98% das reservas conhecidas no
mundo estão no Brasil que é responsável atualmente por 90% do volume
comercializado no planeta...
por João Baptista Pimentel Neto para Diálogos do Sul e Brasil de Fato – Sociedade e Domínio do Comércio Mundial
Se o Brasil parasse de produzir ou vender nióbio, geraria certamente um
caos / Opera Mundi
Mas o que é afinal o nióbio ?
O nióbio é um metal branco, brilhante, de baixa
dureza, extraído principalmente do mineral columbita.
Nos Estados Unidos é chamado mais de colúmbio do
que nióbio.
É muito resistente à corrosão e a altas
temperaturas, e basta adicionar alguns gramas de nióbio a uma tonelada de aço
para deixá-lo mais leve e com maior resistência a fraturas e torções.
O nióbio é atualmente empregado em automóveis;
turbinas de avião; gasodutos; tomógrafos de ressonância magnética; nas
indústrias aeroespacial, bélica e nuclear; além de outras inúmeras aplicações
como lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos e até
piercings.
O metal existe em diversos países, mas 98% das
reservas conhecidas no mundo estão no Brasil e nosso país é responsável
atualmente por mais de 90% do volume comercializado no planeta, seguido por
Canadá e Austrália. Apesar do seu uso crescente e das inúmeras possibilidades
de aplicação, o nióbio não tem a importância e o valor que possuem, por
exemplo, o ouro e o petróleo. Mas é natural que o virtual monopólio brasileiro
desperte cobiça e preocupação das maiores potências econômicas.
O site Wikileaks divulgou
documento secreto do departamento de estado americano no qual as minas
brasileiras de nióbio eram incluídas na lista de locais cujos recursos e
infraestrutura são considerados estratégicos e imprescindíveis aos EUA. Depois
disso, uma fatia da CBMM, maior produtora mundial de nióbio, foi vendida para
companhias asiáticas, numa transação bilionária. E em 2011, um grupo de empresas
chinesas, japonesas e sul-coreanas comprou 30% do capital da mineradora com
sede em Araxá (MG) por us$ 4 bilhões.
O Brasil detém praticamente todo
o nióbio do planeta, mas
esse potencial é desaproveitado, o que se esperaria é que o Brasil tivesse uma
estratégia muito bem definida por se tratar de uma matéria-prima fundamental
para as indústrias de tecnologia de ponta e que pode ser vista como uma
fortaleza para a produção de energias limpas e para o próprio desenvolvimento
industrial do País. Com a produção restrita a dois grupos econômicos, é
“evidente” que o interesse estrangeiro é exportar o nióbio do Brasil “ao menor
preço possível”.
O Brasil poderia ganhar até 50
vezes mais o que recebe atualmente com as exportações de ferro-nióbio, caso ditasse o preço do produto
no mercado mundial e aumentasse o consumo interno do mineral. Nosso país
deveria usar o nióbio como um trunfo para atrair mais investimentos e
transferência de tecnologia. “se o Brasil parasse de produzir ou vender nióbio
hoje, isso geraria certamente um caos”, pois existe uma enorme pressão de fora
para obter um produto do qual eles precisam a um preço acessível. Apesar de
deter quase um monopólio do nióbio, o governo brasileiro nunca definiu uma
política específica para o metal ou um programa voltado para o desenvolvimento
de uma cadeia industrial que vise agregar valor a este insumo.
Pesquisa e edição: João Baptista Pimentel Neto.
Edição: Diálogos do Sul
https://www.brasildefato.com.br/2018/02/23/o-mega-esquema-criminoso-do-niobio/
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