- O efeito do golpe de 2016 e a vitória da mídia que desequilibra o jogo político: eleições municipais de São Paulo assume seu lado mais difícil
por Wellington Fontes
Menezes*, para blog sub21 - Sociedade e Poder no Brasil (fonte
no final)
A administração pública mudou radical hoje em São Paulo. No
golpe de estado que vive-se no país, o candidato escolhido pelo governador paulista,
Geraldo Alckmin, o milionário João Dória é eleito prefeito. Vamos refletir esse
fato para a vida paulistana e o que representa para o país.
A pergunta que se faz
é: quem é João Dória? Dória é um ilustre desconhecido que sequer vive de forma
normal no país, não sabe quantos bairros tem na cidade, exceto os Jardins, onde
ele tem seu casarão. Com uma campanha milionária e desproporcional com relação
aos seus concorrentes, o poder da máquina paulista do governador Alckmin e uma
imprensa que é bem paga para impor o domínio midiático sobre a população, Dória
passou de um desconhecido para um (des)conhecido eleito prefeito da maior
cidade do Brasil!
Dória que após ter
comprado votos para se eleger em seu próprio partido, o PSDB e criar uma
divisão interna, com uma curta campanha eleitoral imposta pela legislação
eleitoral criada pelo ex-presidente do Congresso Nacional, Eduardo Cunha, o
mesmo deputado que conseguiu impor o impecheament, recebeu votos que talvez não
esperava, de uma massa dominada pela grande mídia que elege-o em primeiro
turno. A mesma massa que Dória, o “grã-fino” dos Jardins, não gosta! Resumindo,
Dório é quase um completo ignorante político e um corrupto das falcatruas
lobistas da calada da noite.
Quem votou de fato no
candidato de Alckmin sequer tem ideia quem é Dória! Um voto no escuro
teleguiado pela mídia que domina e tem ódio do PT. O sempre sorridente Dória,
sabedor declarado de que nada melhor do que um bom caviar e champanhe francesa
feita com as melhores parreiras, não passa de um descendente típico da herança
colonial paulista, cujas suas empresas muito pouco produzem, mas lucram com
lobby e tráfico de influência. É o tipo paulistano da “alta sociedade” que fica
o mais longe possível dos humildes, cospe na cara deles, sem pudor algum… Tudo
que os que fizeram propaganda dele foi maquiar o produto (propaganda enganosa)
e dizer o slogan: “João é trabalhador”. Qual trabalhador? O grande engodo é
que, exceto a labuta em participar de festas colossais para milionários, Dória
precisou trabalhar muito pouco na vida!
Com a campanha da mídia,
abriu-se espaço para os partidos que protagonizaram a derrubada da presidenta
Dilma se consagrasse em um espetáculo de baixo nível político em quase todas as
regiões paulistanas. Dória foi o líder do movimento da elite brasileira chamado
“Cansei”, visando derrubar o governo Lula em 2007 . Lembrando que foi o foco do
movimento anti-PT da elite na derrubada do governo Dilma em 2015 e 2016, como
as marchas anti-PT na Avenida Paulista, sendo o principal ponto de irradiação
no país a cidade de São Paulo.
Dória agiu em favor
do PSDB, prometeu que irá vender tudo que for possível e derreter o patrimônio
público, com propostas de campanha absurdas, tal como por exemplo prometer aos
humildes consultarem-se em “postos móveis” às madrugadas dentro de caminhões, a
população mais carente paulistana irá certamente sentir como a elite age.
A campanha política
de ilusão e farsa, é marca principal da retórica de manipulação de massas imposto
no país: a negação da política. O político (sic) chega de paraquedas em uma
prévia partidária, compra votos para se eleger, aproxima-se do atual
governador, gasta muito dinheiro na campanha eleitoral, manda publicar
pesquisas forjadas nos principais meios de comunicação da cidade e, além disto,
é suspeito de mandar pichar monumento histórico público somente para atacar o
atual prefeito e, como propaganda enganosa, diz que não é “político”?
Fato que deve ser
destacado é a formação política média da população paulistana, principalmente
os mais humildes das periferias, que foram manipulados, e a desconstrução e
distorção sistemática da grande mídia da idéia de política na vida pública, por
parte da população. Além disto, o que chama atenção é o número de abstenções,
nulos e votos em branco é superior ao número do prefeito eleito. Propaganda
enganosa se alimenta do analfabetismo político e o desprezo da democracia para
vingar em uma sociedade.
As classes mais humildes,
que sempre foram mais simpáticas às candidaturas populares, demonstraram nas
urnas uma espécie de ingratidão das conquistas mínimas alcançadas e promovidas
pelo partido do atual prefeito paulistano e, canalizadas pela política enganosa
da mídia, parecem ignorar o futuro melhor, submetendo-se em servidão às elites e
a violência cotidiana imposta pelo grande aparato de opressão da elite cruel e
impiedosa. O arrependimento virá logo mais, com as agressões policialescas,
desemprego, e pessimismo.
Nada mais convincente
à população que a intensificação da política de propaganda enganosa. Quanto a
isto, as esquerdas não consegue fazer leitura da conjuntura, para poder atuar
perante a sociedade neste momento político dominando pelas forças conservadoras.
Diante da situação, o que as esquerdas, em São Paulo, agora irão fazer? O
futuro é algo muito difícil de prever!
A percepção de como a
elite venceu em São Paulo e a prova que “humilde de direita”, dominado por uma
mídia sem contraponto ou concorrência, é o fenômeno que mais causa dano a
qualquer democracia que busca se libertar do domínio. São Paulo é o carro-chefe
da elite à brasileira e isto jamais poderá ser desprezado perante o futuro, que
está se formando, após a consolidação do impecheament da ex-presidenta. Sim,
estamos todos sujeitos a tempos duríssimos, que hoje ocorre no Brasil.
A vitória do pacto
entre a grande mídia e Alckmin é a certeza que o projeto do governador será
levado a cabo até a eleição do novo presidente em 2018. Se a elite aumentar o
seu domínio, haverá ainda mais pressão sobre a população, como ocorreu na
política brasileira anterior ao governo Lula. É um enorme risco que corre-se
atualmente e a nação poderá se livrar desses males, através da firme e positiva
resistência popular.
* Wellington Fontes Menezes
(e-mail: wfmenezes@uol.com.br): doutorando no
Programa de Pós-Graduação em Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade
Federal Fluminense (UFF). Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual
Paulista (UNESP). Bacharel e licenciado em Física pela Universidade de São
Paulo (USP). Professor Universitário e da Rede Pública do Estado de São Paulo.
http://www.sul21.com.br/jornal/o-rescaldo-do-golpe-de-2016-e-a-vitoria-do-analfabetismo-politico-eleicoes-municipais-de-sao-paulo-assume-seu-lado-mais-perverso-e-fascista-por-wellington-fontes-menezes/
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