Essa batalha não acabou ontem.
Ela desemboca na eleição com Lula livre ou preso. O Judiciário saiu mais
desacreditado e a vitimização de Lula, fortalecida
por Fernando Brito no Tijolaço – Sociedade e Judiciário
Brasileiro Injusto
Foto do Tijolaço
Teresa
Cruvinel, no Jornal do Brasil, faz outra boa
análise do imbroglio judicial de ontem e de suas consequências. E com o
diagnóstico que parece unãnime, salvo nos repletos de ódio insano: sem poder
fazer campanha, Lula cresce com o episódio, no qual se mostra explicitamente
que vale tudo para mantê-lo preso.
Abaixo
segue o artigo da jornalista Teresa Cruvinel:
As praças
se encheram de pessoas esperando por Lula Livre e a noite caiu sem que a ordem
de soltura do desembargador Rogério Favreto fosse cumprida. Uma sequência
de atos impróprios e mesmo ilegais postergaram a soltura até que se encontrasse
a solução para manter Lula preso, mandando às favas os escrúpulos em relação ao
Estado de Direito, como fizeram os que assinaram o AI-5. Solto, mesmo não
podendo ser candidato, Lula mudaria completamente a dinâmica da disputa presidencial.
Por isso valeu tudo ontem para mantê-lo preso.
O longo
domingo terminou com o presidente do TRF-4, Thompson Flores, decidindo que o
desembargador de plantão não tinha autoridade para conceder habeas corpus a
Lula, e dando razão a Gebran Neto, que desautorizara a soltura. Este capítulo
inesperado da saga de Lula – que em nenhum momento acreditou que seria liberado
– terá suas consequências, e a mais óbvia delas será o aumento da percepção de
que há parcialidade da Justiça contra Lula. E isso terá seus efeitos
eleitorais.
O juiz
Sérgio Moro será novamente denunciado ao Conselho Nacional de Justiça,
agora por desobediência à Justiça e quebra da hierarquia. Por outros abusos,
nunca foi molestado. Nove entre dez juristas, do porte de um Lênio Streck,
sustentaram ontem que um juiz em férias não pode se imiscuir em procedimentos
judiciais. E muito menos, determinando à PF que descumprisse a ordem de um
desembargador que lhe é superior, violando a hierarquia. Foi com absoluta
naturalidade, como se isso não fosse escandalosamente ilegal, que
policiais federais informaram os deputados petistas autores do pedido de habeas
corpus – Paulo Pimenta, Paulo Teixeira e Wadih Damous – que o juiz havia ligado
de Lisboa desautorizando a soltura.
E quem
foi que avisou Moro em Lisboa? Pimenta soube que foi o delegado-chefe, Roberval
Ricalvi. Só numa republiqueta um delegado federal, ao invés de cumprir uma
ordem judicial, vai atrás do juiz que condenou o réu, pedindo sua autorização.
Depois da ordem telefônica, Moro tascou um despacho contrário à soltura, embora
estando de férias. Esta sua disposição para sujar a toga na caça a Lula foi
maior que na condução coercitiva e que na divulgação de grampos ilegais para
impedir que Lula fosse nomeado ministro, e com isso seus processos fossem
transferidos para o STF. Difícil de prever com que rigor o CNJ examinará o
caso, agora que o Judiciário perdeu completamente a racionalidade.
A ordem
de Moro era ilegal e discutível, e por isso a PF seguiu protelando a soltura
até que viesse solução mais consistente. E veio a manifestação do desembargador
Gebran Neto, alegando o fato de ter sido relator do processo de Lula no
TRF-4. A defesa usara argumentos impróprios, induzindo seu colega Favreto
a erro, disse ele. Mas Gebran também está de férias, e logo tão impedido quanto
Moro.
Às
16hs04m Favreto expediu sua terceira ordem de soltura, dando prazo de uma hora
para ser cumprida e contestando o colega. Não fora induzido a erro algum. Lula,
além de ter ainda direito a recursos, devia ser solto em função de fato novo, a
condição de pré-candidato a presidente. Com ele preso, privado de participar da
campanha, o processo eleitoral se entortará, sem a garantia de igualdade de
oportunidades aos concorrentes.
Um país
com os nervos retesados esperou pelo transcurso desta uma hora. Atos se
formaram em Curitiba, Rio, Brasília e outras cidades. O Sindicato de São
Bernardo novamente foi ocupado. Às 18 horas, os deputados petistas foram
levados a uma sala da PF, e informados de que a ordem de soltura só agora havia
chegado. E lá ficaram sem receber informações, enquanto lá fora o país seguia
em suspense. Finalmente, a solução para manter Lula preso foi dada por Thompson
Flores, com o despacho em que deu razão a Gebran Neto.
Essa
batalha não acabou ontem. Ela desemboca na eleição com Lula livre ou preso. O
Judiciário saiu mais desacreditado e a vitimização de Lula, fortalecida.
http://www.tijolaco.com.br/blog/crunivel-no-jb/
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