Pressão
dos generais da ativa/ reserva e civis fazem STF adiar cada julgamento ou não permitir
que Luiz Inácio seja solto
por
Jaílson de Souza no portal
Nova Democracia – Sociedade e Lutas pelo Resgate da Democracia Brasileira
Tutela do Alto Comando das Forças Armadas ao
STF prossegue para cumprir as etapas do golpe 2016 civil-militarem vigor. Na
foto: Cármen Lúcia e o ex-comandante Villas Bôas (Centro de Comunicação Social
do Exército/portal Nova Democracia)
Após uma
série de declarações de generais da ativa e reserva do Alto Comando das Forças
Armadas (ACFA), o julgamento do Habeas Corpus (HC) de Luiz Inácio foi,
na prática adiado, embora não se saiba por quem de fato.
O
processo de HC estava “sob vistas” pedidas por Gilmar Mendes e foi liberado em
meio aos vazamentos de mensagens publicadas pelo The Intercept,
que expuseram a conspiração do Ministério Público Federal (MPF) com o ex-juiz
Sergio Moro, STF e TRF4.
A
princípio, foi noticiado pela imprensa conservadora que quem havia colocado o
processo de Lula no fim da fila foi a ministra do Supremo Tribunal Federal
(STF) Carmén Lúcia, o que na prática adiaria o julgamento. No entanto, em 24 de
junho deste ano ela desmentiu e afirmou que não tem “nada a ver” com tal ação,
pois não teria essa atribuição e só assume a presidência da Segunda Turma do
STF no dia 25/jun. A ministra insinuou que quem retirou de pauta foi Gilmar Mendes por sua
vez foi justamente quem colocou o processo em pauta anteriormente. Gilmar teria
inclusive se queixado de tal adiamento, segundo a jornalista do jornal Folha,
Mônica Bergamo.
A dúvida
sobre quem tomou tal decisão persiste e “há suspeita” de que isso tenha sido
resultado de uma ordem externa ao STF. Dentro da Suprema Corte está o general
Ajax Porto Pinheiro, como assessor da presidência atual da instância superior do judiciário que é o Tofolli. Este
militar ou funcionário público federal exerce tutela sobre o STF desde meados
de 2018.
Na
Segunda Turma do STF, a expectativa da defesa de Luiz Inácio é que ao ser
julgada em 25/jun/2019, a causa fosse ganha por 3 votos a 2, sendo que votariam
pela soltura os ministros Gilmar, Lewandowski e Celso de Mello, surpreendentemente este
último votou contra a soltura de Lula.
Antes
dessa confusão, o Alto Comando das Forças Armadas em pronunciamentos, já
havia tomado posição respaldando o “atual ministro” Sérgio Moro (funcionário
público federal) e sorrateiramente deram a ordem: não soltar Luiz Inácio.
ACFA “agitam
as baionetas”...
A
resposta mais incisiva veio do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI). Ele afirmou que “querem macular a imagem do
doutor Sérgio Moro” e afirmou que “sua integridade e devoção à pátria estão
acima de qualquer suspeita”. Em tom de ameaça, disparou: “Vão ser desmascarados,
mais uma vez. O julgamento popular dará aos detratores a resposta que merecem”.
A declaração foi publicada em uma rede social (via tweet).
O militar
da reserva Augusto Heleno, dias antes, após tomar conhecimento de
uma entrevista em que Luiz Inácio acusa Bolsonaro de ter forjado o episódio da
facada durante as eleições fraudadas em 2017, teve uma reação que chamou a
atenção em meio a uma reunião no Palácio do Planalto. Na ocasião, ele sugeriu
aos berros e socando a mesa, que o petista seja condenado a prisão perpétua.
Outro
general reservista que tomou posição bastante explícita contra qualquer soltura
do líder do PT foi Villas Bôas, agora assessor especial do GSI ou funcionário
público federal. “Do ponto de vista do ministro em si, receio que isso venha a
tomar um vulto que prejudique o país”, disse em uma entrevista no Senado, no
dia 13 de junho deste ano. Ele fez referência e comparou a outro vazamento de
conversas que causou instabilidade: a de Joesley Batista e Michel Temer, cujo
conteúdo expôs que o líder máximo da república golpeada, momento de enormes
conflitos no governo federal, gerando uma onda de instabilidade levando
agitação no Alto Comando das Forças Armadas, estimulando endurecimento golpe
civil-militar.
Villas
Bôas via tweet, já havia se pronunciado brevemente. Na ocasião, declarou que as
mensagens dão “margens para que a insensatez e o oportunismo tentem esvaziar a
operação”, numa clara referência à soltura de Lula e alguns presos políticos.
O
vice-presidente e general da reserva Hamilton Mourão (funcionário público
federal aposentado) também se pronunciou. Ele afirmou que o ex-juiz Mouro é uma
pessoa “da mais ilibada confiança” e qualificou as mensagens com o procurador Dellagnol
apenas como “conversas privadas”. Naturalmente, o ex-general não explicou por
que em tais “conversas privadas” o Sérgio Moro sugeriu novas operações,
coordenou alguns aspectos da atuação do MPF e até ordenou a não participação de
uma procuradora na audiência em Curitiba, durante julgamento de Lula.
Já o
general e ministro da Defesa, Azevedo e Silva, disse que “o ministro Moro tem a
total confiança nossa. Total confiança nossa. Ele é um ministro, ele é um homem
de muito respeito e do bem”, recusando-se a tomar posição sobre as mensagens. A
declaração foi dada dia 10 de junho deste ano.
Antes de
ser demitido da Secretaria de Governo, o ex-general e ex-ministro Santos Cruz
chamou o vazamento de “ousadia criminosa”, mas não chegou a opinar sobre o
conteúdo das conversas. “Não posso falar. Não li nenhuma linha para comentar.
Então, não posso te comentar nada. Agora, o que eu acho, do princípio da coisa,
é que você não pode admitir essa ousadia criminosa. É só isso”, disse ao portal
de notícias da Globo G1, no dia 10 de junho deste ano.
Ofensiva ao golpe 2016
Como
temos analisado, a Lava Jato, em 2014, foi o início da ofensiva ao golpe 2016 –
sob a forma de golpe “silencioso” civil-militar – desatada pelo núcleo do establishment com
o objetivo de “destruir a fachada” do sistema político brasileiro ou jogar os
políticos contra o povo, buscando salvá-lo (o povo) da profunda "crise" de representação popular e
legitimidade causada pelos políticos. Tal núcleo golpista é composto por grandes banqueiros, donos de
corporações do agronegócio, grandes empresários, funcionários públicos federais (civis e militares)
de alto escalão corruptos, pelos monopólios da imprensa, por seleto grupo treinados pelo FBI dos EUA de
procuradores e juízes desleais, alguns membros da Polícia Federal e pelos membros
anti-democratas da elite estadunidense.
Toda a
ofensiva tem por objetivo prevenir e se antecipar a pressão da sociedade
brasileira que não aceita investidas do governo federal contra a população
brasileira mais humilde, aplicadas para redirecionar o capital aos grupos
corruptos em nosso pais, às custas de maior exploração social. Medidas que o
governo petista lutou arduamente por 13 anos, apesar de muitas limitações, não conseguiu
evitar esse duro golpe 2016, por isso Lula está preso, sob ordens dessa elite
traiçoeira, que lucrou horrores durante os poucos anos da administração pública
federal do partido dos trabalhadores.
O
vazamento das mensagens – a que tudo indica realizado para pressionar o STF a
soltar Luiz Inácio – alimenta a briga entre a ala militar corrupta no Alto Comando
das Forças Armadas e a extrema-direita dentro do grupo de bolsomínios. O Alto Comando
das Forças Armadas, seus generais e ex-generais lançam ameaças e ordens sorrateiras
ao STF para que não seja solto o líder petista, pois temem perder espaço e
ganhos financeiros para o grupo dos bolsomínios. Estes participantes do golpe citados
acima, querem conduzi-lo dentro dos marcos constitucionais o máximo possível,
para não criar um campo de resistência e instabilidade, mas mantendo as
instituições sob seu controle exclusivo.
Reedição: Mazinho, no blog Mangue do
Cachoeira em 25 Junho
2019
https://anovademocracia.com.br/noticias/11302-pressao-dos-generais-faz-stf-adiar-julgamento-de-luiz-inacio
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