Então há
possibilidade de se chegar a instâncias superiores que participavam do jogo –
dos desembargadores do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), o
Ministro Felix Fischer, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e algum Ministro
do Supremo Tribunal Federal, em articulações individuais
por Leandro Fortes
no portal GGN – Sociedade e Lutas Populares Contra a Corrupção no
Judiciário
É
bastante provável que a denúncia de Sérgio Moro, de invasão recente de seu
celular por hackers, tenha sido uma armação dele próprio.
Há cerca
de duas semanas, o repórter Marcelo Auler já tinha ouvido boatos sobre um mega
vazamento dos celulares dos membros da Lava Jato. Os boatos falavam de pânico
nas hostes da operaçao. A denúncia de Moro, dias antes da publicação do
Intercept, inclusive levantando argumentos de “segurança nacional”, pareceu muito
mais uma jogada desesperada para ligar o caso a hackers e impedir sua
publicação. Evidentemente que o autor de um vazamento ilegal da conversa de uma
presidente da República não teria como invocar argumentos contra o vazamento
atual. Por isso a lógica da “segurança nacional” não colou.
- Instâncias superiores – STF, STJ e TRF4
O
material expõe apenas o conteúdo das conversas em grupo. Chama atenção,
no entanto, um diálogo informal entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, sugerindo
que o dossiê traz também conversas entre duas pessoas.
Então há possibilidade de se
chegar a instâncias superiores que participavam do jogo – dos desembargadores
do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), o Ministro Felix Fischer, no
Superior Tribunal de Justiça (STJ) e algum Ministro do Supremo Tribunal
Federal, em articulações individuais.
Aí se
chegaria às armações para impedir o habeas corpus que tiraria Lula da
cadeia, as jogadas processuais do TRF4, garantindo a unanimidade nos
julgamentos, e até os acertos entre o ainda juiz Sérgio Moro e o grupo de
Bolsonaro.
- As delações premiadas e Sérgio Moro
Outro capítulo
cabeludo foram os acertos em torno do milionário mercado das delações
premiadas. Uma bomba seria a reconstituição das conversas sobre as tratativas
dos procuradores de buscar acordo com Tacla Duran, intermediadas pelo primeiro
amigo de Sérgio Moro, Carlos Zucolotto. Ou as conversas envolvendo o advogado
Marlus Arns, de estreitas relações com Rosângela Moro, que herdou as ações de
Beatriz Cattapreta.
- As jogadas políticas para soltar Lula
Há uma
série de episódio óbvios: a manobra para impedir que Lula fosse solto por um
HC; o vazamento do vídeo de Antonio Palocci na véspera das eleições; os acertos
entre Moro e Bolsonaro para assumir o Ministério. E há a capa da Veja,
publicada na véspera das eleições de 2014, que quase inverte o resultado.
- O contra-ataque da imprensa comercial
Nos
próximos dias, a estratégia dos aliados de Sérgio Moro – incluindo Globo e
Estadao – será insistir na apuração do autor dos vazamentos. É quase certo que
tentem incluir as investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) nas
suspeitas.
É por aí
que tentarão construir a contra-narrativa, para reduzir os impactos das
revelações do The Intercept.
De
qualquer modo, sobram duas dúvidas. A primeira, sobre como o sistema de Jutiça
irá tratar de um caso exposto tão amplamente, de manipulação de investigações.
A segunda, se Moro ainda é considerado servível pelo sistema.
Provavelmente,
o que restará dele serão as lembranças de um personagem provinciano, alçado ao
topo do mundo, mas que jamais passou de um mero instrumento de manipulação
política, que se usa, se joga fora.
https://jornalggn.com.br/analise/algumas-consideracoes-sobre-o-dossie-do-the-intercept-por-luis-nassif/
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