A
privatização da Petrobras passará para o mercado controlar um ativo
extremamente estratégico. O petróleo atualmente é o principal responsável pela
geração energética no mundo, é um produto barato em comparação com os demais e
está – comprovadamente – no centro dos principais conflitos mundiais, uma vez
que quem tem petróleo hoje tem poder e segurança energética
por Juliane Furno* para
Brasil de Fato – Sociedade e Desmonte do Brasil via Golpe 2016
O
petróleo atualmente é o principal responsável pela geração energética no mundo
/ Foto: Se o preço da gasolina sobe, tudo que é “transportado” sobe de preço
também
Na semana
passada, a direção da Petrobras anunciou a venda de 60% das refinarias
Presidente Getúlio Vargas (Repar-Paraná), Abreu e Lima (RNEST-Pernambuco),
Landulpho Alves (RLAM-Bahia) e Alberto Pasqualini (Refap-Rio Grande do Sul). Se
você não é petroleiro e nem vive nenhum desses estados, talvez ache que essa
notícia pouco impactará a sua vida que segue. Só que se essa venda se confirmar
sua vida será fortemente afetada.
Te
explico em três pontos os possíveis impactos dessa tentativa de privatização da
Petrobras na sua vida!
1. A
venda dessas refinarias implica que a Petrobras passará para a iniciativa
privada – talvez estrangeira – o controle de 40% do refino de petróleo e do
transporte de derivados.
Fazendo
essa operação, a Petrobras deixa de ser uma empresa “integrada” - que atua
desde a extração do Petróleo, passa pelo refino e chega até o posto de gasolina
- e será “fatiada”.
Pois bem,
se o refino e o transporte de derivados passarem para a iniciativa privada, o
governo brasileiro perde a possibilidade de controlar o preço do combustível
que chega nas bombas dos postos.
Com a
Petrobras estatal e integrada, ela pode eventualmente ter “deficit” no refino
(ou seja, vender a gasolina por um preço abaixo do custo para o consumidor
brasileiro) e mesmo assim não ter prejuízo, porque ela pode ter um “superavit”
nos custos de produção, por exemplo. Ela também pode operar a política de controle
do preço interno da gasolina sem ficar refém da dinâmica flutuante do preço do
barril no mercado internacional.
Como
estatal ela tem como meta prioritária a busca do atendimento aos interesses
nacionais, acima da lógica da maximização do lucro. Com o refino nas mãos das
empresas privadas findam-se as possibilidades de garantir desenvolvimento
nacional e preços baixos aos consumidores, já que a lógica deixa de ser o bem
estar social e passa a ser a do mercado.
Você
também pode não ter carro e dizer que não se importa com a subida do preço do
combustível. Acontece se o preço da gasolina sobe, tudo que é “transportado”
por rodovias terá seu preço acrescido: a carne que a gente come, as roupas que
a gente veste… e isso tudo impactará fortemente na inflação do país, porque
todos os preços subirão rapidamente, diminuindo o seu poder de compra.
2. Antes
de anunciar a privatização dessas refinarias, elas já estavam operando com
capacidade ociosa, ou seja, produzindo menos do que é possível. A RLAM, na
Bahia está operando com sua carga reduzida em 43%1 por exemplo! Porque será que
produzem menos do que são capazes enquanto nossa demanda por petróleo refinado
só vem aumentado? Assim, o único jeito de suprir nossas necessidades internas é
importando petróleo. Com uma política dessas a Petrobras cria concorrentes para
ela mesma e sinaliza para a sociedade que não tem capacidade de ser a provedora
de petróleo refinado no Brasil, o que não é verdade!
Para
comprar petróleo no mercado internacional é preciso pagar em dólares (divisas).
Assim, o Estado gasta os nossos dólares para importar gasolina, utiliza uma
reserva que poderia ser gasta em outra coisa que de fato não produzimos
internamente e que é necessário importar, como equipamentos que utilizam
tecnologia que não detemos internamente. E isso ainda interfere na nossa
balança comercial: se a gente importa mais do que exporta, ficamos com deficit
de “dólares”.
3. A
privatização da Petrobras passará para o mercado controlar um ativo
extremamente estratégico. O petróleo atualmente é o principal responsável pela
geração energética no mundo, é um produto barato em comparação com os demais e
está – comprovadamente – no centro dos principais conflitos mundiais, uma vez
que quem tem petróleo hoje tem poder e segurança energética. A entrega desse
produto compromete nossa soberania nacional, nossa capacidade de
desenvolvimento e a segurança de que teremos abastecimento em quantidade
suficiente e a preços muitos parecidos do Oiapoque ao Chuí.
Edição: Daniela Stefano
https://www.brasildefato.com.br/2018/04/24/como-a-privatizacao-da-petrobras-pode-afetar-a-sua-vida/
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