- Vivemos literalmente imersos numa "nuvem" de radiações
eletromagnéticas artificiais produzidas pela tecnologia humana. Qual o
risco de viver em meio ao bombardeio eletromagnético produzido por
celulares, computadores, tablets e outros aparatos onipresentes?
Por Luis Pellegrini do jornal Le Figaro para site 247 - Sociedade e Tecnologia na Comunicação
As ondas eletromagnéticas chegaram para ficar. Elas
alimentam os 3 ou 4 bilhões de telefones celulares que estão por aí. São
a alma da internet banda larga que faz a alegria dos viciados em
downloads. De tão atraentes, muitas cidades decidiram universalizar o
acesso gratuito e sem fios à web, no esforço de democratizar essa
tecnologia. Mas quão arriscado é viver em um mundo em que, graças ao
bombardeio eletromagnético, o celular é onipresente e pode-se mandar e
receber mensagens ou pode-se consultar o Google à beira de um rio ou no
meio de uma floresta? Cresce o número de pessoas que se sentem acuadas e
dizem sofrer as consequências de uma atmosfera tão carregada de
radiações artificiais.
O diário francês Le Monde trouxe uma reportagem sobre uma série de
casos de "eletrossensibilidade" registrados na Suécia. Em um deles, Ann
Rosenqvist Atterbom passou a usar um capacete antirradiação para evitar
enxaquecas, eritemas, náuseas, distúrbios da concentração, vertigens e
formigamentos que atribui aos excessos tecnológicos da vida moderna. Sua
conterrânea Sylvia Lindholm recebeu 18 mil euros do governo para
reformar seu apartamento, instalando cortinas-escudos e filtros sobre os
vidros das janelas, para manter os campos eletromagnéticos à distância.
Embora incomum, a eletrossensibilidade não parece ser um fenômeno isolado. A prefeitura de Paris, que lançou uma ampla rede de internet sem fio em meados do ano passado, teve de voltar atrás e desativar o sistema em quatro bibliotecas municipais, após receber uma série de reclamações dos funcionários desses estabelecimentos que tiveram dor de cabeça e vertigem.
Veredicto nebuloso
A suspeita de que as ondas eletromagnéticas podem ser nocivas à saúde não é novidade. Já foi inclusive cunhado o termo "eletrosmog" – combinação dos termos ingleses electric (elétrico) e smog (nevoeiro) – para designar o problema. A Organização Mundial da Saúde lançou em 1996 um programa destinado a investigar a possibilidade Dops efeitos nocivos do eletrosmog. Entretanto, como é comum na área, as pesquisas parecem apontar em direções diversas e o veredicto continua bastante nebuloso.
Um bom exemplo são os resultados díspares obtidos por duas pesquisas divulgadas em 2006 e que tentaram associar a ocorrência de câncer ao uso de celulares. A primeira, elaborada pela Universidade de Örebro, na Suécia, apresentou evidências concretas de que celulares e telefones fixos sem fio podem ter um componente cancerígeno. E indicou que seu uso constante e intenso – pelo menos uma hora diária por mais de dez anos – poderia aumentar em até 240% o risco de desenvolvimento de tumores cerebrais no lado da cabeça em que o usuário costuma encostar o aparelho.
A segunda pesquisa, realizada pelas universidades britânicas de Leeds, Nottingham e Manchester e o Institute of Cancer Research, chegou à conclusão oposta: não encontrou relação de causalidade entre o uso de celulares e a ocorrência de gliomas – o tipo mais comum de câncer de cérebro.
A Food and Drug Administration (FDA), agência federal americana que regulamenta, entre outras coisas, a utilização de aparatos que emitem algum tipo de radiação, chegou a questionar os resultados obtidos pelos pesquisadores suecos. Para a entidade, as conclusões são de "difícil interpretação" e contradizem uma série de estudos produzidos anteriormente. A OMS também não vê evidências de riscos relevantes, até porque os níveis típicos de exposição seriam muito inferiores aos aconselhados.
Outras organizações preferem recomendar prudência. A Universidade de Lakehead, em Ontário, no Canadá, baniu o wi-fi por decisão de seu reitor, Fred Gilbert, que invocou o princípio da precaução. Na mesma linha, a Agência Ambiental Europeia pediu no ano passado que os governos da região reduzissem a exposição a campos eletromagnéticos, argumentando que os limites aprovados hoje são excessivamente generosos.
Jacqueline McGlade, diretora-executiva da agência, declarou que "pesquisas recentes sugerem que seria prudente que as autoridades sanitárias recomendassem ações que reduzissem a exposição, especialmente de grupos vulneráveis, como as crianças". Ela lembrou os casos do amianto, do chumbo na gasolina e do tabaco – substâncias de uso difundido que só com o passar do tempo tiveram seus riscos comprovados. No futuro, os campos eletromagnéticos poderiam integrar essa lista.
Mas afinal, o que é o eletrosmog? Os especialistas o definem como uma "forma de poluição eletromagnética não ionizante". Em outras palavras, aquela produzida pelas emissões radiofônicas, pelos fios elétricos percorridos pela corrente elétrica de grande intensidade, pelas radio-ondas dos telefones celulares e do wi-fi (wireless fidelity), ou seja, os dispositivos que podem ser coligados a redes locais (telefonia, Internet, etc.), por meio de ondas de rádio.
Eletrosmog e ondas eletromagnéticas são, portanto, perturbações causadas por fontes artificiais produzidas pelo homem, que se propagam no espaço, invadindo inclusive o habitat onde vivemos.
O corpo humano e todos os seres vivos são formados de células que nascem, vivem e se reproduzem graças a um perfeito equilíbrio eletromagnético natural. As interferências externas influem no sistema vital das células e, consequentemente, na saúde física do ser vivente. Seu efeito se relaciona à modalidade de exposição (intensidade das radiações, duração das exposições, partes do corpo expostas, etc). As radiações são capazes de modificar a estrutura química das substâncias sobre as quais incidem e podem produzir efeitos biológicos a longo prazo sobre os seres vivos, interagindo com o DNA das células.
Acredita-se que as radiações possam ter efeitos sobre os seres vivos não apenas devido à sua ação térmica, mas também por causa do seu potencial cancerígeno. Nesse sentido, os sintomas das moléstias causadas pelo eletrosmog costumam aparecer súbita e inexplicavelmente. Tratam-se em geral de insônia, dor de cabeça, inquietude, cansaço, falta de iniciativa, problemas de concentração, perda de memórias, tensão nervosa sem motivo definido. Nos casos mais graves: hipertensão, taquicardia, distúrbios da visão e da audição, estado de espírito que local onde a pessoa permanece.
As pessoas que manifestam distúrbios por causa da influência do eletrosmog são chamadas de pessoas eletrossensíveis, e seu número se encontra em constante aumento.
Como se defender? O uso de roupas feitas com tecidos capazes de bloquear, pelo menos em parte, as radiações eletromagnéticas, é um dos paliativos que estão sendo estudados. Na Itália, o Grupo Creamoda, fundado em 1993, surgiu exatamente com essa finalidade. A instituição conta já com vários tecidos feitos com um fio extremamente fino, feito de ligas metálicas capazes de bloquear boa parte das ondas eletromagnéticas. Esse fio é inserido nos tecidos através de processos de alta tecnologia, respeitando o princípio da gaiola de Faraday. Interessados podem consultar o site italiano http://www.ideascudo.com/ que traz mais informações a respeito.
Vários outros estudos estão sendo feitos a respeito, mas a verdade é que encontrar-se uma solução definitiva parece, por enquanto, coisa impossível. Criamos e estamos desenvolvendo uma inteira civilização baseada no uso de equipamentos e tecnologias que se sustentam a partir dos princípios da eletrônica. As consequências disso ainda são imprevisíveis, não apenas em relação ao nosso corpo físico – e o de todos os demais seres vivos -, mas também quanto à nossa saúde e comportamentos psíquicos e mentais.
http://www.brasil247.com/pt/saude247/saude247/250507/Polui%C3%A7%C3%A3o-eletr%C3%B4nica-Um-risco-s%C3%A9rio-e-ainda-pouco-avaliado.htm
Embora incomum, a eletrossensibilidade não parece ser um fenômeno isolado. A prefeitura de Paris, que lançou uma ampla rede de internet sem fio em meados do ano passado, teve de voltar atrás e desativar o sistema em quatro bibliotecas municipais, após receber uma série de reclamações dos funcionários desses estabelecimentos que tiveram dor de cabeça e vertigem.
Veredicto nebuloso
A suspeita de que as ondas eletromagnéticas podem ser nocivas à saúde não é novidade. Já foi inclusive cunhado o termo "eletrosmog" – combinação dos termos ingleses electric (elétrico) e smog (nevoeiro) – para designar o problema. A Organização Mundial da Saúde lançou em 1996 um programa destinado a investigar a possibilidade Dops efeitos nocivos do eletrosmog. Entretanto, como é comum na área, as pesquisas parecem apontar em direções diversas e o veredicto continua bastante nebuloso.
Um bom exemplo são os resultados díspares obtidos por duas pesquisas divulgadas em 2006 e que tentaram associar a ocorrência de câncer ao uso de celulares. A primeira, elaborada pela Universidade de Örebro, na Suécia, apresentou evidências concretas de que celulares e telefones fixos sem fio podem ter um componente cancerígeno. E indicou que seu uso constante e intenso – pelo menos uma hora diária por mais de dez anos – poderia aumentar em até 240% o risco de desenvolvimento de tumores cerebrais no lado da cabeça em que o usuário costuma encostar o aparelho.
A segunda pesquisa, realizada pelas universidades britânicas de Leeds, Nottingham e Manchester e o Institute of Cancer Research, chegou à conclusão oposta: não encontrou relação de causalidade entre o uso de celulares e a ocorrência de gliomas – o tipo mais comum de câncer de cérebro.
A Food and Drug Administration (FDA), agência federal americana que regulamenta, entre outras coisas, a utilização de aparatos que emitem algum tipo de radiação, chegou a questionar os resultados obtidos pelos pesquisadores suecos. Para a entidade, as conclusões são de "difícil interpretação" e contradizem uma série de estudos produzidos anteriormente. A OMS também não vê evidências de riscos relevantes, até porque os níveis típicos de exposição seriam muito inferiores aos aconselhados.
Outras organizações preferem recomendar prudência. A Universidade de Lakehead, em Ontário, no Canadá, baniu o wi-fi por decisão de seu reitor, Fred Gilbert, que invocou o princípio da precaução. Na mesma linha, a Agência Ambiental Europeia pediu no ano passado que os governos da região reduzissem a exposição a campos eletromagnéticos, argumentando que os limites aprovados hoje são excessivamente generosos.
Jacqueline McGlade, diretora-executiva da agência, declarou que "pesquisas recentes sugerem que seria prudente que as autoridades sanitárias recomendassem ações que reduzissem a exposição, especialmente de grupos vulneráveis, como as crianças". Ela lembrou os casos do amianto, do chumbo na gasolina e do tabaco – substâncias de uso difundido que só com o passar do tempo tiveram seus riscos comprovados. No futuro, os campos eletromagnéticos poderiam integrar essa lista.
Mas afinal, o que é o eletrosmog? Os especialistas o definem como uma "forma de poluição eletromagnética não ionizante". Em outras palavras, aquela produzida pelas emissões radiofônicas, pelos fios elétricos percorridos pela corrente elétrica de grande intensidade, pelas radio-ondas dos telefones celulares e do wi-fi (wireless fidelity), ou seja, os dispositivos que podem ser coligados a redes locais (telefonia, Internet, etc.), por meio de ondas de rádio.
Eletrosmog e ondas eletromagnéticas são, portanto, perturbações causadas por fontes artificiais produzidas pelo homem, que se propagam no espaço, invadindo inclusive o habitat onde vivemos.
O corpo humano e todos os seres vivos são formados de células que nascem, vivem e se reproduzem graças a um perfeito equilíbrio eletromagnético natural. As interferências externas influem no sistema vital das células e, consequentemente, na saúde física do ser vivente. Seu efeito se relaciona à modalidade de exposição (intensidade das radiações, duração das exposições, partes do corpo expostas, etc). As radiações são capazes de modificar a estrutura química das substâncias sobre as quais incidem e podem produzir efeitos biológicos a longo prazo sobre os seres vivos, interagindo com o DNA das células.
Acredita-se que as radiações possam ter efeitos sobre os seres vivos não apenas devido à sua ação térmica, mas também por causa do seu potencial cancerígeno. Nesse sentido, os sintomas das moléstias causadas pelo eletrosmog costumam aparecer súbita e inexplicavelmente. Tratam-se em geral de insônia, dor de cabeça, inquietude, cansaço, falta de iniciativa, problemas de concentração, perda de memórias, tensão nervosa sem motivo definido. Nos casos mais graves: hipertensão, taquicardia, distúrbios da visão e da audição, estado de espírito que local onde a pessoa permanece.
As pessoas que manifestam distúrbios por causa da influência do eletrosmog são chamadas de pessoas eletrossensíveis, e seu número se encontra em constante aumento.
Como se defender? O uso de roupas feitas com tecidos capazes de bloquear, pelo menos em parte, as radiações eletromagnéticas, é um dos paliativos que estão sendo estudados. Na Itália, o Grupo Creamoda, fundado em 1993, surgiu exatamente com essa finalidade. A instituição conta já com vários tecidos feitos com um fio extremamente fino, feito de ligas metálicas capazes de bloquear boa parte das ondas eletromagnéticas. Esse fio é inserido nos tecidos através de processos de alta tecnologia, respeitando o princípio da gaiola de Faraday. Interessados podem consultar o site italiano http://www.ideascudo.com/ que traz mais informações a respeito.
Vários outros estudos estão sendo feitos a respeito, mas a verdade é que encontrar-se uma solução definitiva parece, por enquanto, coisa impossível. Criamos e estamos desenvolvendo uma inteira civilização baseada no uso de equipamentos e tecnologias que se sustentam a partir dos princípios da eletrônica. As consequências disso ainda são imprevisíveis, não apenas em relação ao nosso corpo físico – e o de todos os demais seres vivos -, mas também quanto à nossa saúde e comportamentos psíquicos e mentais.
http://www.brasil247.com/pt/saude247/saude247/250507/Polui%C3%A7%C3%A3o-eletr%C3%B4nica-Um-risco-s%C3%A9rio-e-ainda-pouco-avaliado.htm
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