O hormônio do crescimento não traz efeitos indesejáveis, mas o custo é muito alto.
por Drauzio Varella - Sociedade e Saúde na Infância (fonte no final)
A simples observação pode ser estratégia razoável
para a maioria das crianças baixas. Muitas delas vão adquirir estaturas
próximas às da maioria, na vida adulta.
A maioria
das crianças de estatura baixa é saudável. Embora a avaliação clínica
delas tenha por objetivo afastar alguma condição associada – deficiência
de hormônio do crescimento, hipotireoidismo, síndromes genéticas ou
doenças crônicas –, a maioria delas recebe o diagnóstico de baixa
estatura idiopática.
São considerados idiopáticos os casos
explicados por variações fisiológicas, tais como a baixa estatura
familiar e o retardo constitucional do crescimento na puberdade.
Pais que apresentaram atraso na
instalação da puberdade e na idade para atingir o tamanho adulto podem
ter filhos com padrão semelhante de crescimento. Perto de 15% das
crianças com histórico de restrição do crescimento na fase intrauterina
continuam a apresentar baixa estatura na vida adulta.
A dosagem sanguínea da produção de
hormônio do crescimento não permite distinguir com clareza os casos
idiopáticos, daqueles com deficiência hormonal. Níveis relativamente
baixos desse hormônio durante a infância podem atingir valores normais
na chegada da puberdade.
Quando a estatura cai na faixa inferior a
1% das tabelas de altura para a idade, a velocidade de crescimento está
abaixo de 10% da idade óssea, a altura prevista difere de forma
significante daquelas dos pais ou existe desproporção entre tronco e
membros. havendo necessidade de avaliação laboratorial e exames de
imagem.
A simples observação pode ser estratégia
razoável para a maioria das crianças baixas. Muitas delas vão adquirir
estaturas próximas às da maioria, na vida adulta.
A indicação de hormônio do crescimento
não obedece regras rígidas. Estudos clínicos mostram que nos casos
idiopáticos a administração costuma aumentar a estatura em cerca de 1,0
centímetro por ano de tratamento.
A administração tem o inconveniente da via subcutânea.
Aplicações diárias são mais eficazes do que injeções menos frequentes.
Duplicar as doses durante a puberdade, até o fechamento completo das
cartilagens de crescimento, melhora os resultados.
A incidência de efeitos indesejáveis
(hipertensão intracraniana, intolerância à glicose, deslocamento da
cabeça do fêmur) é baixa.
A principal restrição ao uso do hormônio é
financeira. De acordo com os preços internacionais, o custo anual do
tratamento varia de 10 mil a 60 mil dólares.
Meninos que chegam à puberdade com baixa
estatura podem receber testosterona injetável ou doses baixas de
andrógenos por via oral, para acelerar a velocidade de crescimento.
Estudos mostram que essa estratégia é capaz de aumentar a velocidade de
crescimento em 3,0 a 5,1 centímetros por ano, durante 1 a 3 anos.
No entanto, a estatura final do adulto fica igual ou
ligeiramente superior à prevista antes do tratamento. Os riscos são
baixos e o custo bem menor.
Embora o aumento da estatura seja
importante em casos idiopáticos mais extremos, os benefícios do
tratamento são pequenos e questionáveis para a maioria das crianças
baixas. Os custos, a duração ideal e o objetivo final do tratamento são
áreas bastante controversas.
http://www.cartacapital.com.br/revista/866/criancas-baixas-9504.html
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