...a guerra da Russia contra a Ucrania "tira um tempo vital da humanidade para evitar a extinção"... afirma Petro
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Nos sete minutos de seu discurso na Cop 27, Petro presidente eleito recentemente na Colombia solicitou a contribuição da comunidade internacional para salvar a Amazônia, definida como um dos "pilares climáticos" fundamentais, assegurando que seu país também fará sua parte, destinando 200 milhões de dólares ao ano por 20 anos. Mas não parou por aí. Se, disse ele, "desde a Cop 1 até hoje, a liderança política fracassou", foi porque para "superar a crise climática" não tomou o único caminho possível: "Parar de consumir hidrocarbonetos".
Para isso, disse, é necessário um plano global de des-carbonização
imediata: “A solução é um mundo sem carvão e sem petróleo”. Mas o mercado não pode ser
“o principal mecanismo” para combate à emergência climática, considerando que
“é precisamente a acumulação de capital que a produziu”: sendo a causa, não
pode ser também o remédio. Será, necessariamente, a mobilização da humanidade
que trará uma mudança de rumo, "não o acordo entre tecnocratas
condicionado pelos interesses das companhias de hidrocarbonetos": é, em
suma, "a hora da humanidade e não aquela dos mercados".
Para controlar os
últimos detalhes de seu discurso, todo escrito a mão, Gustavo Petro até faltou na foto
oficial dos chefes de estado na Cop 27. Ele havia anunciado um decálogo de
recomendações contra a crise climática e fazia questão que
sua mensagem chegasse alta e clara.
Um objetivo, sem
dúvida, que o presidente colombiano alcançou plenamente.
Nos sete minutos
de seu discurso, Petro solicitou
a contribuição da comunidade internacional para salvar a Amazônia, definida como um
dos "pilares climáticos" fundamentais, assegurando que seu país
também fará sua parte, destinando 200 milhões de dólares ao ano por 20 anos.
Mas não parou por aí. Se, disse ele, "desde a Cop 1 até hoje, a liderança política global fracassou",
foi porque para "superar a crise climática" não tomou o único caminho
possível: "Parar de queimar hidrocarbonetos".
Para isso, disse,
é necessário um plano global de des-carbonização imediata: “A solução é um mundo sem carvão e sem petróleo”. Mas
o mercado não pode ser “o principal mecanismo” para combate à emergência
climática, considerando que “é precisamente a acumulação de capital que a
produziu”: sendo a causa, não pode ser também o remédio. Será, necessariamente,
a mobilização da humanidade que trará uma mudança de rumo, "não o acordo
entre tecnocratas condicionado pelos interesses das companhias de
hidrocarbonetos": é, em suma, "a hora da humanidade e não aquela dos
mercados", como até hoje vem ocorrendo nas Cop’s.
Mas o Petro tinha críticas para todos:
são a Organização Mundial do
Comércio e o Fundo
Monetário Internacional que devem respeitar as decisões da Cop, e não vice-versa; o FMI deve iniciar um programa de
substituição da dívida por investimentos em adaptação e mitigação; os bancos
devem parar de financiar a economia dos hidrocarbonetos. E, finalmente, as
negociações de paz devem começar imediatamente: "A guerra", concluiu, "tira um tempo vital da humanidade
para evitar a extinção".
Se sua posição
firmemente anti-extrativista é uma exceção na própria América Latina, na frente de defesa da Amazônia Petro pode contar com importantes
aliados.
Em primeiro
lugar, Lula, que chegará
a Sharm El Sheikh no dia 14 de novembro
acompanhado, entre outros, de Marina Silva, que muitos gostariam de ver
novamente como ministra do Meio Ambiente, e precedido de enormes expectativas
em nível mundial. Não à toa, das 34 mensagens de felicitações recebidas no dia
de sua vitória, dez se referiam à questão ambiental.
Embora, ao
contrário de Petro,
continue apostando no extrativismo, Lula se empenhou em combater de forma decisiva o desmatamento
- responsável por quase 50% de todas as emissões que alteram o clima no Brasil
-, recuperando aquelas estratégias que no passado levaram a uma redução de
quase 80% na taxa de desmatamento. E prometeu ainda a criação de um Ministério
dos Povos Originários, que provavelmente será presidido, o anúncio poderia
ocorrer justamente na Cop27, por uma das maiores lideranças
indígenas do país, Sônia Guajajara, recém-eleita deputada
federal.
E com Petro e Lula também se posicionou Maduro,
embora ele também muito distante das posições anti-extrativistas do presidente
colombiano: muito duras, não por acaso, as críticas que lhe foram dirigidas em
matéria ambiental, a partir do lançamento, já em o 2016, do megaprojeto
do Arco Mineiro do Orinoco, a exploração de
uma área de 120 mil quilômetros quadrados na Amazônia venezuelana na qual foram
descobertas grandes quantidades de ouro, coltan, diamantes, ferro, bauxita e
outros minerais.
Na Cop27, porém, Maduro chegou com propostas novas, a começar por aquela,
discutida com Petro e Lula, para "retomar a defesa da Amazônia", relançando
a Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica (Otca),
criada em 1995 pela Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela e realizando, o mais
rápido possível, uma cúpula latino-americana em defesa da floresta.
Tradução: Luisa Rabolini
Publicado no IHU Unissínos: 10 Novembro 2022
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