Salgadinho é mais barato que fruta': subsidiados no Brasil, ultra-processados
causam 57 mil mortes no país, diz estudo
“... se os brasileiros reduzissem o
consumo desses alimentos ultra-processados em 20%, poderiam ter sido evitadas
12 mil mortes. Caso a redução fosse de 50%, 29 mil vidas poderiam ser poupadas”
por Felipe Souza* da BBC News
Brasil – Sociedade e Pressão da
Indústria Alimentícia no Brasil
Subsidiados no
Brasil, estudo aponta que ultraprocessados causam 57 mil mortes no país, imagem
Agência Brasil
Os alimentos ultra-processados são
responsáveis por dezenas de milhares de mortes por ano no Brasil, aponta um
estudo feito em parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),
Universidade de São Paulo (USP) e Universidad de Santiago de Chile. Em um mundo
onde as pessoas têm cada vez menos tempo para se alimentar, pesquisadores e
médicos ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que esse é um problema que está
longe de ser resolvido. Para eles, a atuação do poder público, hoje falha, é a
principal saída para melhorar a qualidade da alimentação dos brasileiros.
O país acumula, na visão dos especialistas, um histórico de prioridades
erradas: concede uma série de subsídios e incentivos fiscais que barateiam e
tornam mais acessíveis os produtos industrializados — como salsicha, macarrão
instantâneo e refrigerante, por exemplo — enquanto dá pouco apoio à produção de
frutas e legumes, principalmente de pequenos produtores rurais.
O estudo que avaliou os impactos sobre a saúde dos alimentos ultra-processados
— que são os produtos que passaram por maior processamento industrial e contêm
substâncias sintetizadas em laboratório como os corantes, conservantes e
aromatizantes — apontou que ele foram
responsáveis pela morte de 57 mil pessoas no Brasil, com base em dados de 2019,
os mais recentes disponíveis sobre o tema. Para efeito de comparação, no mesmo
ano, 45,5 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, segundo o Sistema de
Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, as Doenças Crônicas
Não-Transmissíveis (DCNTs), que são permanentes, geralmente irreversíveis e
necessitam de um longo período de acompanhamento e reabilitação, estão
diretamente ligadas aos ultra-processados. Essas doenças, como câncer,
problemas cardíacos, respiratórios e renais e hipertensão, foram incluídas na
lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das dez principais causas
de morte no mundo. De acordo com o Ministério da Saúde, elas respondem por mais
de 70% das mortes.
Um projeto de lei que prevê a taxação da venda de refrigerantes em até 20% tramita Senado. O texto já foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais e agora segue à Comissão de Assuntos Econômicos.
O projeto de lei prevê que 80% do dinheiro arrecadado sejam destinados a despesas com ações e serviços públicos de saúde, seguindo diretrizes do SUS. Esse dinheiro seria recolhido ao Tesouro Nacional e repassado diretamente ao Fundo Nacional de Saúde.Os outros 20% restantes serviriam para custear programas e projetos esportivos e para-desportivos.
A pesquisa sobre os ultra-processados aponta que mais de 10% das 540 mil
mortes registradas no país em 2019 são atribuíveis ao consumo destes produtos.
Segundo os pesquisadores, se os
brasileiros reduzissem o consumo desses alimentos ultra-processados em 20%,
poderiam ter sido evitadas 12 mil mortes. Caso a redução fosse de 50%, 29 mil
vidas poderiam ser poupadas.
Pediatra e nutróloga do Centro de Recuperação e Educação Nutricional
(Cren), Maria Paula de Albuquerque afirma que, no Brasil, a indústria de
alimentos ultra-processados é pouco cobrada pelos eventuais danos causados à
saúde dos consumidores.
"Não é cobrada pelo diabetes, obesidade, hipertensão e vários tipos
de câncer que causa na população. Pelo contrário, tem incentivo fiscal. Existe
a falácia de que se a pessoa não quiser comer alimentos ultra-processados, ela
não come. Atualmente, o agricultor familiar não tem o mesmo apoio e incentivo
que a indústria. O alimento fresco está mais caro que o ultra-processado",
afirma à BBC News Brasil.
O estudo se baseou em dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com informações de 2017
e 2018 sobre a participação dos alimentos ultra-processados no total de
calorias ingeridas pelos brasileiros, além de dados demográficos e de
mortalidade de 2019 e um estudo que revisou pesquisas sobre a associação entre
a ingestão desses alimentos e o risco de mortalidade para chegar aos efeitos
associados ao seu consumo.
Os ultra-processados são geralmente encontrados em
embalagens e vendidos para o consumo ou preparo rápido, como biscoitos
recheados, salgadinhos, salsichas e macarrão instantâneo
Como mudar a atual situação?
Maria Paula de Albuquerque integrou o Grupo de Trabalho de Saúde e
Nutrição da Agenda 227, que produziu 148 propostas de políticas públicas a
serem implementadas no próximo governo federal, e diz que são necessários
incentivos fiscais e a implementação de políticas públicas que priorizem a
produção e publicidade de alimentos nutritivos.
"Observamos um aumento do excesso de peso não somente nos adultos,
mas também em crianças, já na pré-escola. Para enfrentar um problema tão
complexo, precisamos desde o início trazer o tema da nutrição para dentro das
escolas e dos conteúdos pedagógicos por meio de educação alimentar e
nutricional. É preciso educar as crianças e seus familiares e capacitar
profissionais de educação e saúde", diz a nutróloga.
A pesquisa mais recente sobre obesidade do IBGE, de 2019, revelou que o
número de adultos com mais de 20 anos com excesso de peso (Índice de Massa
Corporal - IMC - maior que 25) mais do que dobrou. Subiu de 12,2% em 2003 para
26,8% em 2019.
"Hoje, vivemos em um ambiente que favorece a obesidade. Quase tudo
conspira para que você coma alimentos não saudáveis. Está na hora dos alimentos
ultra-processados serem abordados como o tabaco, porque esses produtos levam ao
vício", afirma.
Refrigerantes e cerveja estão entre os dez
alimentos mais consumidos pelos brasileiros, imagem Reuters
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Yale, nos Estados
Unidos, revelou que os alimentos se tornam viciantes principalmente por conter
altas doses não naturais de carboidratos refinados, açúcares e gordura.
Uma pesquisa feita pelo professor de Economia da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp) Walter Belik, em parceria com o Instituto de Manejo e
Certificação Florestal e Agrícola e apoiado pelo Instituto Ibirapitanga e
Instituto Clima e Sociedade, revelou que o brasileiro gastou, em 2020, R$ 831
milhões com refrigerantes e R$ 693 milhões em cerveja mais do que com arroz (R$
821 milhões) e feijão (R$ 408 milhões). Os maiores gastos foram com as carnes
bovina (R$ 2,8 bilhões) e de frango (R$ 1,7 bilhão).
O levantamento apontou ainda que o consumo de alimentos in
natura caiu 7% entre 2002 e 2018, enquanto os de processados e ultra-processados
subiram 18% e 46%, respectivamente. A compra de refeições prontas aumentou
250%.
De acordo com um estudo feito pela Unifesp, o Sistema Único de Saúde
(SUS) gasta R$ 1,5 bilhão anualmente apenas com custos relacionados a obesidade
e sobrepeso.
Mexer no bolso para reduzir consumo
de ultra-processados
Andre Braz, economista da FGV e coordenador-adjunto do Índice de Preços
ao Consumidor (IPC), diz que, em 2022, o preço dos alimentos in natura subiu
mais do que os de processados e ultra-processados.
A inflação medida pelo IPC em dezembro de 2022 foi de 4,3%, em relação
ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, a cebola subiu 114,66%, a maçã,
57,53%, a batata inglesa, 52,56% e a banana nanica, 35,96%.
Já entre os alimentos processados e ultra-processados, os maiores
aumentos foram da maionese (32,25%), do tempero pronto (18,75%) e do macarrão
instantâneo (19,73%), segundo o IPC.
Para Braz, muitas pessoas optam por comer um alimento ultraprocessado a
uma fruta por uma questão cultural.
Para o economista André Braz, a solução é
desetimujlar o consumo de ultra-processdos por meio de taxação dos produtos,
imagem Pamedia
"O alimento ultra-processado é prático. Não precisa cozinhar ou
descascar. Tem alguns que você só abre a lata e come. Essa praticidade é
conveniente para quem trabalha muitas horas. É comida barata e com muita
caloria, então você vicia naquilo. Seu corpo está com fome, você come rápido,
ele para de reclamar e você vicia em algo pouco nutricional", afirma.
Esse é um problema de saúde que bate às portas do SUS. Para o
economista, as empresas que vendem produtos que causam doenças e mortes
deveriam pagar por esse custo extra aos cofres públicos.
"Esses produtos geram um problema para a administração pública. O
cigarro vicia, mas tem um imposto gigante. A salsicha, não. Você pode se
intoxicar de salsicha, mas a contrapartida de imposto não é suficiente para custear
o governo. A cerveja ainda tem um imposto alto também, mas os outros alimentos
não", afirma.
Para Andre Braz, a solução é desestimular o consumo de ultraprocessados
por meio da taxação destes produtos.
"Assim, você estimula o indivíduo a largar a lata de sardinha e
pegar a fruta. O ideal é que esses alimentos sejam taxados para que esse
dinheiro seja destinado a hospitais e educação infantil. Se o preço do
refrigerante triplicar, as pessoas correm para o suco em pó. Se aumentar
também, elas vão comprar água ou suco natural", afirma.
Rótulo e o desestímulo de alimentos
ultra-processados
Para Maria Paula de Albuquerque, é necessária a adoção de leis para
desestimular o consumo de ultra-processados no país.
"A lei de rotulagem no Brasil avança em passos lentos.
Especialistas e a sociedade civil, em consulta pública solicitaram uma
rotulagem frontal octagonal, a mesma usada no Chile, que privilegia as
informações de alerta para o consumidor, como alimento com alto teor de gordura
ou açúcar. Mas o modelo entregue pela Anvisa usou um rótulo frontal menor e,
portanto, com menos impacto", diz.
A lei de rotulagem no Chile foi alterada em 2019 com o objetivo de
fornecer informações mais claras e precisas aos consumidores sobre os produtos
que compram. Entre as principais medidas, estão os rótulos de advertência com
destaque em octógono quando o alimento contém substâncias potencialmente
nocivas à saúde, como bebidas alcoólicas e cigarros.
No país, também são exigidas as identificações de alergênicos e
informações nutricionais, como quantidade de calorias, sódio e açúcar.
Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que
o Brasil adotou em 2019 o modelo de rotulagem frontal que indica ao consumidor
os alimentos com alto índice de sódio, açúcar e gordura. Segundo o órgão, a
escolha está "largamente amparada em dados técnicos" e se aplica aos
alimentos embalados, processados e ultraprocessados.
Estuda aponta que consumode produtos
ultra-processados pode viciar, imagem da Reuters
"Antes de propor o design de lupa na rotulagem
nutricional frontal, a Anvisa analisou os modelos adotados, de forma mandatória
ou voluntária, em mais de 40 países. Entre as mais de 82 mil contribuições
recebidas na consulta pública, foram recebidas manifestações para a melhoria
dos critérios de legibilidade e design do modelo de rotulagem nutricional
frontal proposto, de forma a permitir sua declaração na diversidade de tipos e
tamanhos de embalagens disponíveis no mercado", informou a Anvisa.
Segundo o órgão, o modelo da lupa foi escolhido por
"ser o mais alinhado ao objetivo regulatório traçado, por facilitar a
compreensão da rotulagem nutricional pelo consumidor brasileiro, possibilitando
escolhas autônomas e conscientes pelos consumidores, sendo o mais coerente com
o papel da alimentação na saúde da população".
Para Albuquerque, é necessário dar incentivos
fiscais ao pequeno agricultor e favorecer hortas comunitárias para valorizar o
consumo de alimentos frescos e com alto teor nutritivo e taxar alimentos que
causam doenças.
"A gente tem que proporcionar escolhas
melhores para o consumidor. Ou seja, comida de verdade. Hoje, não temos
problemas na produção de alimentos. O Brasil tem alimento para todos, mas nem
sempre isso é acessível. Precisamos garantir o direito à alimentação adequada,
reforçar as práticas de educação nutricional nas escolas e comunidades e
fortalecer as macro-políticas e governança sobre o tema."
Ministério da Saúde
no Governo Bolsonaro
Um exemplo do apoio público ao setor foi um decreto assinado em abril de
2022 pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) que zerou o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) para extratos e concentrados usados na
produção de refrigerantes. A medida, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) representava um subsídio de até R$ 1,8 bilhão para a indústria de
refrigerantes em três anos (sendo R$1,6 bilhão apenas para Ambev e Coca-Cola),
segundo estimativa do governo federal em um relatório enviado ao Congresso
Nacional.
Procurada, a Coca-Cola informou que
não se manifestaria e que a reportagem deveria procurar a Associação Brasileira
das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir). A Ambev não
se manifestou.
Abir informou
por meio de nota que "o setor gera 2 milhões de empregos em toda a cadeia
e recolhe anualmente R$ 16 bilhões em impostos federais, estaduais e
municipais. Vale destacar que o setor possui, ainda, uma das cargas tributárias
mais altas da América Latina - aproximadamente 40% do preço de comercialização.
A associação ainda criticou as constantes mudanças na alíquota de impostos
aplicada à indústria de refrigerantes. Se resumiu a dizer que o consumo de
refrigerantes não tem relação direta com os níveis de obesidade no país.
"A pesquisa Vigitel do
Ministério da Saúde traz dados da frequência de consumo de refrigerante no
país. De 2007 a 2021, houve uma redução de 54,6% no consumo regular de
refrigerantes. Na contramão desse dado, a obesidade aumentou 89,8% no
Brasil", informou em nota.
"A indústria brasileira preza pela segurança jurídica. Em qualquer
lugar do mundo, os investimentos realizados por uma empresa dependem do grau de
confiança que se tem nas regras do jogo. Na Zona Franca de Manaus, por exemplo,
o setor de bebidas não alcoólicas tem sofrido há anos com mudanças em regras
pré-estabelecidas - já foram mais de onze alterações na alíquota",
informou.
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia)
informou que "a qualidade de um alimento é determinada pela sua composição
nutricional, e não pelo seu grau de processamento ou quantidade de
ingredientes. Um alimento pode ser nutritivo, sendo processado ou não. Assim
como um alimento pode ser pouco nutritivo, sendo processado ou não".
A Abia diz que considera "altamente temeroso associar mortes ao
consumo de alimentos. É imperativo que se faça a diferenciação entre correlação
e causalidade, sob pena de acarretar interpretações incorretas. Ao mesmo tempo,
a classificação NOVA é extremamente controversa e enfrenta duras críticas na
comunidade acadêmica e científica, nacional e internacional".
Para a associação, é "equivocada a classificação de alimentos com
base em seu nível de processamento, quantidade de ingredientes ou utilização de
aditivos alimentares avaliados e aprovados por comitê científico internacional
(FAO/OMS) e pela agência reguladora brasileira (Anvisa)".
E informou que uma pesquisa feita por 150 especialistas franceses em
alimentação e nutrição avaliou a funcionalidade da nova classificação e indica
que "a definição dos níveis de processamento de alimentos, conforme
proposto pela classificação NOVA, é complexa e multidimensional. Não reflete
realmente a intensidade dos processos utilizados, mas é um misto de considerações
tecnológicas baseadas mais em aspectos socioculturais do que em aspectos
físico-químicos que ocorrem durante o processamento de alimentos".
Procuradas, a Associação Brasileira da Indústria e Comércio de
Ingredientes e Aditivos para Alimentos (Abiam), Associação dos Fabricantes de
Refrigerantes do Brasil (Afrebras) e Associaçao Brasileira de Bebidas (Abrabe)
não comentaram o assunto até a publicação desta reportagem.
Procurado pela reportagem, a assessoria de imprensa do ministério da
Economia da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro se resumiu a afirmar que a
medida não era mais válida por conta da decisão da Suprema Corte. Procurada, a
atual gestão não informou se pretende reduzir os impostos das bebidas
açucaradas novamente.
O principal argumento do STF para derrubar o decreto de Bolsonaro foi o
de que o incentivo fiscal prejudicaria a Zona Franca de Manaus, um dos
principais polos de fábrica do país (inclusive de refrigerantes). Isso
ocorreria porque a região, que oferece benefícios fiscais para atrair empresas,
deixaria ser competitiva em relação ao restante do país, o que poderia causar
uma debandada de empresas e demissões em massa.
Os ultra-processados, segundo o Guia Alimentar para a População
Brasileira, elaborados pelo ministério, são alimentos industrializados feitos
majoritariamente ou integralmente de substâncias como óleos, açúcar e gorduras,
derivados de constituintes como amido modificado ou sintetizados em laboratório
com base de matérias orgânicas como petróleo e carvão. Alguns desses exemplos
são os corantes, conservantes e aromatizantes.
Os ultra-processados são geralmente encontrados em embalagens e vendidos
para o consumo ou preparo rápido, como biscoitos recheados, salgadinhos,
salsichas e macarrão instantâneo. São alimentos considerados com sabor
agradável e realçados, mas pobres em nutrientes.
"Esse tipo de alimento é rico em calorias, gordura, sal, açúcar. O
Brasil se comprometeu com a Organização Pan-Americana da Saúde a reduzir o
consumo de refrigerantes para frear o aumento da obesidade, e aumentar o
consumo de frutas, legumes e verduras na população adulta", diz
Albuquerque.
O Ministério da Saúde, na gestão Jair Bolsonaro, informou à BBC News
Brasil que incentiva práticas alimentares saudáveis por meio do Guia Alimentar
para a População Brasileira, de maneira individual e coletiva. A pasta disse
ainda que subsidia políticas, programas e ações que visem incentivar, apoiar,
proteger e promover a saúde e a segurança alimentar e nutricional da população.
"O guia apresenta como regra de ouro: prefira sempre
alimentos in natura ou minimamente processados e preparações
culinárias a alimentos ultra-processados. A adoção da classificação dos
alimentos segundo nível de processamento foi considerada como mais adequada
frente aos desafios de promoção de uma alimentação adequada e saudável,
considerando princípios da sustentabilidade, sendo reconhecida como inovadora
nacional e internacionalmente", informou a pasta em nota.
As quatro categorias são definidas de acordo com o processamento
empregado na sua produção: in natura ou minimamente
processados, ingredientes culinários, alimentos processados e alimentos ultra-processados.
O Ministério disse que dissemina, por meio de estratégias de comunicação
e treinamento de profissionais da educação e da saúde a divulgação do Guia
Alimentar, principalmente para combater a obesidade infantil e suas
consequências. A intenção é educar a população para o consumo de alimentos
saudáveis e prática regular de esportes.
A pasta da Saúde no governo Bolsonaro foi novamente procurada, mas não
comentou o caso até a publicação desta reportagem.
Redução dos ultra-processados em
Portugal
Em Portugal, um estudo da Nova School of Business and Economics apontou
que as vendas de refrigerantes no país caíram 12,5% em 2022 em relação a 2017.
De acordo com o jornal português Sapo, isso ocorreu após a aprovação de uma lei
que elevou a taxação de bebidas açucaradas, como o refrigerante.
De acordo com a publicação, as exportações ou as grandes empresas não
foram afetadas pela medida, e os mais prejudicados foram os pequenos
produtores.
*Felipe
Souza - @felipe_dess
Edição: blog Mangue do Cachoeira
Publicado
na BBC: 3 março 2023
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63881335