O estudo
técnico demonstra que o governo federal, para fazer caixa imediato, abrirá mão
de rendimentos muito maiores e perenes e de investimentos futuros em saúde e
educação públicas. Além disso, nota técnica elaborada pelos ex-diretores da Petrobras
Guilherme Estrella e Ildo Sauer afirma que a União cometerá erros estratégicos
graves: abdicará da capacidade de influenciar nos preços internacionais do
petróleo, controlando o ritmo de produção, impedirá o Brasil de fazer crescer
sua influência geopolítica no mundo e ainda negligenciará da cobrança do uso de
conteúdo local na produção de equipamentos
por
redação portal Brasil 24/7 –
Sociedade e Rapinagem do Governo Federal
Pós-Golpe 2016
Foto: Agência Petrobras/André Motta de Souza |
Reprodução Brasil 24/7
A rodada
de leilão de excedentes da cessão onerosa* do pré-sal representará um atentado
gravíssimo e de prejuízos sem precedentes à nossa soberania.
Um crime
será cometido amanhã contra o Brasil. Mais um, mas certamente um dos mais
graves, contra um país que, enquanto se choca com abusos cometidos pelo
presidente de extrema-direita, pode custar a perceber que o ministro da
Economia impõe, sem qualquer cerimônia, a mais brutal e destruidora agenda
neoliberal.
A rodada
de leilão de excedentes da cessão onerosa* do pré-sal representará um atentado
gravíssimo e de prejuízos sem precedentes à nossa soberania. Um dano
irreparável de entrega de nossas riquezas naturais a estrangeiros e de privação
dos brasileiros de recursos que lhes pertencem. Um verdadeiro crime de
lesa-pátria, que somente a mobilização nacional poderia impedir.
A AEPET
(Associação dos Engenheiros da Petrobras) fez um estudo minucioso sobre o
leilão de amanhã e evidencia que o Brasil sofrerá perdas sem precedentes, que
seriam evitadas se, em vez de entregar à exploração dos poços do pré-sal a
petroleiras internacionais, o governo exercesse o direito legal de contratar
diretamente a Petrobras para este trabalho.
Segundo a
AEPET, as áreas da cessão onerosa são as melhores e mais produtivas do pré-sal.
Das cinco áreas de maior produção no Brasil, três estão localizadas nesse
campo. São as mais produtivas do mundo. Se contratasse a Petrobras para a
exploração dessas áreas, “o Estado brasileiro poderia ter uma receita líquida,
a valor presente, de R$ 987,962 bilhões. Dessa receita, R$ 270 bilhões poderiam
ser destinados a todos os Estados e Municípios”.
Entretanto,
por causa de resoluções manipuladas do CNPE (Conselho Nacional de Política
Energética) e das regras do leilão, algumas sem amparo legal, a receita da
União pode cair para apenas R$ 653 bilhões e causar um prejuízo à União,
Estados e Municípios, a valor atual, de R$ 343,647 bilhões.
Algumas
mudanças nos procedimentos beneficiam os candidatos às licitações provocando
reduções no montante de recursos previstos para os três entes federativos. As
petroleiras serão autorizadas a fazer uma série de abatimentos e trocar débitos
por óleo produzido no futuro, o que diminuirá recursos de royalties e do fundo
social. Até o bônus de assinatura, fixado em R$ 106,5 bi, poderá ser pago pelas
empresas licitantes por meio de petróleo a ser extraído futuramente. O valor,
assim, servirá apenas para reforçar a curto prazo, contabilmente, o caixa do
Tesouro. Com estes abatimentos, a parte dos estados e municípios cairá para
apenas R$ 9,6 bilhões.
O estudo técnico demonstra que o
governo federal, para fazer caixa imediato, abrirá mão de rendimentos muito
maiores e perenes e de investimentos futuros em saúde e educação públicas. Além
disso, nota técnica elaborada pelos ex-diretores da Petrobras Guilherme
Estrella e Ildo Sauer afirma que a União cometerá erros estratégicos graves:
abdicará da capacidade de influenciar nos preços internacionais do petróleo,
controlando o ritmo de produção, impedirá o Brasil de fazer crescer sua
influência geopolítica no mundo e ainda negligenciará da cobrança do uso de
conteúdo local na produção de equipamentos.
Adotada
em nossos governos, a política de conteúdo local, coordenada pelo Prominp
(Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural),
representou um salto sem precedentes na indústria e na engenharia nacionais:
criou empresas e empregos de qualidade, reativou a indústria naval e chegou a
adotar um índice de nacionalização de mais de 65% em equipamentos, serviços e
tecnologia. Começou a ser destruída pelo governo golpista de Michel temer e,
hoje, ainda mais desmontada, tornará o fornecimento de equipamentos e serviços
ao setor de petróleo e gás monopólio de empresas estrangeiras.
Este
governo faz justamente o oposto do que nossos governos fizeram, quando
patrocinamos a descoberta do pré-sal e
iniciamos sua exploração sob uma legislação que garantia que a maior parte da
renda obtida ficaria para o povo brasileiro, constituindo um passaporte para o
futuro por meio dos investimentos em educação e saúde. Hoje, tentam
transformá-lo em puro instrumento para o lucro fácil de empresas estrangeiras.
O atual
governo entrega de mão beijada a nossa maior riqueza e a salvaguarda do nosso
futuro como Nação. E reduz a pó a lei
criada por Lula que garantia à Petrobras preferência na exploração dos
excedentes de petróleo.
*[Cessão
onerosa é um regime especial de exploração e produção de petróleo e gás no
Brasil, criado por Lula em 2010, por meio do qual a União cede à Petrobras o
direito de produzir até 5 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e
gás) em áreas do pré-sal. No entanto, verificou-se depois que estes poços têm
potencial para extração de até 25 bilhões de barris, o que autoriza a União a
contratar a Petrobras para continuar a exploração. A exploração destes
excedentes de petróleo é que será desnacionalizada no leilão de amanhã]
https://www.brasil247.com/economia/dilma-com-leilao-do-pre-sa-governo-bolsonaro-vende-o-futuro-do-brasil
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