O Brasil só conseguirá
desenvolver com o combate das desigualdades aponta o IBGE
Renda
abaixo do mínimo é possível entre trabalhadores informais e por conta própria;
pesquisa revela que 10% da população concentra 43% da soma de rendimentos do
país
por Daniel Silveira na
revista on-line IHU Unissinos e G1 – Sociedade e Desigualdade
que Produz Violência no Brasil
Imagem na revista on-line IHU
Uma
pesquisa divulgada em 29nov2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) revela que 50% dos trabalhadores brasileiros
recebem por mês, em média, 15% menos que o salário mínimo.
O
levantamento foi feito ao longo de 2016 por meio da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios Contínua (PNAD). Naquele ano, o salário mínimo era de
R$ 880. Dos 88,9 milhões de trabalhadores ocupados no ano, 44,4 milhões recebiam, em média,
R$ 747 por mês.
A lei
brasileira prevê 1 (um) salário mínimo
para os trabalhadores com carteira de trabalho assinada. O rendimento abaixo desse valor
é possível entre a população com emprego informal e os trabalhadores por conta
própria, como vendedores ambulantes e donos de pequenos negócios.
Do total
de trabalhadores, 4,4 milhões (5%) recebem, em média, apenas R$ 73 mensais.
A soma
dos rendimentos recebidos por todos os brasileiros em 2016 foi de R$ 255
bilhões por mês em média. Desse valor, 43,4% estava concentrado nas mãos de 10%
da população do país. Já a parcela dos 10% das pessoas com os menores rendimentos
detem apenas 0,8% do total dos rendimentos de trabalhadores com carteira
assinada no Brasil.
A análise
regional mostrou que a região Sudeste concentrou R$ 132,7
bilhões ou 52 % do total de rendimento do trabalho no país, superior à soma das
demais regiões. A região Sul produz cerca de R$ 43,5
bilhões ou 17 % e o Nordeste cerca de R$ 43,8 bilhões
ou 17,2 % do total de rendimento brasileiro. Já as regiões Centro-Oeste R$ 21,8
bilhões ou 8,5% e Norte R$ 13,4 bilhões ou 5,3% produzem respectivamente do total de rendimento recebido por todos os
trabalhadores no Brasil.
"É
claro que tem de ser maior no Sudeste
porque é onde está concentrada a maior parcela da população, ou seja 42% do
país”, destacou Cimar Azeredo, Coordenador
de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Segundo Azeredo,
44% dos “outros rendimentos” pagos no país estão concentrados no Nordeste.
“Isso mostra o peso e a importância dos programas de transferência de renda
para aquela população”.
“Aí a
gente vê o tamanho da desigualdade econômica no país”, enfatizou Maria Lúcia.
Renda domiciliar por pessoa
Os 889 mil ou 1% dos trabalhadores com carteira assinada recebem, em
média, R$ 27 mil. “Isso significa que aqueles com maiores rendimentos recebiam
360 vezes mais que os com menores rendimentos”, enfatizou a pesquisadora. Assim
se conclui que o rendimento daqueles que ganham mais é 360 vezes maior do que o
dos trabalhadores que têm renda mais baixa.
Com isso, o índice de Gini, que calcula o
nível de desigualdade de renda em um país, quanto ao rendimento domiciliar por pessoa
para o Brasil naquele ano foi
estimado em 0,549. O Sul do país apresenta o menor índice, de 0,473, e o
Sudeste o maior, de 0,535. O índice de Gini vai de 0 (perfeita
igualdade) a 1 (desigualdade máxima).
O
rendimento médio real domiciliar por pessoa é de R$ 1,2 mil por mês em 2016.
Nas regiões Norte e Nordeste, a média é de R$ 772. A
maior média observa-se no Sudeste, com R$ 1,5 mil por
pessoa.
Para a
gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira,
o levantamento enfatiza a necessidade do Brasil combater as desigualdades sociais e econômicas, a fim de alavancar seu desenvolvimento.
Fontes de rendimento
Dos 205,5
milhões de habitantes no Brasil, 124,4 milhões ou 60,5% possuíam algum tipo de
renda em 2016, segundo o IBGE. A maior parcela do
rendimento da população provém da remuneração pelo trabalho, conforme apresentado
no quadro estatístico “fontes de renda” abaixo.
Segundo o
levantamento, 42,4% da população possuí rendimento de trabalho, ao passo que
24% tem algum rendimento proveniente de outras fontes, como aposentadoria e
benefícios sociais.
O IBGE
destacou ainda que havia diferenças significativas entre as regiões em relação
à fonte de rendimento da população, conforme detalhado no quadro “fontes de
renda” abaixo . No Sul, por exemplo,
47,1% das pessoas com renda a obtinham por meio do trabalho. Já o Nordeste
concentrava o maior percentual de pessoas que recebiam rendimento de outras
fontes.
Dentre os
rendimentos distintos da remuneração pelo trabalho, aposentadorias e pensões se
destacaram como a principal fonte. Da população com renda, 13,9% recebe
aposentadoria ou pensão; 2,4% recebe pensão alimentícia, mesada ou doação; 1,8%
tem renda de aluguel; e 7,7% recebe algum tipo de rendimento de outras fontes,
como rendimentos de poupança, seguro-desemprego e dos programas de
transferência de renda do governo, como o bolsa família, por exemplo.
Considerando
apenas o bolsa família, o IBGE constatou que 14,3% dos
domicílios do país têm essa fonte de renda. No Nordeste, este percentual salta
para 29,3% dos domicílios e no Norte para 27,2%. O menor percentual foi
observado no Sul com 5,4%, seguido pelo Sudeste 6,9% e Centro-Oeste 9,4%
respctivamente.
Já o Benefício
de Prestação Continuada (BPC) de assistência social
que é um tipo de ajuda mensal equivalente a um salário mínimo que o INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) proporciona à idosos com 65 anos ou mais
e pessoas com deficiência e incapacitadas para o trabalho, conforme apontou a pesquisa do IBGE, estava presente na renda de 3,4%
dos domicílios brasileiros. Nordeste e Norte são as regiões
com maior percentual deste benefício respectivamente 5,4% e 5,3%, seguidas pelo
Centro-Oeste com 3,6%, Sudeste 2,3% e Sul 2,1% das pessoas que
recebem rendimentos no Brasil.
Cimar
Azeredo
enfatizou que o rendimento médio domiciliar per capita dos domicílios onde
havia pagamento de bolsa família foi de R$ 331,
enquanto nos domicílios onde nenhum morador o recebia foi de R$ 1.446.
A análise
regional revela ainda que o Nordeste foi a região que concentra a maior parcela de
pessoas que tem renda distintas de trabalho, aposentadoria, pensão e aluguel.
Fonte: publicada em 30 novembro 2017 http://www.ihu.unisinos.br/186-noticias/noticias-2017/574194-metade-dos-trabalhadores-brasileiros-tem-renda-menor-que-o-salario-minimo-aponta-ibge
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