A população do chão de fábrica e invisíveis terá que lutar contra gigantes
Os Ministérios da Saúde e da Educação sofreram um corte orçamentário de R$ 784 milhões, por determinação do Ministério do Planejamento, cujo ministro é Haddad. O corte se dá em cumprimento ao teto de gastos, aprovado no Congresso Nacional. Outros oito Ministérios tiveram verbas contingenciadas, num total de R$ 1,5 bilhão.
Educação e Saúde foram as áreas mais afetadas, correspondendo a 52,3% de
todo o bloqueio. O ministério da Saúde teve cerca de R$ 452 milhões bloqueados,
enquanto a pasta da Educação foi alvo de um contingenciamento de R$ 332
milhões. Os Ministérios do Desenvolvimento Social e do Desenvolvimento Agrário,
ambas as vitrines do governo federal, também tiveram orçamento cortado.
Os cortes ocorrem em período sensível para Saúde e Educação. No caso da
Saúde, se dá em meio às promessas do governo federal de pagamento do Piso
Nacional dos profissionais da enfermagem, o que se torna ainda mais difícil
para concretizar o aumento a esses profissionais da saúde. A Educação, por sua
vez, não recebeu até hoje investimentos significativos do governo de Luiz
Inácio. Os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb)
mal chegam a R$ 3 milhões, enquanto o previsto era de R$ 343,8 milhões. Além
disso, mais de 40 universidades não tiveram verbas destinadas ou sequer
empenhadas esse ano (valores levantados até 1ago2023).
Além das pastas da Saúde e Educação, o governo realizou cortes de R$ 144
milhões no ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, responsável pela
aplicação de programas assistencialistas como o Bolsa Família. Já o ministério
do Desenvolvimento Agrário, responsável pela reforma agrária que se desenvolve
lentamente, através do governo federal, recebeu corte de R$ 24 milhões. O setor
também tem sido deliberadamente negligenciado pelo governo nos primeiros sete
meses de gestão, voltados sobretudo ao latifúndio (agronegócio). No início do
ano, foi revelado que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) contava com somente R$ 2,43 milhões, o que torna muito lenta a
realização da reforma agrária.
Outras pastas atingidas pelo bloqueio foram Transportes (R$ 217
milhões), Cidades (R$ 144 milhões), Meio Ambiente (R$ 97 milhões), Defesa (R$
35 milhões) e Cultura (R$ 27 milhões).
Esse é o segundo bloqueio orçamentário realizado pelo governo de Luiz
Inácio a fim de garantir os interesses do dito mercado, por meio do cumprimento
do teto de gastos. Em maio/2023, um bloqueio de R$ 1,7 bilhão foi realizado.
Dentre os atingidos estavam novamente os ministérios do Desenvolvimento Social
e Desenvolvimento Agrário.
Apesar do bloqueio ser divulgado como temporário, não há garantias da
liberação da verba contingenciada, sobretudo com a aprovação do novo teto de
gastos (o chamado arcabouço fiscal). A nova medida deve ser aprovada no 2°
semestre do ano de 2023 e já é celebrada por agências internacionais, que
somente olham o pagamento da dívida brasileira.
O bloqueio é também um sinal de qual será a atitude do governo federal,
uma vez aprovado o seu novo arcabouço fiscal. Cortar tudo que der da população
humilde, para garantir o cumprimento cabal das medidas exigidas pelo mercado.
Somente nos seis primeiros meses do ano, Luiz Inácio já destinou R$ 611 milhões
às empresas e autarquias sob controle do chamado “centrão”, ao mesmo tempo, afirma
não ter dinheiro para setores que impactam diretamente a vida da população que
mais necessita. O compromisso de Lula as classes mais altas fica visível. Relembrando
que o atual bloqueio na pasta do Desenvolvimento Agrário se dá após a destinação
de centenas de milhões ao agronegócio por meio do Plano Safra. O Ministério da
Agricultura, também, segue sem ser atingido pelos contingenciamentos.
Publicado
no A Nova Democracia: 01/08/2023
Fonte: https://anovademocracia.com.br/teto-de-gastos-a-todo-vapor-governo-corta-r-784-milhoes-da-saude-e-educacao/
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