- Os vazamentos seletivos dos #PanamaPapers: Potencial monstro para gerar chantagem
Por Moon of Alabama, Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu - Sociedade e Geopolítica dos EUA
Um verdadeiro vazamento de dados
realmente vazados de escritório de advogados no Panamá seria muito
interessante. Muita gente rica e/ou políticos esconde dinheiro em
empresas de fachada que lhes são fornecidas por empresas como essa, do
Panamá.
Mas o atual "vazamento" pesadamente promovido e propagandeado de
dados, distribuídos para várias mídia-empresas que apoiam a OTAN e uma
'organização não governamental' que trabalha para o governo dos EUA[1] e é sustentada por ele, não passa de tentativa bem clara para 'queimar' gente que está incomodando o Império EUA.
Serve
também, sim, para gerar oportunidade monstro para chantagem contra os
que NÃO TIVERAM dados publicados (em retribuição por um ou outro favor).
Há já 16 meses, Ken Silverstein produziu matéria para Vice sob re um grande fornecedor de empresas de fachada, Mossak Fonseca, no Panamá. (Pierre Omidyar de Intercept, para quem Silverstein trabalhava naquele momento, recusou-se a publicar a matéria.)
Yves Smith publicou várias grandes matérias sobre
o negócio de lavagem de dinheiro de Mossak Fonseca. Silverstein também
repetiu fato bem conhecido sobre Rami Makhlouf, milionário primo do
presidente Assad da Síria, que tinha algum dinheiro escondido em
empresas de fachada de Mossak Fonseca. E explicou o mecanismo:
Para fazer negócios, empresas de fachada como Drex precisam de um agente registrado, às vezes de um advogado, que preencha a papelada exigida e cujo escritório quase sempre serve como sede de fachada da 'empresa'. Esse processo cria uma 'camada intermediária' entre a empresa de fachada e o proprietário, especialmente se a falsa empresa estiver registrada num desses paraísos de sigilo total, nos quais informações sobre propriedade são guardadas a sete chaves e protegidas por muralhas de leis e regulações. No caso de Makhlouf – e, como descobri, também no caso de vários outros empresários escroques e gângsteres internacionais – a organização que ajudou a incorporar a empresa de fachada e a protegê-la da fiscalização internacional, foi um escritório de advocacia chamado Mossack Fonseca, que serviu como agente registrado da Drex, de 4/7/2000 até o final de 2011.
O Sueddeutsche diz
que os dados "vazados" dizem respeito a cerca de 214 mil empresas de
fachada e a 14 mil clientes de Mossak Fonseca. Sem dúvida há muita
sujeira escondida aí. Quantos senadores dos EUA têm envolvimento com
essas empresas? Que políticos da União Europeia? O que bancos e fundos hedge de Wall Street escondem dinheiro no Panamá? Oh, desculpe! O Sueddeutsche e seus parceiros não responderão essas perguntas. Eis como 'analisaram' os dados:
Os jornalistas compilaram listas de políticos conhecidos, criminosos internacional, atletas profissionais famosos, dentre outros. O processamento digital permite pesquisar a massa de vazamentos por nomes, naquelas listas. O "escândalo de doações para partidos" continha 130 nomes; e a lista das sanções da ONU, mais de 600. Em apenas poucos minutos, o poderoso algoritmo de busca comparou as listas com os 11,5 milhões de documentos.
Para cada nome encontrado, iniciou-se um processo de pesquisa detalhada, que apresentava as seguintes questões: qual o papel dessa pessoa na rede de empresas? De onde vem o dinheiro? Para onde vai? A estrutura é legal?
Essencialmente, o Sueddeutsche compilou
uma lista de criminosos conhecidos e gente de organizações que os EUA
não apreciam, e cruzaram esses nomes com o banco de dados 'vazado'.
Coisas que surgiram nesses cruzamentos passaram por outra avaliação. O
resultado são histórias como a tentativa anual que nunca falha e sempre aparece, de cobrir de lama o
presidente Vladimir Putin da Rússia – o qual não é sequer mencionado
nos dados de Mossak Fonseca; acusações contra gente da associação
internacional de futebol, FIFA – detestada nos EUA; e algumas
referências a outros infiéis de importância menor.
Não há sequer uma linha sobre qualquer norte-americano, pessoa ou empresa, nada; nem sobre qualquer político importante da OTAN.
Até agora, a "baixa" de mais alto escalão político é o
irrelevante primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur David
Gunnlaugsson, o qual, com sua esposa, era proprietário de uma das
empresas de fachada. Mas não há prova alguma de que a propriedade ou o
dinheiro pertencente à empresa deles fossem ilegais.
Assim sendo, onde está o filé mignon?
Como o ex-embaixador britânico Craig Murray escreveu,
o filé mignon (se é que existe algum, e nem isso se sabe) está, até
agora, não na parte publicada, mas na parte ocultada pelas empresas de
mídia que estão gerenciando os "vazamentos":
A filtragem pela qual passa a informação desse escritório Mossack Fonseca, executada pela mídia-empresa, acompanha estritamente uma agenda ocidental de governo. Nem uma palavra sobre o uso massivo dos serviços de Mossack Fonseca por empresas e bilionários ocidentais – que são os principais clientes. E o Guardian foi rápido em garantir que "muito do material vazado permanecerá privado".
Mas... vocês queriam o quê?! O vazamento está sendo gerenciado por uma entidade de nome pomposo, mas cômico – Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, financiado e inteiramente mantido e organizado pelo Centro de Integridade Pública dos EUA [USA’s Center for Public Integrity]. O dinheiro ali circulante pertence, dentre outros, a – Ford Foundation– Carnegie Endowment– Rockefeller Family Fund– W K Kellogg Foundation– Open Society Foundation (Soros, #SorosPapers)
O tal International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) é parte do Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) pago pelo governo dos EUA através da USAID.
O
que foi "vazado" são dados selecionados de um banco de dados, por
organização pró-EUA, banco de dados provavelmente obtido pelos serviços
secretos dos EUA, banco no qual com certeza há também muita sujeira
sobre pessoas e organizações "ocidentais".
Publicar
exclusivamente dados muito cuidadosamente selecionados daquela base
gigante que teria sido "vazada", tem dois objetivos:
- Cobre de lama vários "inimigos do império", mesmo que, por falta de coisa melhor, apenas por associação remota com os presidentes Putin e Assad.
- Faz saber a outros personagens importantes, com certeza mencionados no banco de dados, mas dos quais ainda nada foi publicado, que os EUA ou seus "parceiros" midiáticos podem, a qualquer momento, expor outras roupas sujas, de outros sujos, à opinião pública. O 'vazamento' seletivo é, portanto, perfeito instrumento para chantagem.
[1] No Brasil, os 'vazamentos' foram entregues a O Estado de S.Paulo, UOL e
mais um ou outro veículo, cujo nome nem interessa, porque, aqui, todos
os jornais são iguais e todos os jornalistas neles empregados apoiam "a
OTAN", mesmo que a maioria nem saiba o que significa a sigla. Apoiam,
porque a embaixada e consulados dos EUA lhes ordenam q apoiem [NTs].
Postado por
Dario Alok - http://blogdoalok.blogspot.com.br/2016/04/os-vazamentos-seletivos-dos.html
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