Desemprego
atinge pessoas com nível superior e médio, cresce entre trabalhadores não
brancos e é especialmente cruel com os mais jovens, atingindo 28,1% na faixa
dos 18 aos 24 anos
por Marcio Pochmann* no Brasil Atual – Sociedade e Desemprego no Brasil pós-golpe
Marcello
Casal Jr. EBC/Reprodução do Brasil Atual
Rondônia registra taxa mais
elevada de desemprego em comparação com outros estados da federação
Nas
enquetes realizadas com a população, o problema da escassez do
emprego emerge com maior centralidade entre os brasileiros. Ao mesmo
tempo, o monitoramento dos riscos sociais revela que o medo do desemprego
atinge patamar inédito, tendo o IBGE apontado para o universo de quase 28
milhões de pessoas comprometidos com a procura por trabalho, equivalendo a um
trabalhador a cada três nessa dramática situação.
No governo Temer,
o retorno das políticas neoliberais em uma economia combalida pela recessão não
apenas aprofundou a dimensão do desemprego nacional. Também produziu um novo
tipo de desempregado.
A
elevação do desemprego em massa se transformou na principal referência relativa
ao decréscimo do nível de atividade econômica no Brasil. Com a redução do nível
de ocupação existente, a mão de obra crescentemente excedente passou a
enfrentar o avanço da precarização movida pelo rebaixamento dos direitos e a liberalização desde os
contratos a zero hora (trabalho intermitente) introduzidos pela
reforma trabalhista desde o ano passado.
Da mesma
forma que o tipo de ocupação foi sendo
modificado em função do decrescimento da economia nacional, o perfil
do desempregado altera-se segundo características pessoais. O contingente de
desempregados cresce mais para pessoas com ensino superior, seguido para
trabalhadores com o ensino médio.
Ao se
considerar a evolução do desemprego
conforme cor/raça percebe-se que a maior expansão transcorre para os
trabalhadores não brancos, assim como levemente mais intenso aos homens. A
evolução da taxa de desemprego nacional aponta a gravidade que assumiu para os
segmentos com menos idade. O desemprego atinge mais de 2/5 das pessoas de 14 a
17 anos (43,6% de taxa de desemprego), ao passo que na faixa de 60 anos e mais
de idade responde por 4,6%, quase 1/10 da taxa dos jovens desempregados. Na
faixa de 18 a 24 anos, a taxa do desemprego encontra-se em 28,1%, ou seja, a
cada três jovens que se encontram no mercado de trabalho, praticamente um
situa-se na condição de desempregado.
Do ponto
de vista do território nacional, o desemprego também apresenta comportamento
bem diferenciado. Entre as cinco grandes regiões geográficas, a taxa de
desemprego, a região Sul situa-se entre a que mais registra elevação, seguida
da região Sudeste, do Centro Oeste, Nordeste e Norte, embora a maior taxa de
desemprego tenha se concentrado na região Nordeste (15,9%) e a menor na região
Sul (8,4%).
O estado
da federação com maior elevação na taxa de desemprego aponta para Rondônia e o
de menor aumento no Rio Grande do Norte. Em contrapartida, o estado do Amapá,
com taxa de desemprego de 21,1%, registra o maior desemprego relativo à
População Economicamente Ativa (PEA), ao passo que Santa Catarina, com 6,5% da
PEA desempregada, mostra a menor taxa da nação.
Das 27
unidades da federação, constata-se que o conjunto de 12 estados apresenta taxa
de desemprego abaixo da média nacional (13,1%) e 15 estados, em contrapartida,
acima. Por outro lado, 17 estados registram crescimento na taxa de desemprego
abaixo da média nacional e 10 unidades da federação apresentaram acima.
O novo
perfil do desemprego no país expressa efeitos da fase do decrescimento no
conjunto das atividades econômicas, bem como da reforma trabalhista imposta
pelo governo Temer. Nesse sentido, os trabalhadores, em cada região do Brasil,
sofrem tanto da mais grave queda no nível das atividades econômicas como da
liberalização das formas rebaixadas de contratação laboral ao patronato,
autorizadas pelo atual desmonte das políticas de garantia dos direitos sociais
e trabalhista.
*Marcio Pochmann é professor do Instituto de
Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do
Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas.
https://www.redebrasilatual.com.br/revistas/142/desemprego-no-neoliberalismo-de-temer
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