energia elétrica, energia eólica, etc.
Um estado brasileiro atuante é interessante para os EUA?
Como seria possível, por exemplo,
aumentar a oferta de crédito pelos bancos públicos se estes já tivessem
sido privatizados pelo governo? Ou como a Petrobras poderia elevar
os seus investimentos, por determinação do atual governo, se a empresa
também tivesse sido privatizada pelo governo? E como seria
possível promover o aumento dos investimentos públicos se o país não
tivesse inúmeras empresas privadas de construção civil altamente
capacitadas e em
condições de construir obras de grande porte, como são os casos da
transposição do Rio São Francisco, da Ferrovia Norte-Sul (terá mais de
4150 kms de extensão quando for concluída) e da Usina de Belo Monte?
Assim, a manutenção e o fortalecimento
das empresas estatais e privadas, do papel ativo do estado brasileiro durante os
últimos três governos foi fundamental para que o país conseguisse
superar os efeitos da crise mundial antes de outras nações.
É esse protagonismo do estado
brasileiro que torna possível a promoção de políticas econômicas e
sociais anti-ciclícas, tipicamente keynesianas, e de distribuição de
renda e de inclusão social, que reduziram as desigualdades sociais e que
permitiram a redução da pobreza e da miséria, fazendo com que 50
milhões de brasileiros ascendessem social e economicamente durante os
últimos governos (40 milhões subiram para a classe C e outros 10
milhões ascenderam para as classes AB), permitindo que o país possa se reorganizar social e economicamente.
Mas um estado brasileiro justo, ativo e
que seja protagonista do processo de desenvolvimento econômico e social, sob o comando de um governo ativo, nacionalista e
reformista, é tudo o que os EUA não desejam.
Um governo neoliberal conduziria o estado brasileiro a uma situação muito difícil ,
promovendo uma série de privatizações desnacionalisantes e adotaria uma
política econômica e social caracterizada pelo arrocho salarial, aumento
do desemprego, das desigualdades sociais, da pobreza e da miséria.
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Poder de compra do Salário Mínimo brasileiro é o maior dos últimos 50 anos. |
Assim, fosse possível imaginar um estado
brasileiro desorganizado,
sem empresas públicas e privadas sólidas e ativas e sem uma Petrobras
cada vez mais atuante, não seria possível, por exemplo, manter o regime
de partilha do pré-sal e o mesmo acabaria nas mãos das petrolíferas
estrangeiras. A política de conteúdo nacional, que foi adotada nos
últimos
governos, e que tornou a indústria de
construção naval brasileira a quarta maior do mundo em apenas uma
década, passando de menos de 7 mil funcionários para mais de 81 mil,
estaria patinando na economia mundial.
Logo, as plataformas e os navios usados
pela Petrobras para extrair petróleo passariam a ser construídas no
exterior e não mais no Brasil, gerando milhares de empregos em
Cingapura, Coréia do Sul, China, etc.
Não é à toa, por exemplo, que a oposição defende, publicamente, o fim do regime de partilha do
pré-sal e a possibilidade de ser privatizada,
assim não se teria uma política de conteúdo nacional para o setor
petrolífero.
A oposição já defendeu o fim do regime de partilha
de forma pública, através da imprensa brasileira.
Até mesmo a política de reaparelhamento e
modernização das forças armadas brasileiras, promovida pelos últimos
governos, estaria sob risco e, muito provavelmente, seria abandonada
por um governo de direita neoliberal.
As compras dos 36 caças suecos
Gripen e dos navios e submarinos nucleares franceses também estariam sob
risco, o que iria gerar um imenso prejuízo para o país, pois ambos os
contratos prevêem a transferência completa de tecnologia para o Brasil.
E no caso dos caças suecos, a partir da 5a. unidade todos os aviões
serão produzidos aqui, gerando milhares de empregos
qualificados.
A construção do novo avião de
transporte, civil e militar, o KC-390, que recentemente fez o seu
primeiro vôo em caráter experimental, também iria correr sérios riscos,
pois é fruto de um acordo que o Brasil fechou com vários outros países
(Argentina, Venezuela, Portugal, República Tcheca).
Afinal, tal modernização das Forças
Armadas está intimamente relacionada com a descoberta das imensas
reservas do pré-sal, com a manutenção da Amazônia sob controle nacional e
com a defesa dos interesses nacionais, que estão sendo permanentemente
ameaçados pela atuação de países como os EUA por exemplo, como promotor de processos de
desestabilização de governos democráticos e nacionalistas.
Os golpes de estado no Brasil ocorrem sempre contra governos nacionalistas, reformistas e trabalhistas
Ao estudar um pouco sobre a história
do Brasil, se entende que tivemos governos de feições
nacionalistas e reformistas (Vargas, JK, Jango, Lula e Dilma). Ocorreram
movimentos políticos de caráter nitidamente golpistas e
anti-democráticos, visando desestabilizar e neutralizar tais governos.
Getúlio Vargas foi derrubado em 1945,
por meio de um golpe de estado, num momento histórico em que se
aproximava do PCB (liderado por Luiz Carlos Prestes, uma das lideranças
mais populares do Brasil naquela época) e do movimento operário (criando
o PTB para representar o mesmo), enfrentou uma tentativa de golpe de estado para impedir a sua posse, como presidente eleito
democraticamente, em 1950, e acabou derrubado, por outro golpe de estado, em 1954, e que resultou em sua morte.
Uma nova tentativa de golpe de estado
ocorreu, no final de 1955, e a mesma tentou impedir a posse de JK-Jango
na presidência e vice-presidência da república, logo após terem sido
eleitos democraticamente pelo povo brasileiro. Foi necessário um contra-golpe preventivo, comandado pelos generais do exército
brasileiro, para impedir que o mesmo se consumasse. O governo JK sofreu
mais duas tentativas de golpes de estado, em 1956 (Jacareacanga) e em
1959 (Aragarças).
E externamente, um estado brasileiro sem expressão seria totalmente dependente do capital e da tecnologia importada
dos países ricos e transformaria o Brasil numa virtual neo-colônia dos
EUA. Isso obrigaria o país a virar as costas para os governos
progressistas da América Latina e a deixar de fazer parte dos BRICS.
E as estatais, que hoje são atuantes, seriam privatizadas e desnacionalizadas, tal como aconteceu
durante o governo FHC, que negociou a valores pífios empresas públicas ao capital estrangeiro.
Classes ABC passaram a englobar a
maioria absoluta da população durante os últimos governos, devido
ao crescimento econômico e às políticas de distribuição de renda e de
inclusão social adotadas nesses mandatos.
Exemplos de negociações de empresas públicas:
A Embratel foi vendida para uma empresa dos EUA e, hoje, pertence ao mega-empresário mexicano Carlos Slim;
O Banespa foi vendido para o Santader (espanhol);
A Telesp foi vendida para a Telefónica, que agora se chama 'Vivo';
A Vale do Rio Doce que na época era considerada a melhor mineradora do mundo também foi vendida.
E por aí vai...
Assim, com o eventual triunfo de uma eventual
política neoliberal, o estado brasileiro ficaria tão vulnerável que o mesmo não poderia mais
vir a ser utilizado para levar adiante um projeto nacional de
desenvolvimento econômico e social, que tenha como metas promover a
distribuição de renda, a inclusão social, a intervenção na economia para
evitar ou amenizar efeitos de graves crises externas, se proponha a
desenvolver e assimilar novas tecnologias (por meio de transferência,
como que está prevista no acordo de compra dos caças suecos e das
embarcações francesas, por exemplo), bem como promover uma inserção
internacional do país nas área de educação, habitação e tecnologia que seja soberana e independente, atendendo
prioritariamente aos interesses seu povo e demais nações vizinhas.
O que essa campanha publicitária
maciça que está sendo feita contra a Petrobras e o governo federal, visa
essencialmente, enfraquecer o Brasil como nação e a sua capacidade de
definir e executar políticas de
desenvolvimento econômico, social, cultural, científico e tecnológico
que possam levar à construção de um país independente e justo.
Esse cenário internacional
altamente conflituoso e que passa por um processo de grandes mudanças,
ajuda e muito a entender as razões que levam as forças da direita brasileira e latino-americana, cujos interesses estão
intimamente entrelaçados aos países desenvolvidos (ditos ricos), no mínimo, desde o final
da segunda guerra mundial, a tentar promover um contínuo e permanente
processo de desestabilização dos governos progressistas da América
Latina.
É por isso que mesmo tendo sido reeleita
com o voto de 54.501.118 eleitores, a presidenta continua sendo alvo de
uma
maciça campanha da grande mídia e oposicionista que tenta, por todos os
meios
(legais e ilegais) derrubá-la da presidência da república. Até em
impeachment a oposição e a imprensa tentam induzir a população.
O ex-presidente FHC chegou a encomendar
um parecer jurídico de Ives Gandra Martins, membro do Opus Dei e
um jurista extremamente conservador politicamente, para poder vir a
justificar pedido de impeachment da presidenta, a
mesma que acabou de ser reeleita com o voto da maioria.
Este fato demonstra, claramente, o
quanto a oposição possui um dna profundamente
anti-democrático, mostrando que os seus membros não estão
dispostos sequer a respeitar o resultado das urnas recentemente
apuradas, muito menos organizar o país e promover a distribuição da renda.
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Os
neoliberais brasileiros já levaram o país quase à falência durante o governo
FHC, devido ao fracasso de seu projeto neoliberal. Mas quem disse que
eles desistiram? |
Tudo isso está acontecendo porque os
interesses em jogo são profundos e não são apenas e exclusivamente dos
brasileiros, como esse texto procura mostrar.
Não há qualquer dúvida a respeito, se este
governo fracassar ou a mesma vier a ser impedido de continuar, não será
apenas o Brasil e o seu povo que irão
sofrer as consequências, mas toda a América Latina e, até mesmo, as
forças políticas progressistas de outros continentes, como são os casos
do Syriza na Grécia e do Podemos na Espanha, cujos programas de governo
são muito parecidos com iniciativas e políticas adotadas pelos governos
progressistas da América Latina.
Exemplos: aumentos de salários e
elevação dos investimentos públicos na produção e na área social são
propostas defendidas pelo Syriza grego e pelo Podemos espanhol e que
foram colocadas em práticas pelos governos de Mujica, Rafael Correa,
Kirchner (Nestor e Cristina), Chávez, Evo Morales, Lula e Dilma,
As dificuldades e os obstáculos a serem
superados pelo atual governo em seu segundo mandato são muitos, sim, mas
não há muito a ser feito.
http://contrapontopig.blogspot.com.br/2015/02/contraponto-16066-conexao-existente.html
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