As entidades mais representativas populares diminuíram a
atuação social, setores do judiciário, grupos partidários ligados à elite
brasileira conservadora e militares (forças armadas e polícias militares) articularam
ações, para se empoderaram junto à população, de forma a buscar efetivo
controle e maior participação social...
por Adhemar T. Vieira
F. no blog Mangue do Cachoeira –
Sociedade e Democracia Brasileira Golpeada
Para ser pensada a situação da sociedade brasileira atual, são
analisados e refletidos processos sociais, jurídicos, econômicos, mercantis e
militares a partir de 2008 ou somente nos últimos 10 anos, período em que
países perderam ou ganharam a influência social e econômica vigente como nações
organizadas, em organização ou desorganização, como por exemplo, a França, Canadá,
Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália, Nicarágua, México, EUA, Argentina,
Brasil, Venezuela e Japão entre outros.
Ocorrem intensas disputas econômicas e militares, que
atingiram diretamente a organização social de vários países nitidamente na
Rússia, China, Índia, Brasil, Líbano, Síria, Emirados Árabes, Nicarágua e
Venezuela entre outros. As disputas econômicas aconteceram após a queda do muro
de Berlim, marco civilizatório profundo no ocidente e oriente, que rompeu o status quo existente durante esse período.
A influência militar e econômica dos EUA, próximo a abertura
dos países da famosa “cortina de ferro” do chamado bloco soviético, cresceu vertiginosamente,
resultando na polarização de países que juntamente com os EUA, detiveram elevada
participação no comércio inter-nações ou entre blocos econômicos e mercantis a
partir do ocidente para o oriente, principalmente entre produtores de petróleo,
produtos industrializados, tecnologia de ponta e agropecuária extensiva
(agronegócio).
A abertura comercial e industrial da China, a partir do
oriente para o ocidente sem o poderio bélico dos ditos países desenvolvidos, modificou
radicalmente o fluxo do comércio mundial alterando-o completamente, mesmo com
as guerras dos EUA e Rússia por controle e apropriação do petróleo e gás, como
por exemplo, a guerra no Afeganistão, Iraque, Síria além da participação em
golpes de estado, principalmente na América Latina, África e Oriente Médio, entre outras disputas por território, visando
o comércio global e suas riquezas.
Na América Latina, os países detentores de grandes reservas
de petróleo como Brasil (pré-sal) e Venezuela (maior reserva mundial),
atualmente são os mais disputados e cobiçados. É possível notar, que para
entendimento e análise da situação atual no Brasil, se faz necessário pensar a
situação do comércio global, no período de 10 anos mencionado anteriormente,
sem o qual haveria dificuldades no entendimento da disputa social, econômica,
jurídica, parlamentar e militar em nosso país.
Imagem do Centro Latino Americano de Políticas Estratégicas na internet
Quanto aos aspectos mercantis refletidos acima, a oscilação
no preço do petróleo vincula-se diretamente ao fluxo global de capitais,
influência econômica e militar regional, tanto na América Latina, como na
África, Ásia, Oriente Médio, Europa e América do Norte, pelos EUA e aliados, sendo
a participação africana importante neste fluxo, mas em menor proporção.
Fatos fragmentados incidem de maneira profunda e determinante
na estrutura social brasileira, bem como na América Latina, desestruturando a
frágil organização política e social atual. Como os EUA, aliados europeus e
Japão tem maior presença comercial no Brasil, perderam gradativamente
participação e influência comercial, assim como militar no Oriente Médio, Ásia
e África para países como China, Rússia, Índia e África do Sul. Desta forma, tendem
a buscar novas regiões onde possam manter o comércio e presença militar sob sua
influência e domínio.
Aspecto Social e
Políticas Públicas
É razoável o entendimento da frase: “O Brasil é a bola da
vez”. No Brasil, a gigantesca reserva de petróleo pré-sal, plantio intensivo da
soja, criação de animais (gado/suíno) e beneficiamento, exploração do ferro e
alumínio, manganês e nióbio, alguns produtos industrializados com tecnologia
avançada (veículos principalmente), reservas de água, entre outros bens em
menor proporção, intensificam a circulação de capitais no país, por grupos
econômicos nacionais e estrangeiros. As disputas para apropriação desses bens
geram grandes conflitos internos, com elevada participação de grupos
estrangeiros, principalmente EUA, China, países europeus e Japão, em maior
proporção.
Quanto ao aspecto social brasileiro, a enfraquecida
organização sindical, atividades jurídicas vinculadas ao Estado, principalmente
no nível federal e atividades jurídicas privadas vinculadas a OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil), grupos religiosos da igreja católica e pentecostal,
grupos políticos de várias tendências a nível federal, movimentos sociais
agrários como MST (Movimento dos Sem-Terra) e urbanos como MTST (Movimento dos
Sem-Teto) entre outros movimentos mais organizados e ativos, compõem o frágil
tecido social vigente na atualidade.
Imagem política pública na internet
Desta maneira, as políticas públicas nos níveis federal,
estadual e municipal nas áreas de educação tanto pública como privada, saúde,
trabalhista, mobilidade (tanto transporte público como privado), segurança (a
nível federal e estadual principalmente), aspectos ambientais na área rural e
urbana, são profundamente influenciadas pelos detentores de bens e capitais,
como descritos anteriormente. Os movimentos organizados da sociedade civil e
militar estão à mercê desses conglomerados e grupos, que exploram a grande
movimentação do capital. É perceptível o caos propagado pela mídia conservadora
através de emissoras de televisão, jornais, revistas, rádios e rede social,
controlados por grupos familiares em sua maioria, formados a partir da ditadura
militar nos anos 60, 70 e 80. Essa estratégia é direcionada com o intuito de
fragilizar alguns setores da sociedade, permitindo a influência ou mesmo
domínio de outros grupos econômicos que atualmente não estão inseridos nas
disputas, principalmente os estrangeiros. Como as plataformas digitais e
impressas independentes tem pouca penetração na população, prevalecem
informações distorcidas ou mesmo inverídicas (fake news).
Judiciário e
Participação Social Conservadora
A atuação intensiva do
judiciário na sociedade, através principalmente do Supremo Tribunal Federal
(STF) em temas diversos, mas pontualmente atuantes e influenciadores no
contexto econômico e social, voltado objetivamente às questões de âmbito
político, distorcem o conturbado processo político partidário, onde de forma
limitada, os movimentos sociais avançaram sua participação efetiva junto à
população, contrapondo às classes conservadoras que detém o poder político e econômico. O
STF propiciou em setores do judiciário, ações paralelas à Constituição, inclusive
a margem da Carta Magna (como por exemplo, a Lava Jato entre outras), amplamente
divulgado pela mídia conservadora. As correntes políticas de centro-direita não
tiveram condições de sobrepujar estas ações na alta esfera do judiciário, assim
como os movimentos sociais e grupos políticos de centro-esquerda, tanto na
atuação sindical dos trabalhadores, como grupos religiosos ou o próprio
judiciário privado representado pela OAB, até mesmo os movimentos agrários
populares organizados (por exemplo, o MST), entidades em atividades da saúde ou
associações da área de educação, tornaram-se refém na atuação da alta esfera do
judiciário.
Imagem do STF omisso no
Brasil-internet
Outros setores sociais de maior importância como militares
(força armada e polícia militar), grupos organizados ligados à mobilidade de
carga (como por exemplo, caminhoneiros) tiveram espaço para atuação social, em
um país com suas entidades mais representativas em confronto predatório. O
crime organizado, valendo-se dessa situação e ligado principalmente aos
presídios extremamente massificados e em frangalhos, insurgiu-se contra o
Estado em vários pontos do país com suas estruturas abaladas, oportunizando o
surgimento de milícias que inicialmente confrontaram o crime organizado, posteriormente
passaram a atuar de maneira articulada em determinados nichos sociais,
fragilizando e obtendo controle desses setores à margem da sociedade.
Imagem Operação Lava Jato no
Brasil-internet
Como as entidades mais representativas populares diminuíram a
atuação social, setores do judiciário, grupos partidários ligados à elite
brasileira conservadora e militares (forças armadas e polícias militares) articularam
ações, para se empoderaram junto à população, de forma a buscar efetivo
controle e maior participação social. Ocorre dessa forma a deposição da
presidenta eleita e através de divulgação intensiva da mídia conservadora,
ligada as classes sociais que detém poder e capital, grupos partidários de
centro-direita avançam a participação e influência junto a população,
possibilitando que setores políticos ultrarradicais de direita, patrocinados
por recursos ilícitos de caixa 2, milícias e fake news (notícias falsas)
conseguissem vencer as eleições para o Congresso e presidência no ano de 2018.
Democracia e radicalidade
de grupos populares autênticos
A sociedade brasileira entra em um período jamais visto no
país, com a fragilização e desarticulação dos movimentos populares
representados por sindicatos, judiciário privado (OAB), igrejas de todas as
tendências proativas a população, organizações de classe do funcionalismo
público e movimento popular agrário, entre outros movimentos articulados junto
à população. O caminho a retomar para novamente fortalecer os movimentos
populares e organizações de classe será longo e árduo, pois ocorre o empoderamento
das entidades conservadoras de centro direita e ultrarradicais, tanto junto a setores
civis como militares, grandes grupos empresariais, organizações vinculadas ao
capital (bancos privados e financeiras), partidos políticos de direita e
ultradireita, milícias e crime organizado. A população se sente “traída” por
grupos partidários tanto de direita como ultradireita, neste período confuso da
sociedade brasileira, sem entender o processo político e social. Também perderam
a confiança no alto escalão do judiciário que vinha procurando demonstrar
neutralidade, revelou-se conservador, político e elitista. A atuação dos
movimentos sociais e grupos populares organizados tende a ser radical, no
sentido de buscar a organização social desarticulada, como forma de uma
democracia justa e ativa, para uma população desestruturada e sem rumo certo,
neste momento conturbado no país. O resgate das práticas previstas na Carta
Magna é premente e socialmente urgente para restabelecimento da dignidade e
justiça social.
Imagem da democracia fragilizada no
Brasil
Através da atuação articulada e radical, o “eterno retorno”
às estruturas sociais com pilares sustentáveis, é o “caminho das pedras” que os
movimentos sociais e organizações de classe almejam atualmente, mesmo com
níveis de desemprego elevados e perdas enormes nos direitos e renda média dos
trabalhadores, prejuízos significantes na educação, saúde, mobilidade,
construção civil e pequenas atividades familiares rurais, além da ameaça de grandes
perdas na previdência social. Faz-se necessário realimentar as forças no médio
e longo prazos, por caminhos difíceis e tortuosos, poderão novamente ser
restabelecidas a participação popular autêntica, livre dos corruptos e
derrotados, restabelecendo as estruturas sociais fragilizadas.
Ano: 2020
ResponderExcluirNo calendário lunar, nas terras brasilis ou tomadas dos tupy's guaranis entre outros povos indíginas por europeus principalmente próximo a 1.500.
É ANO ELEITORAL.
Iniciando o ano com importante greve dos petroleiros da Petrobrás (que querem privatizar). Esta greve, no futuro, será um marco histórico no país do trabalhador explorado e humilhado. Se assemelhará a greve histórica, dos metalurgicos do ABC, em 1o. de maio dos anos 70, que teve participação decisiva de LULA da Silva.
Oxalá bons ventos soprem para os(as) brasileiros(as) miseráveis, que não merecem a pior elite global arraigada em nosso país.