O relacionamento envolvendo procuradores e delegados com o ex-juiz Moro
demonstram como arbitrariedades contra direitos constitucionais eram
realizadas de forma corriqueira, sem constrangimento por nenhuma das partes da
Polícia Federal ou Ministério Público Federal
por Pamela Oliveira no portal Brasil de Fato – Sociedade, Justiça Federal,
Ministério Público e Polícia Federal Corruptos no Brasil
“Russo (Sérgio Moro) deferiu uma
busca que não foi pedida por ninguém…hahahah. Kkkkk”, escreveu o delegado
Luciano Flores em referência à Sérgio Moro / Agência Brasil
Novas
mensagens divulgadas na madrugada deste sábado (19/out/2019) pelo The
Intercept Brasil revelam como Sérgio Moro, então juiz e atual Ministro da
Justiça de Jair Bolsonaro, atuou muito além da conspiração com procuradores da força tarefa Lava
Jato. Segundo o portal de notícias, as
mensagens indicam que Moro chegou a ordenar mandados de busca e apreensão
na casa de suspeitos sem que houvesse a solicitação do Ministério Público
Federal (MPF), o que se configuraria como uma ilegalidade.
A atitude
do então juiz chegou a chocar os delegados envolvidos na Operação Lava Jato. "Russo deferiu uma busca
que não foi pedida por ninguém…hahahah. Kkkkk", diz a mensagem
de Luciano Flores, delegado da PF alocado na Lava Jato, se referindo a
Sérgio Moro pelo apelido usado por procuradores e delegados. “Como
assim?!”, pergunta em seguida Renata Rodrigues, a delegada da Polícia
Federal, e Flores responde: "Normal… deixa quieto…Vou ajeitar…kkkk".
Os
diálogos explicitam como o atual Ministro da Justiça orquestrava o planejamento
das operações, direcionando até quais materiais e provas deveriam ser
apreendidos, violando o sistema acusatório de tal forma a condenar o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma conversa realizada no dia
4 de março de 2016, o delegado Márcio Anselmo pergunta no grupo "Amigo
Secreto" se deveria aprender "as caixas do sindicato". Em
resposta, o procurador Roberson Pozzobon, membro da força tarefa Lava
Jato, aponta o que Sérgio Moro teria solicitado. Diz ele: "Moro pediu
parcimônia nessa apreensão. Acho que vale a pena ver exatamente o que vamos
apreender". Em seguida, Anselmo responde "aguardo decisão de
vocês".
As
mensagens divulgadas na Parte 22 da Vaza Jato apontam
que Moro atuava com os delegados da Polícia Federal desde o início da força
tarefa da mesma maneira como articulava com os procuradores. Segundo as
informações divulgadas pelo The Intercept Brasil, no período entre 2015
e 2016, foram encontradas nove referências a encontros entre Sérgio Moro e
delegados da Polícia Federal, demonstrando que as reuniões para detalhar
ações da Lava Jato eram comuns.
Em 23 de
outubro de 2015, a delegada da Polícia Federal, Erika Mialik Marena,
indica que foi orientada por Sérgio Moro a esperar para protocolar uma planilha
que descreveria pagamentos envolvendo políticos. "Oi Athayde, o russo
tinha dito pra não ter pressa pra eprocar isso, dai coloquei na contracapa dos
autos e acabei esquecendo de eprocar… Vou fazer isso logo", diz.
O relacionamento envolvendo
procuradores e delegados com o ex-juiz demonstram como
arbitrariedades contra direitos constitucionais eram realizadas de forma
corriqueira, sem constrangimento por nenhuma das partes.
Como Sérgio
Moro e Dallanhol Interferiam na Delação da
JBS
No início
dessa semana, o portal de notícias revelou outras mensagens pela série
Vaza Jato. Os diálogos divulgados na segunda-feira (14/nov/2019) mostram
que procuradores da operação Lava Jato programaram a divulgação de uma
denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para distrair a
população de um caso envolvendo o então Michel Temer (MDB) e a equipe do
procurador-geral da República (PGR) à época, Rodrigo Janot.
“Quem sabe
não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o
laudo”. Após Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa considerar a viabilidade
do plano, Santos Lima comemorou: “vamos criar distração e mostrar
serviço”. Segundo Dallagnol, caso divulgassem a acusação contra Lula
naquele momento, ela seria “engolida pelos novos fatos” envolvendo Temer.
Edição:
Guilherme Henrique
https://www.brasildefato.com.br/2019/10/19/sergio-moro-ordenou-mandato-de-busca-e-apreensao-sem-provocacao-do-ministerio-publico/
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