Sua estratégia é de abandonar investimentos e manutenção, gradativamente a Eletrobrás, empresa chave para a economia brasileira, será depreciada até o momento em que se transforme em uma nova Americanas
Eletrobrás, Cemig e Copel
nas mãos do grupo 3G de Jorge
P. Lemann
Dessa
loucura não passarão imunes a indústria automobilísticas, a de máquinas e
equipamentos, a indústria têxtil, as grandes redes nacionais
por
Luis Nassif* no jornalggn@gmail.com – Sociedade e Grupos Econômicos Brasileiros
Inescrupulosos
Provavelmente é mais um balão de ensaio, a ideia de que o governo abriria mão da reestatização da Eletrobrás, em troca de um adiantamento na conta que permite redução de tarifas.
Essa cortina de fumaça é para ocultar o mais grave
golpe contra a economia brasileira, mais grave que o golpe nas vendas das refinarias.
Está a caminho uma jogada audaciosa para agregar à Eletrobras, a Cemig e a
Copel. Seria um poder absoluto na geração e na transmissão nas mãos de um dos
grupos econômicos mais inescrupulosos do país.
Tarifas
são apenas um dos subprodutos do golpe da privatização. O primeiro problema
sério é o grau de concentração que ficará nas mãos do grupo Jorge Paulo Lemann.
O caso
Americanas, e o estudo do caso Ambev, revelou de forma clara os princípios que
regem o modelo Lemann – copiados de Jack Welch o executivo responsável pelo
desmonte da mais simbólica multinacional americana, a General Eletric.
A lógica
do crescimento saudável de uma empresa é o investimento permanente em inovação,
melhoria dos recursos humanos e fortalecimento da rede de fornecedores.
Há dois
valores de uma empresa de capital aberto: o valor intrínseco e o valor de
mercado. O valor intrínseco leva em conta a perpetuidade da empresa, as
estimativas de crescimento do faturamento e do lucro, os novos investimentos,
os avanços em inovação.
Já o
valor de mercado considera especificamente sua capacidade de gerar dividendos
no curto prazo.
Qual é o
estilo Welch, que soterrou a GE, comprometeu o próprio capitalismo americano e,
imitado por Lemann, soterrou as Americanas? É o saque continuado sobre a
empresa. Se não investe em inovação, em manutenção, está comprometendo seu
futuro em favor de um aumento imediato dos dividendos. Ou seja, perdem os
fornecedores, os empregados, o país, em favor unicamente dos rentistas.
O caso é
muito mais grave quando se analisa o valor estratégico dessas empresas –
Eletrobras, Copel e Cemig – para a economia brasileira e para o próprio setor
elétrico.
O modelo
elétrico brasileiro é constituído da energia contratada (contratos de longo
prazo com as distribuidoras) e o mercado livre, no qual grandes empresas
negociam com comercializadores de energia.
A energia
contratada, fornecida pelas distribuidoras, é para os pequenos consumidores e
para as residências. O mercado livre é para as comercializadoras e para as
grandes empresas. A privatização jogará a energia contratada ao mar,
penalizando pequenos produtores e residências. Há uma cegueira generalizada das
grandes empresas, que acreditam que, com o mercado livre, se livrarão desse
peso.
O mercado
livre é instável. Uma seca, ou excesso de chuvas, pode alterar radicalmente as
cotações. O que garante o equilíbrio do setor é a geração das grandes estatais
e dos reservatórios de sua propriedade. O que acontecerá na primeira crise
hídrica, com todo esse potencial nas mãos do maior especulador da história
moderna do país?
Bastará
segurar a vazão dos reservatórios, ou reduzir a oferta de energia, para
manipular o mercado à vontade.
Mais que
isso. Como sua estratégia é de abandonar investimentos
e manutenção, gradativamente a Eletrobras, empresa chave para a economia
brasileira, será depreciada até o momento em que se transforme em uma nova
Americanas.
Parem com
isso! Dessa loucura não passarão imunes a indústria automobilísticas, a de
máquinas e equipamentos, a indústria têxtil, as grandes redes nacionais. É
ilusão. Basta analisar o tratamento da 3G aos fornecedores das Americanas e da
Ambev para se ter uma ideia do seu senso de responsabilidade.
*Luis Nassif
Publicado no GGN: 6 de julho de 2023
Fonte: https://jornalggn.com.br/coluna-economica/eletrobras-cemig-e-copel-nas-maos-da-3g-por-luis-nassif/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O comentário será analisado para eventual publicação no blog