Se depender do PSDB e de Maia, Temer caminha para forca
Tasso defende que presidente da Câmara ocupe Palácio do Planalto
por Kennedy Alencar para Contexto Livre - Sociedade e Jogo Político Golpista Brasileiro
O presidente em exercício do
PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE), deu declarações que reforçam o
movimento na Câmara que deseja colocar Rodrigo Maia no Palácio do
Planalto. As afirmações do tucano dificultam ainda mais a tarefa do
governo de derrubar na Câmara a autorização para que o Supremo Tribunal
Federal analise a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, contra o presidente Michel Temer.
Tasso disse que Maia, presidente
da Câmara, “tem condições de juntar os partidos ao redor de um nível
mínimo de estabilidade de que o país precisa”. O tucano afirmou que o
Brasil se aproxima da “ingovernabilidade”. Tasso enfraqueceu Temer.
O PSDB foi o principal avalista
do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Os tucanos foram
fundamentais para acelerar a queda da petista no Congresso, porque deram
apoio ao PMDB de Temer a fim de liderar uma rebelião na base
congressual e aplicar um golpe parlamentar.
Primeiro, foi tomada a decisão
de derrubar Dilma. Depois, foram atrás das provas, sobre as quais havia
enorme divergência entre juristas. Há um recurso de Dilma no STF que
ainda precisa ser examinado.
O PSDB é um dos principais
responsáveis pelo governo Temer. A atual política econômica, com a
agenda de reformas da Previdência e trabalhista, foi uma condicionante
dos tucanos para integrar o ministério. Na maior crise de Temer, Tasso
dá uma declaração mortal. Para ele, bastaria trocar Temer por Maia.
A coluna Painel, da “Folha de
S.Paulo”, traz a informação de que o senador Cássio Cunha Lima, também
do PSDB, disse a investidores que Temer já caiu. É outro tiro forte
contra o peemedebista.
Parte da cúpula do PSDB,
refletindo um sentimento que cresce entre tucanos, está fritando e
traindo Temer. Ao mesmo tempo, já está embarcando numa nova articulação,
a favor de Rodrigo Maia, que também está se fortalecendo no Congresso.
Para reagir, Temer está tentando
reunir os votos na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e no
plenário da Casa a fim de derrubar a denúncia de Janot. Essa foi a
estratégia reforçada por ele na reunião ministerial de quarta antes de
viajar para a reunião do G-20 na Alemanha.
Se for derrotado, a tendência do
STF deve ser aceitar a denúncia e abrir o processo por crime de
corrupção passiva. Nesse caso, seria afastado da Presidência, daria
lugar a Rodrigo Maia e esperaria ser julgado. O STF tem prazo de 180
dias para julgar. Se não terminar nesse período, Temer voltaria.
Mas obviamente o julgamento se
encerraria antes. Nesse tempo, outras denúncias viriam. Logo, se perder
na Câmara, Temer estará, na prática, fora do poder.
Nesse cenário, a única resposta
política que poderia dar seria tentar propor a antecipação da eleição
presidencial, o que a maioria dos tucanos não quer. Tampouco Rodrigo
Maia, diante da possibilidade de virar presidente. O PSDB tem medo de
eventual vitória de Lula, do PT.
Quanto mais Temer se
enfraquecer, mais difícil será para ele ter cacife para liderar uma
proposta de emenda constitucional a fim de que haja diretas-já. O
presidente está numa encarrascada política.
O temperamento e as atitudes
tomadas até aqui indicam que Temer tentará resistir. Lutará para
derrubar a denúncia de Janot. Mas a fritura do PSDB dificulta muito a
ação de sobrevivência do presidente.
O atual presidente ainda tem
cartas para jogar. Está com a caneta na mão. Tem apoio de boa parte da
base parlamentar. Não está morto. Mas, se depender do PSDB e de Rodrigo
Maia, está a caminho da forca.
Reformas e diretas-já
Há dúvida se Rodrigo Maia
conseguirá votar a reforma da Previdência. Se Temer cair, haverá uma
desorganização da atual base de apoio. O PSDB tem a tendência de achar
que basta o aval do mercado financeiro e do empresariado para aprovar
reformas econômicas. Se bastasse, as reformas teriam sido aprovadas faz
tempo.
Certamente, Maia manteria a
equipe econômica de Temer. Isso é um trunfo para ele, que também se
revelou um bom articulador político na presidência da Câmara e está
jogando parado, emitindo sinais discretamente.
Mas haveria sequelas no Congresso que demorariam a ser curadas. E aconteceria forte contestação da oposição.
A ideia de antecipar as
eleições, abraçada inclusive pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, o que irritou tucanos, seria uma solução mais adequada. Há uma
proposta de reforma política para acabar com a reeleição e recriar o
mandato de cinco anos para presidente que está em tramitação na Câmara.
Um presidente eleito teria mais
legitimidade e força para administrar o país. Mas essa possibilidade
hoje é bem menor do que a de haver um acordo no Congresso para alçar
Maia à Presidência. Está pintando um acerto parlamentar nesse sentido.
http://www.contextolivre.com.br/2017/07/se-depender-do-psdb-e-de-maia-temer.html
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