- O Brasil precisa de um projeto para a construção de uma nação soberana, não de uma pinguela que nos encaminhe aos estábulos de nossos novos senhores
Eles nascem, envelhecem, algumas vezes, sem ter sequer crescido, e mudam, também, de posição.
Há outros que conhecem Glória e Poder e depois murcham, fenecem, quando não desaparecem por simples inanição.
Há aqueles que surgem das circunstâncias da hora, da resistência e das barricadas, para fazer História.
Há os que se
organizam – ou se reorganizam, vergonhosamente - para impedir que a
História se faça, que ela avance, e que com ela caminhem os povos e a
Humanidade.
E há aqueles que
fazem de tudo para conservar as coisas como estão. Mesmo que se
disfarcem do novo, mesmo que se disfarcem de novo, e sob seus
estandartes desfilem jovens atléticos de dentes brilhantes, seus olhos
serão velhos como a morte, e de sua boca exalará o ódio, a violência e a
podridão.
Há os partidos ideológicos.
E há os que são circunstanciais e os fisiológicos.
Os que foram formados por uma determinada classe, como as antigas agremiações agrárias, proletárias, industriais.
E os oportunistas,
que não se incomodam em mudar de nome, de marca, de história, como se
trocassem de camisa - os que renegam origem e passado em troca de
eventuais benesses do momento, sem nenhuma preocupação moral com o
amanhã.
O MDB surgiu como uma frente de oposição ao regime militar que chegou ao poder com o Golpe de 1964.
Participou da Campanha das Diretas Já e da eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República.
Teve papel fundamental, sob a liderança do Deputado Ulisses Guimarães, na promulgação da Carta Constitucional de 1988.
Depois disso,
transformou-se em esteio da governabilidade, foi negociando, com os
governos de turno, apoios, em troca de cargos e benesses, e acabou,
majoritariamente, transformando-se no que é agora.
Em 1982,
acompanhamos, por meio de amigos do Movimento Democrático Brasileiro, a
formulação e redação de um documento com o nome Esperança e Mudança.
Um texto que
apresentava um programa nacional e desenvolvimentista, soberano e
autônomo, que defendia a queda dos juros, o uso estratégico do estado na
construção do desenvolvimento, a diminuição da desigualdade e nossa
integração com a América Latina.
Agora, 33 anos
depois, o PMDB acaba de lançar um documento chamado Uma Ponte para o
Futuro, a ser usado, em tese, como base para seu próximo Programa de
Governo.
De sua leitura,
depreende-se que ele pretende inviabilizar o Estado, diminuir as
conquistas sociais, entregar o que resta de patrimônio nacional aos
estrangeiros, fazer com que o Brasil saía do BRICS, e vire as costas à
América Latina
Ao lançar esse
texto - por mais bem intencionados que possam eventualmente estar alguns
de seus autores - a direção do PMDB rompe, definitivamente, com o pouco
que ainda existia de seus antigos compromissos com o país e com o
povo brasileiro.
A legenda escreve um claro, inequívoco, definitivo atestado de abandono dos ideais que lhe deram origem.
E deixa uma prova
incontestável, para a História, de sua rendição e de sua entrega àqueles
que, do exterior, cobiçam e pretendem se assenhorear definitivamente do
Brasil, de nossos recursos naturais, de nosso mercado interno, de nossa
população, de nossas perspectivas de futuro.
No momento em que a
China, com 4 trilhões de dólares em reservas internacionais em caixa,
se prepara para assumir – com uma economia majoritariamente estatal e
nacionalizada, sem rendição ao discurso único ou ao TPP - a posição de
maior economia do mundo; em que Pequim estabelece uma aliança com Moscou
para a “construção” e o desenvolvimento de todo um novo continente, a
Eurásia, com todas as oportunidades que esse projeto oferece; que o
primeiro-ministro hindu – país que acaba de enviar, por méritos
próprios, uma sonda à órbita de Marte - é recebido como o líder de uma
potência mundial, na Grã-Bretanha; que o Brasil constrói com a Suécia
uma nova geração de caças supersônicos para sua Força Aérea e forja o
casco de seu primeiro submarino atômico; boa parte da atual geração de
brasileiros se acovarda e se submete, entusiasta e pateticamente, – com
base em um discurso tão frouxo, quanto mentiroso e hipócrita - à
acoplagem secundária e abjeta da quinta maior nação do mundo ao projeto
de domínio “ocidental”, como um mero mercado de produtos e serviços e
fornecedor de commodities, defendendo o abandono do projeto do BRICS e
de nossa liderança na América Latina, para fazer o país retornar,
inapelavelmente, em pleno século XXI, à condição de colônia.
O que o Brasil
precisa, neste momento – como no momento da redemocratização - é de um
programa de união nacional, desenvolvimentista e socialmente justo, que
estabeleça um caminho próprio para o país, em um novo mundo cada vez
mais desafiante, multipolar e competitivo.
http://blogdoalok.blogspot.com.br/2015/11/mauro-santayana-pinguela-e-o-estabulo.html
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