Você sabe o que é carestia?
por redação do Brasil de Fato – Sociedade e Autoridades deixam o país sem rumo
Estamos vivenciando não somente a carestia, mas um aumento histórico do desemprego no país. São mais de 14 milhões de pessoas desempregadas - Getty Images-Brasil de Fato
Por que comida sobe tanto?
Quando a oferta de um produto cai e a procura aumenta, os preços sobem. É justamente o que acontece no Brasil: enquanto o agronegócio bate recordes de exportação, milhões de famílias comem cada vez menos.
1.Desmonte dos programa sociais
Bolsonaro
e sua equipe extinguiram o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea),
que garantia participação social no desenvolvimento de políticas para o setor.
Além disso, cortou recursos e enfraqueceu do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE), que prioriza cada vez menos os alimentos da agricultura
familiar.
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) também enfrenta cortes, prejudicando
agricultores e deixando escolas e creches reféns do agronegócio. Segundo a
própria ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, quase metade dos recursos
ao PAA não foram aplicados.
Outro exemplo é o
Programa de Cisternas, que garantia armazenamento de água, e que sofreu
a maior redução de orçamento da história.
O presidente vetou
ainda a Lei Assis Carvalho, aprovada na Câmara e no Senado para fomentar
a produção de limentos, com crédito de emergência, aquisição de
comida para doação, equação do endividamento e assistência
técnica.
2.Incentivo apenas para soja e para exportação
Este ano, a colheita
da soja totalizou 113,4 milhões de toneladas, gerando, só em agosto, uma
receita de exportação de quase 11 bilhões
de dólares. Quase toda a produção vai para fora do país,
principalmente para a China. A soja recebeu 47,3%
do valor total do Plano Safra 2021/2021, que deveria incentivar a
agricultura como um todo.
Além de ocupar áreas
que poderiam servir ao plantio de alimentos, a cadeia da soja emprega menos
que outros cultivos e é conhecida pelo uso desenfreado de
agrotóxicos e transgênicos.
3.Especulação
financeira e falta de estoques públicos
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi fundada
em 1990 para garantir segurança alimentar em emergências, como uma
pandemia. Se o preço dos alimentos subisse, o governo poderia vender os estoques
a preços mais baixos.
Como desmontou a
Conab e não possui um estoque regulador, Bolsonaro deixou de ter
controle sobre oferta e demanda. Hoje, a
definição dos preços é subordinado ao interesse do mercado
financeiro global, e não às necessidades da população.
4.Desemprego
e baixa renda
O Brasil precisaria empregar 5,6 milhões de pessoas
para voltar aos patamares de antes da pandemia, que já eram desesperadores.
A renda média por trabalhador empregado também caiu.
A cesta básica em
agosto subiu na maioria dos estados, e a única alternativa proposta pelo
governo é precarizar ainda mais o trabalho, com medidas que retiram
direitos.
O energia elétrica é uma das mais do mundo
Para justificar os aumentos na conta
de luz, o governo tem alegado que a crise hídrica fez despencar o
nível dos reservatórios brasileiros. O governo diz que, se a população não
aderir ao “consumo racional”, seremos castigados com racionamentos de
energia elétrica e mais reajustes.
Esse foi o tom do
pronunciamento feito em rede nacional do Ministro de Minas e Energia, Bento
Albuquerque, antes do aumento da tarifa da bandeira vermelha em 52%.
Dados do Operador
Nacional do Sistema (ONS) revelam que o volume de água que entrou nos reservatórios
das hidrelétricas brasileiras no último ano foi o quarto maior da
década.
1.Privatizações
vão piorar o cenário
Com a venda da
Eletrobras, que foi aprovada pelo Congresso em junho, a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estima um custo adicional de
R$ 400 bilhões aos consumidores nos próximos 30 anos.
Além disso, o Brasil
viverá os efeitos da chamada “conta-covid”, financiamento emergencial
feito pelo governo destinado ao setor elétrico durante a pandemia, cujas
parcelas e juros serão cobrados na fatura a partir de 2022.
2.De
novo, a política de preços
No Brasil, é barato
produzir energia elétrica. O que encarece é comprar de usinas privadas.
Hoje, mais de 70% da
energia consumida é produzida por cerca de 220 hidrelétricas que funcionam
com custos baixíssimos. Essas usinas usam como matéria-prima a água, que
é gratuita.
A Eletrobras, por
exemplo, vende 1.000 kWh de energia por R$ 65 para as distribuidoras, enquanto
companhias privadas cobram cerca de R$ 300, de acordo a Aneel.
Como consequência da
política de preços das usinas privatizadas, o consumidor final, porém,
paga mais de 10 vezes o valor cobrado pela Eletrobras (R$ 800,00 por
1.000kWh, em média).
3.Os
ricos pagam menos
A conta de luz não é
cara para todos. Indústrias, shopping centers e empresas agrícolas
pagam tarifas até 10 vezes mais baratas que o conjunto da população.
Eles são classificados como “consumidores livres”, e também pagam
menos impostos.
Quem paga essa
diferença somos nós, chamados de “consumidores cativos”. Na prática, estamos
obrigados a aceitar as tarifas que as empresas do setor elétrico e a
Aneel decidem, sem participação popular.
4.Lucros
abusivos
Os 15 maiores grupos
proprietários de usinas, linhas de transmissão e distribuição de energia
no Brasil tiveram lucro líquido de R$ 85 bilhões entre 2015 e 2019. No
mesmo período, eles pagaram mais R$ 57 bilhões em juros a bancos,
e isso tudo é cobrado nas tarifas de luz.
Descontados todos os
custos e impostos, em cinco anos essas empresas embolsaram R$ 140
bilhões por meio das contas de luz. Isso equivale a R$ 1.600,00 por
consumidor. É como se cada família brasileira tenha doado o
equivalente a 5 meses da ajuda emergencial para o enriquecimento dos
bancos e das empresas transnacionais que comandam o setor elétrico no
país.
5.O
governo joga no time das grandes empresas
Só este ano, a conta
de luz subiu 30%. O governo autoriza reajustes abusivos, permitindo às
empresas do setor aplicarem quatro tipos de aumentos: via bandeiras
tarifárias, reajuste anual, revisão periódica e revisão extraordinária.
O governo também
autorizou as companhias a cobrarem uma nova taxa, chamada Bandeira da
Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 142,00 para cada 1.000 kWh
consumidos. Se essa taxa não existisse, a conta de luz seria 23% mais
barata.
Esse aumento custa
R$ 3,5 bilhões a mais por mês para os consumidores. O governo também permite
a prática de “preço por horário”, o que significa que, das 17h às 21h,
sua tarifa poderá ser 85% mais cara.
“Ninguém tem dúvida de que os preços estão subindo. Basta fazer as contas para perceber que o salário dura cada vez menos. Bolsonaro tem culpa pelos reajustes na comida, na luz e nos combustíveis. Afinal, por que os preços não param de subir?”
Combustível
O
reajuste dos combustíveis é a principal causa da inflação, que está em torno de
7% desde janeiro.
Só este ano, o preço médio da gasolina já subiu 35,5% nos postos de
combustíveis. Ou seja, quem pagava R$ 28 por dez litros de gasolina no início
do ano, hoje paga R$ 37.
Tudo isso, em um país autossuficiente em petróleo. Entre abril de 2016 e
setembro de 2021, a produção nacional cresceu 33%. Graças às décadas de
investimento público na Petrobras e à descoberta do pré-sal, o custo de
extração reduziu quase 40% e o custo de refino caiu 30%.
Para o consumidor, no mesmo período, a gasolina subiu 86,1%, o diesel subiu
69,6% e o botijão de gás disparou 84,3%.
“35,5% foi o aumento da gasolina ao longo de 2021. Quem pagava R$ 28 por dez litros de gasolina hoje paga R$ 37”
Segundo o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, o Brasil tem “todas as condições de garantir o abastecimento nacional, com preços de combustíveis justos para a população”.
Então,
onde mora o problema dos combustíveis?
1.Paridade
de Importação
O motivo dos reajustes é o chamado Preço de Paridade de Importação (PPI),
política implementada pela Petrobras em outubro de 2016, logo após o
impeachment de Dilma Rousseff.
Desde então, o preço dos derivados produzidos nas refinarias brasileiras
aumenta toda vez que o valor do barril sobe no exterior. Para completar, quando
o dólar aumenta, a diferença é repassada ao consumidor.
2.Refinarias
Hoje, nossas refinarias operam com uma capacidade abaixo de 75%. Desde o
governo Michel Temer, o Brasil aumentou as exportações de petróleo bruto e
colocou à venda oito das 13 refinarias da Petrobras, privatizando a BR
Distribuidora, a Liquigás e praticamente todo o setor de logística, responsável
pelo escoamento e distribuição de petróleo, gás e derivados.
3.Presidente
Durante o governo Bolsonaro, a inflação acumula 15,20% (IPCA/IBGE), e o preço
do barril de petróleo subiu 73,2%. Ou seja, os combustíveis foram reajustados
muito acima da inflação e até mesmo da variação do petróleo no mercado
internacional.
“Nos dois governos do ex-presidente Lula, o preço do barril do petróleo sofreu
uma variação de 223%, mas a gasolina aumentou apenas 18%, o diesel, 30% e o gás
de cozinha teve o preço congelado entre 2003 e 2014, por meio de uma política
de subsídios”, lembra o coordenador da FUP.
Ou seja, o Estado tem instrumentos para controlar o preço cobrado do
consumidor.
Continuar com os reajustes abusivos é uma escolha de Bolsonaro e sua equipe.
Publicado no Brasil de Fato: 26 de Outubro de 2021
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2021/10/26/brasil-de-fato-lanca-tabloide-sobre-as-causas-e-impactos-do-aumento-do-custo-de-vida-no-brasil
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