Bolsonaro será
responsabilizado pela comunicação criminosa na pandemia, diz Lalo Leal
Para sociólogo e jornalista, o papel do presidente
em relação à covid-19 contribuiu para proliferar a coronavirus em 60 à 70%
por Nayá Tawane no Brasil de Fato – Sociedade e Fake
News Chapa Branca Brasileiro
Lalo Leal pesquisa e avalia a comunicação do Governo Bolsonaro - EBC
“É uma comunicação criminosa. Quando passada essa pandemia, Bolsonaro
tem que prestar contas"
A
disseminação de notícias falsas e a utilização das redes sociais como
meios oficiais de informação do governo federal, são apenas duas das várias
estratégias de comunicação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seus
filhos e militares, segundo o sociólogo e jornalista Laurindo Lalo
Leal. Por tráz desse forma criminosa de comunicação estão Donald Trump e Steve
Bannon.
Apesar de
aparentar ser amadora, diz Leal, os métodos da transmissão dessa mensagem
oficial do governo desde o período eleitoral são altamente profissionalizados e
politizados, e não foram inventados no Brasil.
“É algo
que já havia sido testado. Foi testado numa grande potência, como os EUA, e foi
utilizado igualmente na campanha do Brexit no Reino Unido. A saída do Reino
Unido da União Europeia foi totalmente influenciada por uma campanha
publicitária semelhante à que foi, e que continua sendo, usada pelo
Bolsonaro aqui ”, afirma o analista.
Laurindo
Lalo Leal é o convidado do programa BDF Entrevista desta semana. Ele faz uma análise das estratégias
de comunicação do governo de Jair Bolsonaro, incluindo o papel de seus filhos
no esquema.
O sociólogo ainda fala sobre a "comunicação criminosa" do presidente da República em relação à pandemia da covid-19, e considera que ele deverá responder criminalmente por ela.
O sociólogo ainda fala sobre a "comunicação criminosa" do presidente da República em relação à pandemia da covid-19, e considera que ele deverá responder criminalmente por ela.
Confira
um resumo da entrevista abaixo:
Brasil de
Fato: Muitas pessoas veem a comunicação do Governo Bolsonaro como amadora. Como
você avalia isso?
Lalo
Leal: Não vejo
enquanto amadora, pelo contrário, acho que é uma comunicação altamente
profissional e politizada. De acordo com a minha pesquisa, não houve um
presidente e governo brasileiro que tivesse a mesma intensidade de informações
entre a campanha e a ocupação do governo. Praticamente não houve interrupção,
todo o movimento eleitoral continuou sendo um apoio para o, agora,
presidente da República. Isso não tinha acontecido na história. Geralmente, os candidatos
ganham a eleição e esquecem a comunicação. O que é errado inclusive. Mas
Bolsonaro não fez isso, ele manteve seus eleitores e transformou em apoiadores
do governo.
A
imprensa brasileira vem sofrendo ataques constantes por parte do governo, que fomenta
um discurso violento sobre os jornalistas. De que forma esses ataques do
presidente aos veículos jornalísticos é uma estratégia de comunicação? Como ele
se beneficia disso?
Percebemos
que a mensagem do governo não trata de políticas públicas, pelo contrário, elas
tratam de manter o embate e a disputa, como se ainda estivéssemos às vésperas
da eleição. Isso também extingue a comunicação, porque a linha das mensagens é
sempre a do conflito. É um governo que se propôs a viver tensões.
Sabemos
que o esquema das fake news gera lucro e alimenta milícias ligadas ao poder.
De
que forma essas milícias digitais operam no governo Bolsonaro enquanto
estratégia de comunicação?
As fakes
news são estratégias testadas fora do Brasil, aplicada nas eleições e mantida ao
longo do governo. Ela faz parte da estrutura de comunicação, tanto é que em
nenhum governo anterior foi constituído, como foi agora, um gabinete para
tratar e implantar a política de comunicação digital. Foi testado numa grande
potência, como os EUA, e foi utilizado igualmente na campanha do Brexit no
Reino Unido. A saída do Reino Unido da União Europeia foi totalmente
influenciada por uma campanha publicitária semelhante à que foi, e que continua
sendo, usada pelo Bolsonaro aqui. Chamamos de “milícias digitais” como uma
alusão às milícias reais, que usam de forma violenta a comunicação ao fazer
política no Brasil. As fake news não são mensagens veiculadas para a mídia, são
mensagens transmitidas diretamente para o eleitor, sem passar por nenhum
filtro.
Os filhos
do Bolsonaro, o Carlos e o Eduardo participam ativamente das redes sociais com
informações oficiais sobre o Governo. Qual o papel dos filhos do presidente
nessa comunicação?
Os filhos
do Bolsonaro desde a campanha eram os grandes mentores da comunicação de
Bolsonaro. E segundo informações que juntei, o Carlos Bolsonaro foi o
idealizador deste gabinete que propaga essas notícias pelas redes sociais. A
presença dos filhos é uma presença política, porque eles são quadros desta
extrema-direita, mas é também uma presença tecnológica, porque eles dominaram
este aparato e estabeleceram, principalmente o Eduardo, uma ponte com os
setores nos Estados Unidos que já tinham essa experiência e repassaram essa
tecnologia.
Como você
avalia a comunicação do governo Bolsonaro durante a pandemia da covid-19?
“É uma
comunicação criminosa. A expectativa é que quando passada essa pandemia, ele
venha a prestar contas do crime que ele vem cometendo na sociedade brasileira.
Essa forma de comunicação na pandemia pelo governo Bolsonaro, é, segundo alguns
especialistas que eu ouvi na área médica, responsável talvez por 60 a 70% das
mortes. Ou seja, esses óbitos poderiam ter sido evitados se a comunicação fosse
outra, fundamentada em fatos e estudos.
Edição Brasil de Fato: Mauro Ramos
Publicação: 18 de Julho de 2020
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/07/18/bolsonaro-sera-responsabilizado-pela-comunicacao-criminosa-na-pandemia-diz-lalo-leal
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