Confederação
sindical divulgou lista em que o Brasil aparece pela primeira vez entre os 10
piores países para trabalhadores. Associação afirma que lei precarizou
contratações trabalhistas
por redação Rede Brasil Atual
– Sociedade e Exploração do Trabalhador
no Brasil
Foto _ arquivo
abet
Trabalho precário: Comissão de Aplicação de Normas da OIT decidiu que o Brasil
deve permanecer sendo monitorado devido a denúncias de que a
"reforma" trabalhista viola a Convenção 98 da entidade
São Paulo
– Monitorado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) por
causa de sua nova legislação, o Brasil foi incluído em uma lista dos 10 piores
países do mundo para os trabalhadores, segundo a Confederação Sindical
Internacional (CSI), que divulgou nesta quarta-feira (19/jun/2019) o
seu Índice Global de Direitos. É a primeira vez que o Brasil aparece entre
os 10 piores, em uma relação com 145 países, avaliados com base em 97
indicadores. A divulgação foi feita durante a 108ª Conferência Internacional do
Trabalho, em Genebra.
Segundo o presidente da CUT, Vagner Freitas, que participa
do evento na Suíça, as mudanças feitas pela Lei 13.467, de “reforma
trabalhista”, ainda na gestão Temer, contribuíram para o Brasil atingisse esse
“lamentável resultado”. E o cenário pode piorar no governo Bolsonaro,
acrescentou.
“No
Brasil, além de não haver mais legislação trabalhista, não há democracia. Há
perseguição às liberdades individuais e ao direito coletivo. E, acima de tudo,
há o desrespeito muito grande aos tratados e convenções internacionais, não
apenas no que diz respeito aos direitos trabalhistas, mas também aos direitos
humanos”, afirmou o presidente da CUT, fazendo referência a ameaças do governo
brasileiro de sair das Nações Unidas e da própria OIT, por discordar de suas
decisões. “A única saída que o governo brasileiro propõe é mais violência.
O governo propõe armar a população e ignora que o Brasil está entre os dez
países onde foram constatados assassinatos de sindicalistas, como aponta o
relatório da CSI.”
A
Comissão de Aplicação de Normas da OIT decidiu que o Brasil deve permanecer
sendo monitorado devido a denúncias de que a “reforma” trabalhista viola a Convenção 98 da
entidade, sobre direito de organização e à negociação coletiva. A organização
pediu ao governo que faça mudanças, se necessário. Embora não considere a
decisão satisfatória, o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio
Lisboa, observou que a recomendação “reforça o que tanto os trabalhadores como
o comitê de peritos disseram: não houve diálogo social para aprovação da lei”.
Segundo a
presidenta da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
(Anamatra), Noemia Porto, a OIT “instou o governo brasileiro a um amplo
diálogo com a representação dos trabalhadores e dos empregadores para que sejam
analisados os impactos da reforma e empreendidos esforços para modificações ou
aperfeiçoamentos que seja necessários”. Ela avalia que a permanência do país na
lista de possíveis violadores de direitos mostra a necessidade de um diálogo
real, com participação de representantes dos trabalhadores e dos empregadores,
para uma análise efetiva sobre os efeitos da “reforma”.
A
Anamatra entregou ao diretor-geral da OIT, Guy Ryder, nota técnica sobre a lei,
com um balanço dos 18 meses de implementação. Para a entidade, as alterações,
além de não reduzir o quadro de desigualdade social, precarizou as modalidades
de contratação, fez cair o número de convenções e acordos coletivos e
restringiu o acesso dos trabalhadores à Justiça, o que também fez cair a
arrecadação de contribuições previdenciárias.
Informações:
Anamatra e CUT
https://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2019/06/brasil-um-dos-10-piores-paises-para-trabalhadores-e-continuara-sendo-monitorado-na-oit/
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