Governo não tem mais dinheiro e está tentando sobreviver. Ministros
estão apavorados e tentando fazer milagres. Com bloqueio da verba, setores do
governo correm risco de paralisar. Na casa em que falta pão, todo mundo briga,
e ninguém tem razão...
por Selvino Heck* no
Brasil de Fato – Sociedade e o Futuro com Liberdade Popular Democrática
Precisamos de compreensão da
conjuntura, mobilizações e lutas como nas Diretas-Já e na Constituinte,
trabalho de base e frente ampla / Foto: Reprodução Sul 21
Arrisco quatro opiniões e ações
para reflexão coletiva
“Governo não tem mais dinheiro e
está tentando sobreviver. Ministros estão apavorados e tentando fazer milagres.
Com bloqueio da verba, setores do governo correm risco de paralisar. Em casa em
que falta pão, todo mundo briga, e ninguém tem razão. O Exército vai funcionar em
meio expediente, porque não tem comida para dar para o recruta que é o filho do
pobre. A situação que nos encontramos é grave. Não há maldade da minha parte.
Não tem dinheiro, só isso, mais nada.”
As
afirmações acima não são minhas, mas do Senhor Presidente da República, dias
atrás.
“Bolsonaro
traz insegurança e recessão se aproxima, diz investidor Lawrence Pih. O Brasil
está à beira do abismo”(Brasil247, 19.08).
“Economista
Samuel Pessoa está jogando a toalha: os mercados não vão resolver, precisa
investimento público. Nunca havia defendido isso, diz ele, mas a sociedade está
cansando; estamos falando da recuperação mais lenta em 120 anos” (FSP, 119.08}.
“Estudos
indicam o colapso do investimento no Brasil. Recurso para ampliar produção cai
ao menor nível em 70 anos em alguns setores. Uma recessão está chegando. É
possível saber o quão ruim ela será?” (FSP, 18.08).
“Economia
opera abaixo da capacidade em todas as regiões do país, diz Banco Central do
Brasil” (O Sul, 18.08).
“O risco
do Brasil é viver uma tempestade perfeita. De um lado, a crise internacional
afugenta o capital externo do país e o medo de uma recessão global assombra o
mundo. De outro, a política ambiental insensata está criando mais riscos. Os
próximos meses serão de muita incerteza na economia internacional. A economia
de inúmeros países está mostrando desaceleração. E isso afugenta o capital dos
países emergentes. O governo continua seu delírio ideológico contra o meio
ambiente. Nos países consumidores, aumentam as pressões para que sanções sejam
impostas ao Brasil pelo desmatamento da Amazônia” (‘Miriam Leitão: Governo
ignora alertas, e Brasil pode sofrer com erros de Bolsonaro e crise global’,
Diário do Centro do Mundo, 20.08).
“Crise se
agrava e estrangeiros tiram quase R$ 20 bi do Brasil” (Tijoçalo, 20.08).
“Estratégia
de Bolsonaro é destruição institucional”(Kennedy Alencar, 21.08).
“Brasil
vive crise de pré-nazismo, enquanto oposição emudece” (Juan Arias, El Pais,
20.8).
“Nem
mesmo em 1989, pico histórico da desigualdade brasileira, alimentada pela
inflação galopante, houve um período de concentração de renda por tantos
trimestres consecutivos. A desigualdade no Brasil aumenta há 4 anos
consecutivos, reduzindo em 17% a renda dos 50% mais pobres. A renda dos mais
ricos aumentou 2,55% e do 1% mais rico, 10,1%. Em apenas 2 anos, o Brasil
passou a ter 6,2 milhões vivendo com menos de R$ 233 por mês. Em 2014, o Índice
de Gini estava em 0,6003. No segundo trimestre de 2019, alcançou 0,6291”
(lembrando que quanto mais perto de 1 estiver o Índice, há maior desigualdade)
- (O Globo, 16.08).
“O Brasil
é o país que mais concentra renda no 1% da pirâmide. Relatório da Desigualdade
Global da Escola de Economia de Paris diz que 1% da população brasileira (cerca
de 1,4 milhão de pessoas) concentra 28,3% dos rendimentos do país, média de
ganhos de R$ 140 mil por mês. Os 50% mais pobres (71 milhões) ficam com 13,9%,
menos da metade do 1% mais rico: 1,2 mil mensais. Só Qatar, Chile, Líbano,
Emirados Árabes, Iraque estão à frente do Brasil. De acordo com o Relatório,
durante os governos do PT, entre 2003 e 2013, os mais pobres tiveram o maior
ganho em sua renda: 71,5%”(Luís Nassif, 18.08).
Precisa
dizer mais sobre o que espera o Brasil e o que vai sofrer o povo brasileiro no
próximo período? E todas as afirmações e notícias são e/ou vêm de fontes
insuspeitas: o presidente da República, o liberal Samuel Pessa, jornalões
conservadores como a Folha de São Paulo, Miriam Leitão e O Globo, entre outros.
O que
fazer neste contexto? Arrisco três opiniões e ações para reflexão coletiva, por
sinal nada originais, como caminhos necessários e urgentes para enfrentar a
profunda crise e o caos à vista, e construir futuro e esperança:
- Voltar ao, e reforçar o, trabalho na base, com organização popular e muita formação política. Crise desse tamanho e com o poderoso núcleo de poder dominante, nacional e internacional, só é possível enfrentar com organização na ponta e na base, nas vilas, nos bairros, nas comunidades, nas escolas, em todos os espaços possíveis. E saber que nada é de curto prazo. Leva tempo para ser feito. Muita paciência, pois.
- Mobilizações e lutas de massa unificadas com todos os setores dispostos a enfrentar e superar o caos que está à vista, de preferência com um centro de ação unificador, como foram, por exemplo, as Diretas-Já e a Constituinte no final da ditadura e início da redemocratização.
- Constituição de uma Frente Ampla e Democrática, superando eventuais divergências, envolvendo todos os setores progressistas, democráticos, populares e de esquerda da sociedade brasileira, inclusive nas eleições de 2020, com presença e participação de igrejas e pastorais progressistas, escolas e Universidades, movimento estudantil, movimentos sociais e populares de todos os matizes, organizações civis, setores progressistas da classe média, intelectualidade, e todas aquelas e todos aqueles que querem ajudar e estão preocupados com o povo brasileiro e a Nação, e se dispõem a defender a soberania e a democracia.
Edição: Marcelo Ferreira
https://www.brasildefato.com.br/2019/08/23/caos-a-vista-preparemo-nos/
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