Segundo
documento do procurador Deltan Dallagnol, ele havia estabelecido como meta para
2017 e 2018 descobrir empresas que pudessem estar sujeitas à jurisdição do
Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e “poderiam fazer acordo”. O documento
foi obtido pelo site The Intercept Brasil e divulgado pelo jornal El País
Brasil
por
redação do portal Brasil 24/7 – Sociedade
e Atuações do Lavajatismo Corrupto no
Brasil
Foto Agência Brasil
Conjur (veículo independente de informação sobre Direito e Justiça) - O envolvimento do governo dos
Estados Unidos com os procuradores da “lava jato” virou instrumento de pressão
sobre as empresas brasileiras para fechar acordos com o Ministério Público
Federal. Para os integrantes da força-tarefa, a presença de autoridades
estrangeiras na mesa de “negociações” servia de “fator de incentivo” para que
as companhias cooperassem com as investigações e pagassem multas – algumas
delas diretamente ao MPF.
Segundo
documento do procurador Deltan Dallagnol, ele havia estabelecido como meta para
2017 e 2018 descobrir empresas que pudessem estar sujeitas à jurisdição do
Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e “poderiam fazer acordo”. O documento
foi obtido pelo site The Intercept Brasil e divulgado pelo jornal El
País Brasil.
Em
dezembro de 2016, a petroquímica Braskem e sua controladora, a construtora
Odebrecht, assinaram acordos com o DoJ para encerrar investigações em curso nos
EUA. O caminho por meio do qual o DoJ chegou à Odebrecht foi a Braskem: a
petroquímica negocia ações na Bolsa de Valores de Nova York, o que atraiu a
competência da FCPA, a lei de corrupção internacional dos EUA.
O acordo
foi considerado um sucesso. A Odebrecht se comprometeu a pagar R$ 8,5 bilhões,
divididos entre Brasil, EUA e Suíça. Pelo acerto, 80% do dinheiro foi destinado
ao Brasil, mas sob os cuidados do MPF no Paraná.
Mas,
afora o dinheiro, tanto a Odebrecht quanto a Braskem se comprometeram a
permitir que um “monitor externo”, indicado pelos EUA, faça relatórios sobre as
atividades da empresa e os envie ao DoJ. Esses relatórios "provavelmente
incluem" informações "proprietárias, financeiras, comerciais e
concorrenciais sigilosas", diz o acordo.
Versões do
MPF brasileiro e estadunidense
A planilha de metas de Deltan indica que ele pretendia fazer mais acordos assim. Não está claro se por iniciativa dele, como forma de usar o DoJ (Departamento de Justiça dos EUA) para pressionar as empresas, ou se por iniciativa de procuradores americanos, interessados nos negócios das grandes companhias brasileiras.
A planilha de metas de Deltan indica que ele pretendia fazer mais acordos assim. Não está claro se por iniciativa dele, como forma de usar o DoJ (Departamento de Justiça dos EUA) para pressionar as empresas, ou se por iniciativa de procuradores americanos, interessados nos negócios das grandes companhias brasileiras.
Não seria
surpresa se a segunda possibilidade se confirmasse. Em julho deste ano, o
ex-embaixador dos EUA no Brasil Thomas Shannon explicou que seu governo
observava com preocupação os movimentos do governo brasileiro no Caribe e na
América do Sul, especialmente em Cuba e na Venezuela. E a conclusão dos
americanos foi que a Odebrecht era a grande parceira do governo brasileiro para
concretizar esses planos. Shannon foi embaixador entre 2010 e 2013.
Entretanto,
a assessoria de imprensa do MPF confirma a primeira hipótese. Em resposta a
questionamento da ConJur (veículo independente de
informação sobre Direito e Justiça), a Ascom (Assessoria de
Comunicação) do MPF
no Paraná disse que “a atuação conjunta do MPF com autoridades estrangeiras é
um fator de incentivo a que mais empresas resolvam cooperar com as
investigações, apresentar provas dos crimes praticados e ressarcir os valores
desviados”.
Segundo a
assessoria, essa “coordenação” tem dado segurança jurídica aos acordos, além de
garantir que o dinheiro pago pelas empresas fique no Brasil, e não nos cofres
do Tesouro dos EUA – embora, claro, o dinheiro seja enviado ao Brasil, mas
endereçado ao MPF em Curitiba, o que levou à suspensão de um dos acordos, o com
a Petrobras, pelo Supremo Tribunal Federal, e levou o ministro Alexandre de
Moraes a pedir explicações sobre o acerto com a Odebrecht.
https://www.brasil247.com/brasil/vaza-jato-deltan-procurou-empresas-para-fazer-acordo-com-governo-dos-eua
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