Os sindicatos que não lutam,
que não negociam, que não exercem seu papel social, coletivo e trabalhista, não
merecem ter existência
por Rede Brasil Atual e Sul 21 – Sociedade e Administração Pública
Federal Brasileira Golpista em 2016
Vargas Neto: movimento sindical
deve priorizar a resistência à lei de ‘deforma’ trabalhista e campanhas de
sindicalização.(Memória Sindical/Youtube)
O jornalista João Guilherme
Vargas Neto, consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores, é
categórico em definir o atual estágio do golpe no Brasil. Depois de, em tempo
acelerado, aprovar o que ele chama de “lei de deforma trabalhista”, as forças
que impulsionaram a deposição de Dilma Rousseff – sobretudo a mídia tradicional
e corporações empresariais – o momento agora é de exercerem pressão ideológica,
orgânica e financeira para estrangular a ação sindical.
Em entrevista nesta segunda-feira (26/02/2018) a
Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual de São Paulo, Vargas Neto afirma que essa pressão envolve a
criminalização da obtenção de recursos para os sindicatos e procura reduzir a
base de contribuição dos trabalhadores ao número restrito de sindicalizados.
“Quando se diz que o trabalhador individualmente tem de dar seu aval à
contribuição é quase como se exigir que ele fosse sindicalizado – o que para na
casa de 18% da massa de trabalhadores”, observa. “Então as entidades sindicais,
hoje, estão lutando ferozmente para garantir recursos, realizando assembleias
que coletivamente autorizem a contribuição da categoria.”
Segundo o especialista, a história demonstrou que a
contribuição sindical foi um elemento estruturante da realidade sindical
brasileira. “Com defeitos, com problemas, mas essencialmente positivo e
relevante para a existência dos sindicatos”, diz. “As contribuições são
decorrentes de ações coletivas, exceto a filiação ao sindicato. A mensalidade é
individual, mas as outras contribuições têm de ter selo do coletivo, ou seja,
aprovação em assembleias”, defende.
Questionado sobre o fato de os chamados sindicatos
“pelegos” se beneficiarem de recurso sem lutar pelos trabalhadores, o consultor
diz “resistir ao termo ‘pelego’, por considerar que assinala uma divisão lesiva
à luta comum da classe. Mas ressalta: “Dito isto, os sindicatos que não lutam,
que não negociam, que não exercem seu papel social, coletivo e trabalhista, não
merecem ter existência. Essa é a verdade. Mas cabe às próprias categorias
efetuar essa limpeza”.
Vargas Neto destaca que há hoje quatro eixos a
serem absorvidos pelo movimento sindical: “O primeiro deles é estar junto com
as categorias na resistência à lei celerada, na resistência à lei da deforma
trabalhista. Segundo, forte sindicalização e ressindicalização, com os sindicatos
oferecendo também serviços válidos para a categoria. Terceiro, a a luta por
recursos validados coletivamente por assembleias de trabalhadores. E o quarto
eixo: a tarefa de aproximação com partidos e candidatos futuros que defendam
posições compatíveis com as posições combativas e unitárias do movimento
sindical”.
https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/politica/2018/02/midia-e-empresas-fazem-pressao-ideologica-para-estrangular-sindicatos-diz-jornalista/