E o que está fazendo o Brasil? A
administração pública federal ilegítima
e golpista está entregando nossas reservas de pré-sal para as petroleiras
estrangeiras levar o lucro embora, inclusive parte para a estatal norueguesa,
como foi a entrega da área de pré-sal do campo de Carcará. A privatização da
Eletrobrás e da Petrobrás é parte desta lógica de entrega das riquezas estratégicas
ao capital internacional, através dos grandes conglomerados
por Carlos Cervinski *
e João A. Moraes** para 24/7 – Sociedade e Lucro do Petróleo em Pról da Saúde e Educação
Em artigo, os especialistas em
energia Gilberto Carlos Cervinski e João Antônio Moraes detalham o
exemplo de exploração de petróleo na Noruega e o investimento dos recursos em
educação feito pelo país; por lá, o desenvolvimento social chega a ficar
com 80% dos lucros do petróleo; "Assim como a Noruega, o Brasil deveria
adotar a estratégia de industrialização nacional e utilizar o lucro do petróleo
para em pouco tempo resolver os grandes problemas sociais do país",
defendem.
O que a Noruega pode ensinar ao Brasil? Na
questão energética, as riquezas geradas por meio do trabalho dos/as
trabalhadores/as foram canalizadas para resolver os problemas de educação,
saúde e tecnologia, tornando o país referência mundial em qualidade de vida.
O Fundo Soberano da Noruega, abastecido com
dinheiro do lucro do petróleo, é um dos maiores do mundo. Foi criado em 1998 e,
depois de quase duas décadas, chegou à marca de U$ 1 trilhão (cerca de 3
trilhões de reais), o que equivale a 2,5 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do
país.
A Noruega criou o Fundo após descobrir uma grande
reserva de petróleo no Mar do Norte. Para extrair o petróleo, adotaram uma
política energética que colocou como prioridade o desenvolvimento social,
chegando a ficar com 80% dos lucros do petróleo. Com este dinheiro foram
formando anualmente o chamado Fundo Soberano.
Também adotaram uma estratégia de
industrialização da energia por meio da política de conteúdo local, impondo
obrigatoriedade de comprar máquinas e equipamentos no próprio país e, com isso,
gerando postos de trabalho de boa qualidade, renda e desenvolvimento
industrial.
A exploração do petróleo é feita majoritariamente
por uma empresa estatal, Statoil, controlada pelo governo. O lucro é
administrado por uma empresa do governo federal (Petoro) e os resultados são
aplicados para melhorar a vida do seu povo conforme as demandas de todo país,
principalmente investimentos em saúde, educação e tecnologia.
A média história de lucratividade do Fundo tem
sido em torno de 5,5%. Sendo que nos primeiros três meses do ano de 2017, o
fundo norueguês chegou a lucrar cerca de 32,5 bilhões de euros, algo como 120
bilhões de reais.
A Noruega tinha o equivalente a 10% do petróleo
que o Brasil possui com o pré-sal. As reservas totais deles eram avaliadas em
20 bilhões de barris e, segundo dados da British Petroleum (BP), em 2016 eram
de 7,6 bilhões de barris. Ou seja, nestes 20 anos o país retirou cerca de 12
bilhões de barris. Como a produção diária de petróleo na Noruega gira em torno
de 2 milhões de barris por dia, resta ainda mais 10 anos de produção. No
entanto, com esta estratégia conseguiram melhorar a vida de seu povo e ainda
garantir boa poupança para as gerações futuras.
A Noruega era considerada um dos países mais
pobres da Europa. Sua estratégia de desenvolvimento conseguiu distribuir renda,
usando o dinheiro do petróleo, e gerar postos de trabalho no país para melhorar
a vida de toda população. Em poucos anos, o país conseguiu atingir os melhores
índices do planeta em relação a renda per capita, com cerca de U$ 71 mil
dólares/pessoa e há 14 anos lidera o ranking do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH).
No Brasil, o modelo de partilha do lucro na
produção de petróleo foi criado a partir da descoberta das gigantescas reservas
de pré-sal, por meio dos governos Lula/Dilma, no qual parte do lucro deverá
ficar com a empresa produtora e a outra parte vai para formar o Fundo Social,
inspirado no Fundo Soberano da Noruega. Após o golpe, tudo está sob ameaça e em
ligeira destruição.
Assim como a Noruega, o Brasil deveria adotar a
estratégia de industrialização nacional e utilizar o lucro do petróleo para em
pouco tempo resolver os grandes problemas sociais do país. Imaginemos o que
poderia ser feito para a educação e saúde, sabendo que nosso país possui
reservas de 200 bilhões de barris de petróleo, dez vezes maior que a Noruega
possuía a 20 anos, quando decidiu usar o petróleo a serviço de sua nação.
No atual ritmo de produção brasileira, com cerca
de 2,7 milhões de barris/dia, teríamos petróleo equivalente a 200 anos de
produção e uma extraordinária geração de riqueza.
E o que está fazendo o Brasil? Os ilegítimos e
golpistas estão entregando nossas reservas de pré-sal para as petroleiras
estrangeiras levar o lucro embora, inclusive parte para a estatal norueguesa,
como foi a entrega da área de pré-sal do campo de Carcará. A privatização da
Eletrobrás e da Petrobrás é parte desta lógica de entrega das riquezas
estratégicas ao capital internacional.
A energia do Brasil está sendo saqueada e pouco
sobrará ao povo brasileiro se não reagirmos com a luta e a força necessária
para derrotar todas as iniciativas anti-Pátria. Por isso, dia 3 de outubro,
devemos todos e todas lutar pela soberania nacional e combater os inimigos do
Brasil. Privatizar não é a solução.
Gilberto Carlos Cervinski * - Membro do Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB) e mestrando em energia pela UFABC.
João Antônio Moraes** - Dirigente da Federação Única dos petroleiros (FUP).
Membros da Plataforma Operária e Camponesa de Energia.
João Antônio Moraes** - Dirigente da Federação Única dos petroleiros (FUP).
Membros da Plataforma Operária e Camponesa de Energia.
https://www.brasil247.com/pt/247/economia/319354/Pelo-petr%C3%B3leo-para-educa%C3%A7%C3%A3o-o-exemplo-da-Noruega.htm
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