“A política virou um
espetáculo midiático”: é frase que se ouve para e de todo lado, direita,
centro, esquerda
É, mas há espetáculos e espetáculos, de acordo com o roteiro, a
direção e os atores
por Flávio Aguiar da Rede Brasil Atual para Sul 21 – Sociedade e Triste Espetáculo de
Lideres Globais Patéticos
Vejamos
o exemplo maior: é claro que Trump e Kim-Jong-un estão encenando um espetáculo.
Este dispara mísseis de lá, aquele dispara rojões bufo-retóricos de cá. Mas que
ninguém se iluda: de repente um destes mísseis ou um destes rojões cai no lugar
errado e a catástrofe está feita. Mas isto não impede que eles sejam péssimos
atores. A mídia Ocidental sempre contou que Jong-un era um péssimo ator: bufo,
um adolescente de topete desafiando a águia americana como se fosse um galo
garnisé. Agora está às voltas com Trump: uma águia balofa e de topete
desafiando um galo garnisé. Afora isto, Trump, um ator de quinta categoria,
pode procurar uma briga armada com Maduro, que não é um ator. Pode merecer
críticas, mas não a de ser hipócrita como Trump.
Adiante, encontramos Macron, na França: um Doria sem botox, que
gasta milhares de euros para se embonecar para as câmaras, e agora se propõe
como o cônjuge (político) de Merkel, querendo “refundar” a União Europeia.
Temos também Rajoy, o primeiro-ministro espanhol que finge que é governo,
porque na verdade é um desgoverno na Espanha sem rumo de hoje. E se formos pela
Europa adiante, teremos de ver estas monarquias que não passam de um teatro de
bonecos e bonecas sem muito interesse nem valor estético.
Mas aí… aí entra o nosso país, hoje uma república dos bananas,
isto é, os coxinhas que ajudaram a entronizar no Planalto a maior e pior
quadrilha da nossa história. Se olharmos para seus protagonistas de hoje,
ficaremos pasmos.
Na batuta, um juiz em Curitiba que lembra o mendigo de “Deus lhe
Pague”, de Joracy Camargo dos anos 30, que com uma mão acariciava o altar e com
a outra o bezerro de ouro. Mas o mendigo dos anos 30 era Procópio Ferreira, já
este de hoje é um ator medíocre que só faz caretas de seriedade. Ao seu lado a
fiel esposa, espécie de candidata a Lady Macbeth sem a grandeza desta, só sua
avidez.
Ao redor, a caterva de procuradores, cada um pior que o outro.
Dallagnol não consegue nem fazer o papel de D’Aragnoll direito, parecendo um
guri à solta num teatrinho de colégio. E aí no meio deles aparece Palocci
fazendo o papel de Silvério dos Reis. Com papelzinho de cola na mão e tudo,
para citar certo: “pacto de sangue”…
Janpt fez tantos papeis que se perdeu. Não sabe mais o que faz.
O promotor perdido e reencontrado? Torquemada? O Grande Inquisidor? O carrasco
de Lille? Perdeu o ritmo e a iniciativa.
A Rede Globo? Perdeu-se no golpe que construiu. Mais ainda a
mídia que lhe seguiu os passos: Folha, Estado etc. Coadjuvantes de uma ópera
medíocre.
Bom, mas aí chegamos ao bufo supremo: Temer, primeiro e único. O
cara que se esconde dentro de um automóvel fechado no Dia da Pátria. E que –
ato falho – deixa de vestir a faixa presidencial neste mesmo dia. Melhor
impossível.
Tudo isto a nu, diante do mundo inteiro. Sem noção de decoro nem
vergonha na cara.
É triste. Lembro os dias da Ditadura de 64, quando éramos
acusado de “atacar a imagem do Brasil no exterior”. Hoje não precisa. Os
golpistas mesmos se encarregam disto.
https://www.sul21.com.br/jornal/o-triste-espetaculo-da-politica-contemporanea/
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