Por Tereza Cruvinel para site jornal 247 - Sociedade e Fermentação Política (fonte no final)
Esta ventania política de 2015 começou em 2005, sofisticou-se em 2013, com a
fermentação das ruas (e fortes sinais de indução interna da mídia e externa, no patrocínio a grupos radicais) e
chegou a seu paroxismo com a reeleição da atual presidente. Por ser mais que uma
simples crise política, não há hipótese de que termine em curto prazo. O
que está em curso é uma guerra pela hegemonia e isso significa não
apenas trocar um governo por outro (como no caso do impeachment de
Collor). O que se busca é salgar a terra e indispor corações e mentes
contra as forças políticas que conquistaram a hegemonia a partir de
2003.
Com a eleição e a posse de Lula, teve início não apenas a presença ativa do partido dos trabalhadores na política mas a prevalência, em amplos setores do estado e da sociedade civil, do discurso, das ideias e propostas da
frente de esquerda que o partido dos trabalhadores liderava (composta ainda por PC do B, PSB e
PDT). Trata-se de colocar um fim a este ciclo e para isso as forças que
lutam para restaurar o ideário conservador precisam não apenas de
tirar a presidente do Planalto – seja com impeachment, com impugnação pelo tribunal superior eleitoral
ou por qualquer meio com “aparência legal e democrática”. Elas precisam
também de destruir o “mito Lula”, liquidar com a imagem do líder
popular, para que ele não seja novamente candidato a presidente em 2018.
Para isso, basta que seja processado e fique incurso na lei da ficha limpa.
Já a deposição da presidente segue seu curso sinuoso, marcado pelas idas e
vindas do presidente da Câmara Federal, dependendo essencialmente de que ele aceite o
pedido da oposição, ainda que tal pedido careça de fundamentação
jurídica ou sem nenhuma base legal. A presidente e o presidente da Câmara, os dois podem chegar se arrastando a 2016 e essa
agonia prolongada é péssima para o país. O governo até gostaria de
“enfrentar logo” a batalha do impeachment mas isso não está no seu
controle. A hora será ditada pelo presidente da Câmara Federal.
Já o ataque a Lula vem sendo facilitado por uma combinação de fatores
e circunstâncias. Ele sabe que nem a presidente nem seu ministro da justiça, controlam a polícia federal. E o descontrole da
PF, assim como o engajamento político de setores do ministério público,
faz parte desta anormalidade democrática que estamos vivendo. As
revelações do delator Baiano – de que facilitou uma propina de R$ 2
milhões que seria destinada a uma nora do ex-presidente - vêm sendo
contestadas pelo pecuarista Bumlai mas o fato é que Baiano puxou Lula
para a Lava-Jato, onde já era acusado fazer lobby pela empreiteira
Odebrecht – contra seu discurso de que ajudou, antes e durante sua
presidência, todas as empresas brasileiras na busca de oportunidades
internacionais.
A operação zelotes, curiosamente, só agora começou a fazer prisões e
buscas e apreensões. Só agora, depois da identificação de um depósito
para a empresa do filho de Lula, feito pela consultoria Marcondes e
Mautoni, suspeita de ter ajudado a Anfavea a conseguir a reedição de uma
MP que concedida incentivos fiscais às montadoras que se estabelecessem
em estados do Norte, Nordestes e Centro-Oeste. O filho de Lula alega
que prestou serviços de marketing esportivo. Antes do surgimento do nome
dele nas investigações, os procuradores e delegados da zelotes
reclamavam de que todos os seus pedidos de prisão ou de busca e
apreensão eram negados pelos juízes.
A hora também chegou.
Nesta guerra pela hegemonia, a destruição tem que ser completa, por
isso a crise não acabará tão cedo. Antigamente isso se resolvia com uma
quartelada, como a ditadura em 1964. Na democracia e nos tempos correntes é mais
complicado e demorado. E são muitas as forças envolvidas como os fortes sinais de indução interna da mídia, e externa, no patrocínio a grupos radicais, inclusive as
forças econômicas internacionais que estão claramente envolvidas neste episódio.
http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/202466/O-cerco-a-Lula-e-a-guerra-pela-hegemonia.htm
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