A imprensa optou pelo discurso único, partidário, odioso e que beira o fascismo, o jornal francês Le Monde provou que há uma imprensa democrática e alternativa
por Robson Sávio R. Souza para site 24/7 – Sociedade e Eleições anti-Golpe 2018
Em mais um
nocaute na mídia empresarial nativa - que optou pelo discurso único,
partidário, odioso e que beira o fascismo -, o jornal Le Monde provou
que há uma imprensa democrática, que respeita e valoriza a pluralidade de
ideias, opiniões e projetos políticos.
Na sua
edição eletrônica, o jornal publicou uma entrevista com o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva destacando na manchete a voz do entrevistado (“Lula diz
que está pronto para assumir o poder em 2018”) e não a visão sempre enviesada
da mídia tupiniquim que insiste em transformar a opinião publicada em opinião
pública, elegendo seletivamente os bodes expiatórios e protegendo a gangue
golpista que tomou de assalto o poder em 2016, “com o Supremo, com tudo”.
Aliás,
nessa democracia de faz-de-conta à brasileira, de forma ridícula, é a mídia
empresarial que tem determinado a pauta da política nacional nos três poderes.
Como já escrevemos aqui, o que a mídia publica no final de semana transforma-se
automaticamente na agenda institucional dos podres poderes dessa republiqueta.
E que se dane o povo e as regras mais basilares até mesmo da democracia
procedimental. Nessa ordem, hoje no Brasil há de fato três poderes: o poder do
dinheiro, o poder da mídia e o poder dos golpistas.
Chama-me
atenção não somente o texto honesto, sem adjetivos, publicado pelo Le Monde mas,
principalmente, a foto selecionada para ilustrar a matéria (imagem ao lado). Ao
invés dos estereótipos depreciadores, violentos e despudorados da imagem do
ex-presidente publicados em doses cavalares pelos veículos da mídia nacional, o
jornal francês estampou uma fotografia de um líder político descontraído e
elegante. Certamente, o periódico francês não segue a cartilha de Joseph
Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, que transformou valores culturais
e políticos dos alemães em poções de ódio a alimentarem o mais perverso regime
político da história do Ocidente. E todos conhecem o fim dessa história.
Não é por coincidência que alguns discursos de fascistas retumbam atualmente na
mídia tupiniquim.
Enquanto
isso, o monumental escândalo de corrupção no futebol internacional, encabeçado
pelas organizações globo, é solenemente desprezado pela emissora dos Marinhos e
pelos seus parças da mídia nacional. Quanta hipocrisia!
Não é
preciso ser eleitor, simpatizante ou militante do PT e de Lula para reconhecer
as qualidades do ex-presidente, sua importância para a história política
nacional, sua imensa base eleitoral popular (que merece respeito) e seu
legítimo interesse em participar e disputar o poder. Basta ser honesto e
democrático.
Honestidade
e espírito democrático: duas virtudes pouco cultivadas pela mídia e por parte
da justiça brasileira, lamentavelmente.
Robson Sávio Reis Souza - doutor em Ciências Sociais, professor universitário e
membro da Comissão da Verdade de MG
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