O
programa Future-se visa a financiar apenas pesquisas que deem lucro ao mercado,
deixando de lado áreas de interesse social e mais grave, prevê a possibilidade
de abrir os hospitais universitários para os planos de saúde, destruindo a
ideia do SUS público e gratuito para todos
por Daniel Mittelbach* no Brasil de Fato – Sociedade e Destruição da Educação Brasileira
,
A pesquisa, além de contribuir
na formação de mestres e doutores, é a ponta de lança na produção de novos
saberes. / Foto Marcos Solivan
Você
sabia que mais de 90% da ciência no Brasil é produzida pelas universidades
públicas? E do que é feita essa universidade? O ensino, a pesquisa e a extensão
são os três pilares da produção e disseminação do conhecimento científico
nessas instituições.
O ensino,
principalmente nos cursos de graduação, é o responsável pela formação acadêmica
de milhares de jovens que tiveram acesso aos bancos universitários facilitados
por diversas políticas públicas ao longo dos últimos 15 anos.
A
pesquisa, além de contribuir na formação de mestres e doutores, é a ponta
de lança na produção de novos saberes e contribui diretamente com o avanço da ciência
no Brasil. A extensão fomenta o desenvolvimento da arte e da cultura, bem como
se desdobra em ações, programas e projetos em que a universidade devolve
diretamente para a sociedade o conhecimento que produz.
Em 15 de
agosto se encerra o prazo dado pelo Ministério da Educação para a consulta
pública sobre o Programa Future-se, lançado há um mês. Sem qualquer diálogo com
as universidades e outras entidades, o MEC lançou mão de uma forte campanha
midiática para apresentar e defender o programa, como se fosse a salvação do
ensino superior brasileiro. Mas, ao se debruçar sobre a proposta, quase
todas as universidades federais já se posicionaram contra esse modelo.
Porque a
ideia do governo é terceirizar a gestão das universidades para organizações
sociais e criar um fundo de investimentos para a transferência de recursos
públicos à iniciativa privada. Além disso, o
programa visa a financiar apenas pesquisas que deem lucro ao mercado, deixando
de lado áreas de interesse social. E, mais grave, o Future-se prevê a
possibilidade de abrir os hospitais universitários para os planos de saúde,
destruindo a ideia do SUS público e gratuito para todos. É preciso que a
sociedade diga NÃO ao Future-se, pois, do contrário, esse será o fim das
universidades públicas no Brasil.
*Daniel Mittelbach, coordenador do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no
Estado do Paraná, Sinditest
Edição: Laís Melo
https://www.brasildefato.com.br/2019/08/21/a-quem-serve-o-conhecimento-produzido-no-brasil/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O comentário será analisado para eventual publicação no blog