Como conciliar a oferta de empregos com a construção de casas populares?
- Planejamento de conjuntos habitacionais para populações de baixa renda nos extremos das cidades é um desafio para a mobilidade
Por Roberto Rockmann para revista Carta Capital - Sociedade, moradia e emprego
Lena Diaz/Fotos Públicas
Com empregos e serviços concentrados em poucas regiões, São Paulo vive o caos diariamente
A valorização dos imóveis nos últimos anos, provocada pelo aquecimento do mercado imobiliário e acesso mais fácil ao crédito, intensificou um problema presente nas regiões metropolitanas. A
oferta de serviços e de trabalho está cada vez mais distante da moradia
das famílias de menor renda, que sofrem crescentemente com a infraestrutura urbana deficiente.
Isso expõe a falha política de uso e ocupação do solo nas cidades brasileiras e exige aperfeiçoamentos. Perto
de um terço dos brasileiros passa mais de uma hora por dia no
deslocamento entre sua casa e o trabalho ou escola, segundo pesquisa
recente da Confederação Nacional da Indústria. Em 2011, primeiro ano da
pesquisa sobre mobilidade urbana, 26% gastavam mais de uma hora.
Nas cidades com mais de 100 mil
habitantes, 39% dos moradores passam mais de uma hora no trânsito, e 4%
dos entrevistados gastam mais de três horas por dia.
Maior cidade do País
e uma das cinco maiores do mundo, São Paulo convive com uma oferta de
empregos e vagas em escola na zona oeste 20 vezes superior à da zona
leste.
As seis subprefeituras que formam o
centro expandido da cidade (Sé, Pinheiros, Lapa, Vila Mariana, Santo
Amaro e Mooca) reúnem 17% da população paulistana, mas 64% dos empregos.
Já a zona leste concentra quase 40% da população, embora ofereça apenas
15% dos empregos.
A principal causa dos problemas é a falta
de um planejamento que evite a concentração da oferta de atividades,
como educação, saúde, comércio e produção industrial em poucas regiões,
normalmente distantes das áreas com maior número de habitantes.
Melhorar a mobilidade exige mudanças na
ocupação do solo urbano e muito dinheiro. Estudos realizados em Belo
Horizonte apontam que a rede de linhas subterrâneas da cidade deveria
ter 150 quilômetros de extensão para atender à demanda.
Para se chegar à extensão necessária,
seria preciso investir 150 bilhões de reais. “Isso mostra o desafio que
existe, o que mostra que não será o Orçamento da União ou Orçamentos de
estados que farão o milagre.
Será preciso adotar soluções
diferenciadas, como a atração de investidores estrangeiros que possam
operar as linhas”, observa Paulo Resende, coordenador do núcleo de
infraestrutura da Fundação Dom Cabral, responsável pelos cursos de pós-graduação desta corporação de ensino.
http://www.cartacapital.com.br/especiais/infraestrutura/como-conciliar-a-oferta-de-empregos-com-a-construcao-de-casas-populares-8214.html
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