A falta de sinalização por parte do governo pela manutenção e, até
mesmo, a ampliação das politicas que visem manter o emprego e a renda faz com
que este cenário possa ser ainda mais devastador nos próximos meses
Analisando os dados, chegamos a
uma taxa de desemprego de aproximadamente 29%, muito mais elevada do que a
anunciada
por Iriana Cadó* no Brasil de Fato – Sociedade e Desemprego
Aumenta Desigualdade Brasileira
O cenário é tão mais desalentador, que as pessoas além de estarem
desempregadas, não estão conseguindo procurar emprego pelas dificuldades
impostas pelo atual momento - Tânia Rego/Agência Brasil
Nesta
semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os
mais recentes dados sobre o mercado de trabalho na “nova” PNAD/Covid. Amparada sob uma nova configuração
metodológica, a pesquisa busca se adaptar as medidas de isolamento social e,
procura trazer respostas às questões que se referem a esta nova realidade
social, deflagrada pelo coronavírus.
A analise
dos dados referentes ao mês de maio nos possibilita tecer importante reflexões
sobre o mercado de trabalho frente ao cenário de pandemia no Brasil. A
primeira delas, se refere a taxa de desemprego, que chega ao final de maio aos
11,4% da população, ou seja, 10,9 milhões de pessoas estavam desempregadas. Se
olharmos para este dado somente, pode parecer que temos uma conjuntura
“tranquila” e, até melhor, que outros momentos recentes da nossa economia.
Entretanto,
quando desdobramos estes dados, e olhamos outras variáveis percebemos o
contorno dramático que o mercado de trabalho brasileiro repousa. A primeira
delas é número recorde de pessoas fora da força de trabalho, ou seja, o recorde
do número de pessoas que está desempregada, mas, por algum motivo não está
procurando emprego. Seja pelo isolamento social, ou pela impossibilidade
derivada do acumulo das tarefas do lar – muitas mulheres se enquadram nesta
condição ou, até, pela falta de perspectiva de encontrar uma oportunidade.
Hoje,
nessa situação, se encontram 75 milhões de pessoas, ou seja, 41% do total de
pessoas em idade para trabalhar se encontram fora da força de trabalho. Dentre
estes sujeitos, de acordo com a pesquisa, 26 milhões (34,5%) gostariam de
trabalhar. Importante destacar que, na última pesquisa divulgada pelo IBGE
referente ao primeiro trimestre de 2020, este número era de 9 milhões de
pessoas, ou seja, o aumento é, sem dúvidas, muito expressivo.
Desta
forma, se estas pessoas começassem a procurar emprego de forma ativa, enviando
currículos, pressionando o mercado de trabalho em busca de vagas e, assim, retornassem
ao que é considerado força de trabalho, teríamos uma taxa muito mais elevada de
desemprego.
Se
somarmos estes dados temos que, o total de pessoas que gostariam de um emprego,
são 36,6 milhões de pessoas, mas só 10 milhões são consideradas desocupadas.
Se, portanto, considerarmos que todas as 36,6 milhões de pessoas poderiam
voltar a procurar emprego, de partida, poderíamos chegar a uma taxa de
desemprego de aproximadamente 29%, muito mais elevada do que a anunciada.
Ou seja,
é impossível avaliar que estamos em uma situação “favorável” só pelo baixo
número de pessoas que compõem a taxa de desocupação. Isto porque, o cenário é
tão mais desalentador, que as pessoas além de estarem desempregadas, não estão
conseguindo procurar emprego pelas dificuldades impostas pelo atual momento.
Além disso, a falta de sinalização
por parte do governo pela manutenção e, até mesmo, a ampliação das politicas
que visem manter o emprego e a renda faz com que este cenário possa ser ainda
mais devastador nos próximos meses. Os trabalhadores estão lançados a sua própria
sorte.
*Iriana Cadó é economista especialista em
economia social e do trabalho. Militante da Consulta Popular.
Edição: Rodrigo Chagas
Publicado no Brasil de Fato: 17 de Junho de 2020
Fonte:
https://www.brasildefato.com.br/2020/06/17/artigo-o-desemprego-fora-das-estatisticas-oficiais-os-ultimos-dados-sobre-mercado
É fake news demais escondendo verdades. Campanha contra mentiras na web ... com vontade e coragem ...
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