Em uma
decisão histórica e sem precedentes na história do futebol brasileiro,
Atlético-PR e Coritiba desafiaram a Federação Paranaense e recusaram-se a jogar
o maior clássico daquele estado, ontem (19), depois de terem sido notificados
de que não poderiam transmitir a partida por seus canais nas redes sociais
Youtube e Facebook. Os dois clubes haviam anunciado a decisão de não aceitar a
cota de TV imposta pela Rede Globo para a transmissão do jogo, válido pelo
campeonato estadual, e que fariam a transmissão de forma independente, pela
internet.
Segundo o
portal Uol, Atlético e Coritiba não aceitaram a proposta da TV Globo/RPCTV
para a cessão dos direitos de imagem para o Campeonato Paranaense 2017. O valor
oferecido a ambos seria de R$ 1,5 milhão, menor que o de 2016 e considerado
pelas diretorias muito abaixo do que recebem os grandes de São Paulo, Rio,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A dupla queria R$ 6 milhões, três para cada
clube. Quem negociava pelos clubes era o presidente da FPF, Hélio Cury.
O
confronto, marcado para as 17h (de Brasília) não aconteceu. A federação alegou
que os profissionais que fariam a cobertura pela internet – ao todo 12 pessoas
– não haviam sido credenciadas dentro do prazo de 48 horas antes do início da
partida, como exige a entidade, que ordenou à equipe de arbitragem não dar o
pontapé inicial enquanto as câmeras estivessem em campo. As direções de Coritiba
e Atlético Paranaense decidiram manter suas posições e desistiram de jogar, por
considerar que a federação estava defendendo os interesses da Rede Globo, em
vez de se posicionar favoravelmente aos clubes e à torcida – cerca de 25 mil
pessoas foram à Arena da Baixada.
“Queria
explicar para as duas torcidas: Atlético-PR e Coritiba não venderam seu
direitos de transmissão por essa esmola que a Globo quis pagar e hoje estamos
fazendo transmissão gratuita pelo Facebook e Youtube. A FPF de forma absurda
não quer que o jogo comece se não pararmos a transmissão. Os dois clubes não
venderam direitos. Resolvemos fazer transmissão independente e gratuita. Nossa
produtora não é ligada a nenhuma TV. Então, não vai ter jogo. Os técnicos estão
de acordo”, afirmou o diretor de marketing do Atlético-PR, Mauro
Holzzman. Pela lei brasileira, o direito de imagem da partida pertence aos
clubes. Nenhum regulamento de federação pode se sobrepor a ele.
Jogadores
de ambos os times entraram em campo juntos e, de mãos dadas, posicionaram-se no
meio do campo, e deixaram o gramado em seguida, sem tocar na bola. A torcida
aplaudiu a decisão e vaiou a Globo. O jogo foi cancelado após 45 minutos do
horário determinado para o início.
O
vice-presidente do Coritiba, José Fernando Macedo, deu mais detalhes.
“A
federação mandou uma ordem para a equipe de arbitragem de que não pode ser
feita a transmissão porque existe um contrato com a Globo. O Coritiba e o
Atlético-PR se sentem no direito de fazer a transmissão pelo Youtube”, disse.
O
episódio espalhou-se rapidamente pelas redes sociais. A hashtag #atletiba
chegou aos TT do Twitter, onde permaneceu até o fim da noite, tendo esmagadora
maioria de expressões de apoio aos clubes e votos de que outros times, de
outros estados, imponham-se aos interesses da emissora que domina as
transmissões do futebol pela TV. “No Brasil nem a bola pode rolar se a Globo
não deixar”, tuitou um internauta. O papel das federações estaduais de futebol
também foi alvo de grande parte das críticas.
“Tá no
momento de a gente mudar, enfrentar, exercer nosso direito de resposta. Essa
iniciativa, pioneira, vai ser marcar o início de um processo em que, Atlético e
Coritiba, juntos, disseram ‘não, não é por aí’. E fica um alerta para os demais
clubes do futebol brasileiro: vamos dizer não. É isso que a gente tem que
fazer”, finalizou Luiz Emed, presidente do Clube Atlético Paranaense.
http://www.sul21.com.br/jornal/em-decisao-historica-classico-atletiba-e-cancelado-para-dizer-nao-a-globo/
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