“...ascensão da
extrema-direita no cenário político é resultado de uma descrença da política
pela população, promovida pelo grande capital...”
por Gabriel Valery para Rede Brasil Atual – Sociedade e Lutas Democráticas no Brasil
Imagem eleições presidente brasil 2018 (internet)
O candidato do PT a presidente, Fernando
Haddad, assinou ainda neste domingo (7/out) – dia do primeiro turno das eleições 2018
– um termo de compromisso em defesa das estatais. O documento foi divulgado
hoje pelo Comitê
Nacional em Defesa das Empresas Públicas,
um dia depois de Haddad avançar para o segundo turno. Agora, o petista representa
a esperança para "o fortalecimento das empresas públicas em nome do
interesse coletivo e da soberania
nacional", como afirma o texto. Em oposição, seu adversário no dia
28, o representante da extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL),
informa reiteradamente que vai entregar o máximo possível do patrimônio público
para empresas privadas.
A coordenadora do comitê, Maria Rita Serrano, que
esteve com Haddad, conversou com a RBA sobre o resultado das eleições e
o que as candidaturas rivais representam para a soberania do país. "Haddad
assinou o compromisso com a defesa do país. Bolsonaro, no mesmo dia, disse que
pretende vender tudo que conseguir, ao lado de [o responsável pelo programa econômico de sua
candidatura] Paulo Guedes", disse.
Maria Rita vê a ascensão da extrema-direita no
cenário político como resultado de uma descrença da política pela população
promovida pelo grande capital. "Isso é em todo o mundo. O 'mercado' vem
promovendo a divisão, através do discurso moralista e do ódio, para reinar
livre. O trabalhador perde e o capital ganha. Multinacionais, grandes
dominadores do mundo que vêm submetendo boa parte da população à miséria,
enquanto o povo se mata. As pessoas não têm consciência disso e o grande
capital segue ganhando. Reforma trabalhista, terceirização, reforma da
Previdência. Perde o povo e ganham as forças do capital."
A coordenadora argumenta e apela para que os eleitores comparem os programas de governo dos
dois candidatos. "Bolsonaro não
apresenta nada de concreto para o país, a não ser uma perspectiva de
retrocesso, preconceito e moralismo. Ele apela para isso porque não tem
propostas, ele simplesmente aglutina o desalento da população com a vida
política."
Um dos fatores que levaram a população a tal
desalento é o que Maria Rita chama de "massacre" contra a política.
"A imprensa promoveu esse massacre, com o Judiciário. Bolsonaro não é uma
opção, ele é a falta dela. Ele é a falta de esperança. A mesma coisa [é
representada por] muitos dos deputados eleitos aqui em São Paulo, como a
Janaína Pascoal, o Tiririca. Essas pessoas demonstram a completa banalização da
política", acrescentou.
Haddad
assina termo de compromisso apresentado pelo Comitê Nacional em Defesa das
Empresas Públicas
A esperança
Por outro lado, Maria Rita coloca como o ponto de
valor do processo eleitoral a sobrevivência da oposição progressista. "Nos
últimos anos, o PT foi massacrado pela imprensa e pelo Judiciário. Deram um
golpe na Dilma Rousseff. Se analisarmos esse massacre, o resultado de ontem
mostra que o PT sobreviveu. Elegeu governadores, a maior bancada do Congresso e
está no segundo turno. O cenário já foi mais pessimista."
Ironicamente, o mesmo não aconteceu para os
partidos que articularam o impeachment de Dilma em 2016. "O detalhe
interessante é esse. O PT sobreviveu diferente de seus algozes. Os partidos que
financiaram o golpe, toda essa baderna que virou o Brasil, definharam. O PSDB está perto de acabar",
disse a coordenadora.
"Maria
Rita: 'Bolsonaro não apresenta nada de concreto para o país, a não ser uma
perspectiva de retrocesso'"
"O PT sobreviveu e representa o oposto de
Bolsonaro, a retomada da esperança. O desafio agora é mostrar para parte da
população que está desconfiada que Haddad tem propostas. Sair do debate
mesquinho da moralidade, implantado pela falta de propostas de Bolsonaro. As
pessoas têm que ter plena consciência de tudo que está em jogo. Vejo
possibilidade de vitória, mas temos que diminuir o sentimento de ódio",
completou.
https://www.redebrasilatual.com.br/eleicoes-2018/discurso-moralista-e-de-odio-e-criacao-de-mercado-para-reinar-livre
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